A arquitetônica na obra Diário Íntimo, de Lima Barreto:

manifestações de língua e linguagem

Resumo

Diversas são as perspectivas, no campo da linguagem, que versam sobre vida e obra do pré-modernista Lima Barreto. Nelas, algo parece ser consenso: para o escritor, o papel foi um espelho – não só refletia a si e os seus personagens, mas também refratava a realidade. A pesquisa empreendida neste trabalho, de cunho qualitativo, e pautado nos pressupostos teórico-metodológicos do Círculo de Bakhtin e nos princípios teórico-metodológicos que a ele se coaduna, pretendeu demonstrar, a partir da obra Diário Íntimo (1953), que Lima Barreto não utilizou a ficção ou o discurso autobiográfico apenas para se confessar, ou fazer notas íntimas, pois essas foram leituras promovidas para relegar o autor unicamente a este papel no cenário literário. Articula-se neste trabalho, entre outras questões, a noção de arquitetônica, entendida como uma “construção” ou aura axiológica que compõe o objeto estético; e que foi possível dissertá-la com base na concepção de autor-criador e autor-personagem enquanto ato ético, estético e responsivo. Compreendo, por fim, que o discurso ficcional e/ou autobiográfico empreendido na obra analisada, criador e personagem tornam-se concorrentes, assim, Lima Barreto não só vislumbrava em si seus personagens, mas o oposto, no discurso literário, também ocorria.