"Por falar em crioulo, ela a havia forçado ao silêncio”

a colonização da linguagem em O coração que chora e que ri, (2022) de Maryse Condé

Authors

DOI:

https://doi.org/10.47209/2594-4916.v.11.n.2.p.385-400

Abstract

Nascida em Guadalupe, um departamento ultramarino francês localizado no Caribe, Maryse Condé é conhecida e reconhecida pela vastidão de suas produções, sendo considerada uma das principais vozes franco-caribenhas em uma perspectiva global. Autora premiada, uma de suas obras que receberam honrarias foi a Lhe Cœur à rire et à pleurer (1999), recentemente traduzida ao português como O coração que chora e que ri: contos verdadeiros da minha infância (2022). Nessa obra, cujo subtítulo da edição brasileira explicita seu caráter autobiográfico, diversos aspectos da vivência de Maryse Condé enquanto criança negra caribenha de boas condições econômicas até tornar-se adolescente e jovem adulta são explorados. Nosso objetivo, no entanto, centra-se na reflexão acerca da presente negação da língua crioula e privilégio da língua francesa fomentados pelos pais da autora na sua educação fruto da colonialidade da linguagem. Concluímos que, no discurso de Condé nessa obra, sendo a raça um marcador inegociável por não haver possibilidade de abandoná-lo completamente haja vista sua marcação no corpo, os pais da escritora, tendo boas condições financeiras, optaram por centrarem-se na questão da classe e na promoção de valores burgueses dentre os quais a língua francesa se torna um imperativo.

Author Biographies

  • Danielly Cristina Pereira Vieira, UFPE

    Doutora em Letras na área de Estudos Literários pela Universidade Federal de Pernambuco. É mestra em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco, graduada em Licenciatura em Letras com dupla habilitação em Português e Espanhol na Universidade Federal Rural de Pernambuco, além de ter sido bolsista CAPES durante período no exterior para graduação sanduíche em Licenciatura em Português na Universidade de Coimbra. Analista e crítica literária, seu principal interesse de estudo é a literatura escrita por mulheres nas perspectivas da crítica literária feminista, sociocrítica e mitocrítica. Integra os grupos de pesquisa Crítica feminista e Autoria feminina: cultura, memória e identidade (UFGD) e Estudos da Personagem (PUC GOIÁS).

  • Rafael Macário de Lima, UFPE

    Doutorando em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE/ PPGL. É Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 2018- 2020. Graduado em Língua Portuguesa e suas Literaturas pela Universidade de Pernambuco (UPE) 2013 - 2017. Membro do Grupo de Pesquisas registrado no CNPQ "Derivações e Representações Interartísticas das Vozes do Atlântico", na linha de Estudos em Literatura, Memória e Imaginário, sob a orientação do Prof. Dr. Fábio Calvalcante de Andrade. Professor de Língua Portuguesa e Literatura da Rede Estadual de Pernambuco. Dedica-se ao estudo das obras da escritora Anaïs Nin e a sua relação com o erotismo. Atualmente no Doutorando desenvolvendo uma pesquisa acerca do herói libertino como marco da modernidade, por meio das obras do Marquês de Sade e de Anaïs Nin.

Published

29/12/2024