Redemoinhos que persistem (e devastam):
o silenciamento feminino em Telhado quebrado com gente morando dentro, de Jarid Arraes
DOI:
https://doi.org/10.47209/2594-4916.v.12.n.1.p.8-21Resumo
Jarid Arraes é uma escritora cada vez mais expoente no cenário da literatura brasileira contemporânea tanto por suas várias publicações em gêneros literários distintos, a exemplo de contos, romances e cordéis, quanto pelos prêmios já recebidos e pelas participações cada vez mais constantes em feiras literárias nacionais. Dessa forma, este artigo toma como corpus o conto Telhado quebrado com gente morando dentro – incluído na antologia intitulada Redemoinho em dia quente – narrativa em que se narra a vivência de protagonistas irmãs que enfrentam alguns redemoinhos, aqui tomados como metáfora para sinalizar problemáticas de ordens diversas ao longo do texto. Assim, objetiva-se analisar justamente as relações imbrincadas entre as personagens, a fim de averiguar como a questão do silêncio se impõe na vida das meninas e, ainda, quais as implicações dele face ao convívio de ambas. Para a análise, autores como Benatti e Adorno (2022), Le Breton (1997) e Solnit (2017) foram relevantes para a discussão não apenas sobre o conto aqui em debate como também sobre a questão do silenciamento feminino. Portanto, mediante análises construídas, foi possível perceber que o silêncio se apresentou como elemento constante entre as personagens, gerando afastamentos bastante expressivos e sendo responsável por inverter relações de afeto positivas, num primeiro plano, em afetos negativos, num segundo momento.
Referências
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