CULTURA NUMA ENCRUZILHADA: DISCUSSÕES SOBRE O CONCEITO DE CULTURA NA HISTÓRIA
Palavras-chave:
Cultura, História, Metodologia.Resumo
O advento da História Cultural e suas implicações para a metodologia e para a teoria da História tornaram fundamental a necessidade de conceituação, ou ao menos, a tentativa de tornar um pouco mais evidente o que a palavra Cultura pode representar para a História.
Apesar de o pano de fundo desta proposta de mesa redonda ser a História Cultural e suas importantes discussões tais como a da própria palavra “representação”, não nos ateremos em comentar sobre a História Cultural, mas sim, traçar em linhas gerais, alguns conceitos possíveis para a palavra Cultura os quais poderão servir de direção para o historiador (ou aprendiz) quando estiver a exercer a tarefa legada por Clio.
Tarefa que, segundo Eric Hobsbawm, pode vir a ser transformada em “matéria-prima para as ideologias nacionais ou étnicas”. Há, portanto, que se tomar cuidado com o fazer histórico, sobretudo quando se “escolhe” esta ou aquela determinada “cultura” como objeto de estudo e pesquisa.
O que significa cultura? O que podemos entender com esta Palavra?
Cultura pode ser entendida como sinônimo de Educação (aquela pessoa tem muita cultura, foi muito bem educada). Pode relacionar-se ao conhecimento, ao saber (ele é muito culto). Pode referir-se às artes de um modo geral: pintura, teatro, música (essas são as manifestações culturais desse povo). Pode definir um cultivo, uma lavoura (minha cultura é a soja). Aliás, é da Agricultura que nasce o termo Cultura, cujo significado mais próximo diz respeito a tudo aquilo que não é natural, que não é encontrado na natureza. Tudo aquilo que é produzido pelo homem, para o homem pode ser considerado Cultura.
De fato é difícil atribuir um significado à palavra Cultura, sem associá-lo a um campo (na acepção de Pierre Bourdie), ou mesmo a uma área do conhecimento e suas interdependências (Norbert Elias).
Tanto mais difícil o é atribuir a cultura de um povo pois, mesmo a cultura (na concepção dos fazeres humanos) não são engessados, não ficam parados no tempo, estão em constante movimento, são reinventados todo o tempo, como nos lembra Hobsbawm em “A Invenção das Tradições”. Ou mesmo os processos de resistências, de individualidades de personificação tais como os sugeridos por Michel de Certeau.
Assim, diante da complexidade de um simples termo tal como parece ser o da Cultura, se faz necessário a todo historiador quando da escrita de sua pesquisa, de seu estudo, de antemão tornar evidente o que está a entender, ao menos naquele determinado e sempre limitado trabalho, por este ou aquele termo. Se o termo for Cultura, redobrar a atenção, e estabelecer desde cedo qual a direção seguir já que a Cultura parece estar numa encruzilhada de significados e sentidos.
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