AS FAMÍLIAS WAJURU NEGRAS DE PORTO ROLIM DE MOURA DO GUAPORÉ
DOI:
https://doi.org/10.47209/1519-6674.v31.n.1.p.208-234Palavras-chave:
Wajuru, Porto Rolim de Moura do Guaporé, contatos e conflitos, interatividade.Resumo
No interior de Rondônia, na desembocadura do Mequéns com o Guaporé localiza-se a comunidade de Porto Rolim de Moura, um povoado datado de períodos recentes e resultante de dois processos: um o deslocamento forçado de indígenas guaporeanos para as áreas delimitadas pelo Serviço de Proteção ao Índio doravante SPU), os limites dos rios Branco e Colorado convergiram também seringueiros, missionários, exploradores e, por fim colonos em busca de terra. Com a colonização não índia veio a escravidão e a morte dos indígenas, deslocados à força ou submetidos a processos de trabalhos equivalentes à escravidão. Com o projeto do Militares e do INCRA, vieram os colonos, os posseiros e os grileiros, numa disputa pelas terras, então pertencentes a quatro grupos distintos: os Wajuru, além de outros grupos, ora rivais, ora fraternos como os Jaboti uma comunidade Indígena ainda mal conhecida e pouco citada na documentação dos séculos XIX e princípio do século XX. Essas populações eram tidas como bravias e arredias e dentre elas os Wajuru eram considerados os mais perigosos, embora se gabem, até hoje, de ser também os mais hospitaleiros. O advento da borracha promoveu o contato entre índios e não índios. Com o contato vieram doenças, extermínios, câmbio de todas as formas e troca de mulheres por produtos. Houve também deslocamento forçado de índios de diversas etnias. O ex-funcionário do SPI (Serviço de Proteção ao Índio), João Rivoredo, tornou-se, em meados do século XX, o único proprietário de todos os seringais entre os rios Branco e Colorado, forçando a desarticulação das aldeias a integração opressora dos indígenas ao modelo de trabalho dos barracões. Muitos indígenas foram deslocados pelo SPI para os Postos de Atração, que funcionavam como verdadeiras prisões de aculturamento e contenção dos mesmos, ao tempo em que liberavam a terra para a entrada de seringueiros, poaieiros e, mais tarde outros tipos de colonos. Assim ocorreu a dispersão dos indígenas locais, já em meados e segunda metade do século XX. O caso que nos interessa nesse estudo é dos Wajuru, que tiveram uma parcela expressiva de sua população enviada forçadamente para o campo Ricardo Franco, hoje Terra Indígena (TI) Guaporé e uma outa parcela reduzida do grupo que permaneceu mais dispersa e desaldeada até ficar-se em Porto Rolim de Mora do Guaporé, onde hoje vivem em uma área reduzida e autodeclarada como Terra das Populações Tradicionais. Nela estão representantes das etnias Wajuru, Sakirabiar, Guarassuyê, colonos e como não poderia deixar de ocorrer, grileiros, colonos, latifundiários e ricos políticos que fizeram fortuna expandindo seus lotes do Incra e tornando-se políticos oligarcas locais. Em Porto Rolim encontra-se a cacica Valda Ibañez e sua família constituída por índios negros, que são o alvo desse estudo. Nossa proposta é entender alguns importantes aspectos da formação do Guaporé como área indígena de transição e de grande importância para os povos Tupi e Txapacura, das histórias do contato, da formação da comunidade de Porto Rolim e de sua vida atual em meio a não índios, quando tentam resgatar raízes, espaços e cultura e respeito. Todo o trabalho seguira pela via das narrtativas e entrevistas concedidas pela cacica Val Wajuru e sua família. O texto produzido será breve, pois o objetivo e apresentar fotos e outros documentos que se encontram com a cacica Valda e sua família. Mas seria impossível passar por uma leitura dos Wajuru, sem estudar desde Caspar (1953), Maldi (1991), Miller (2006),Soares Pinto (2009), além de outros autores, estruturais sobre a questão indígena e a sociedade guaporeana, tais como: Nordenskiöld (1912 e 1922), Levi Strauss(1948). Como resultado final de nosso trabalho, teremos uma interessante coletânea de fotos dos diversos grupos Wajuru e, pela primeira vez uma publicação do grupo negro que integra a etnia.Downloads
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