A tessitura emparedada de Cruz e Sousa

Authors

  • Adailton Almeida Barros UNIR

DOI:

https://doi.org/10.47209/2594-4916.v.12.n.1.p.117-137

Abstract

Este artigo tem como foco estudar o poema em prosa “Emparedado” de Cruz e Sousa, poeta de singularidade ímpar na lírica brasileira. Cruz e Sousa (1861-1898) foi, sem dúvida, fundante para a lírica moderna brasileira. O poeta inovou seu processo criativo, ainda preso aos moldes parnasianos, para uma poesia, ainda que acanhada, a uma estrutura mais livre, abusada em sugestões sensoriais, sobretudo por meio das aliterações e sinestesias que conferem sonoridade e sentidos ampliados aos seus textos. Fanon (2008) em seu livro Os condenados da terra diz que, quando o homem negro decide produzir obra de cultura, cumpre manifestar uma cultura negra. Nesse sentido, o poema será analisado considerando a sua composição emparedada e o diálogo com o pensamento do psiquiatra e filósofo martinicano Frantz Fanon (2008), com relação à representação do homem negro artista ou intelectual. Neste estudo, para além de Fanon no que concerne a questão do negro se faz importante, também, Bhabha (1998) e Spivak (2010), bem como os estudos dos símbolos de Chevalier e Gheerbrant (1982). Também destacamos a importância dos estudos de Adorno (2003), Bastide (1973), Blanchot (1987), Culler (2000), Eagleton (2006), Junkes (2008), Martins (2007), Moisés (1982), Muricy (1973), Paz (1982) e Soares (1988) em nossa fundamentação teórica e analítica.

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Published

30/06/2025