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A necessária decolonização de mentes para o bem viver
The necessary decolonization of minds for good living
La necesidad de descolonizar las mentes para el vivir bien
Revista Presença Geográfica, vol.. 07, núm. Esp.02, 2020
Fundação Universidade Federal de Rondônia

Artigos

Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 07, núm. Esp.02, 2020

Recepção: 10 Julho 2020

Aprovação: 11 Setembro 2020

Resumo: A Natureza que nos proporciona a vida e o bem-estar, esteve em segundo plano na vida do homem/mulher que ao desejar qualidade de vida, visou, durante décadas, seguir os caminhos impostos pelos países considerados desenvolvidos. Neste artigo, resultante de pesquisa bibliográfica, com o objetivo principal de analisar as propostas atuais que se exibem na academia sobre o Desenvolvimento e o Bem Viver, procura-se discutir a definição desenvolvimento, com auxílio de teóricos das ciências sociais, verificando as diferenças trazidas por esse termo entre os chamados países centrais (desenvolvidos) e periféricos (não desenvolvidos) para então analisar a possibilidade do Bem Viver e a necessária decolonização de mentes para a desconstrução de conceitos e fazeres que lembram a colonização europeia na América Latina e, a partir daí, sugerir caminhos a um novo conceito de vida.

Palavras-chave: Desenvolvimento, Natureza, Conceito de Vida.

Abstract: The Nature that provides us with life and well-being, was in second plan in life of the man / woman who, while desiring quality of life, aimed, for decades, to follow the paths imposed by the countries considered developed. In this article, resulting from bibliographic research, with the main objective of analyzing the current proposals that are displayed in the academy on Development and Well Being, we seek to discuss the definition of development, with the help of social sciences theorists, verifying the differences brought by this term between the so-called central (developed) and peripheral (non-developed) countries to then analyze the possibility of Well Living and the necessary decolonization of minds for the deconstruction of concepts and actions that resemble European colonization in Latin America and, from then on hence, suggesting ways to a new concept of life.

Keywords: Development, Nature, Life Concept.

Resumen: La Naturaleza que nos proporciona vida y bienestar, fue en segundo plano en vida del hombre/mujer que, aunque deseaba calidad de vida, tenía como objetivo, durante décadas, seguir los caminos impuestos por los países considerados desarrollados. En este artículo, fruto de la investigación bibliográfica, con el objetivo principal de analizar las propuestas actuales que se muestran en la academia de Desarrollo y B, buscamos discutir la definición de desarrollo, con la ayuda de teóricos de las ciencias sociales, verificando las diferencias que plantea este término entre los países llamados centrales (desarrollados) y periféricos (no desarrollados) para luego analizar la posibilidad de una vida bien viva y la necesaria descolonización de las mentes para la deconstrucción de conceptos y acciones que se asemejan a la colonización europea en América Latina y, a partir de entonces, sugiriendo formas de un nuevo concepto de vida.

Palabras clave: Desarrollo, Naturaleza, Concepto de vida.

INTRODUÇÃO

Com todos os reveses e os desgastes da vida cotidiana contemporânea, a ideia de Bem Viver tem ocupado estudiosos de países andinos e amazônicos como um olhar de esperança ao futuro num mundo global e capitalista. Embora, para muitos, o futuro esteja ligado ao desenvolvimento, a ideia do Bem Viver tenta quebrar esse paradigma e observa que o conceito de desenvolvimento está sempre ligado a ditames que conservam sentidos colonizadores e, para contrapor, trazem propostas revolucionárias visando o futuro com respeito a natureza e ao homem/mulher e, por isso, ganham força política e tem ocupado as ciências sociais.

Com discursos variados sobre preservação e desenvolvimento, a discussão prevalece em questões que conciliem a economia com esse propagado tema. No entanto, gerar um desenvolvimento economicamente sustentável exige focar essas questões de maneira a bem pensar quatro pontos importantes que são requisitos para o Bem Viver: natureza, respeito, diversidade e inclusão. Em outras palavras, pode-se dizer que para pensar e discutir o desenvolvimento de forma sustentável, não basta preocupar-se com a economia, importa em fazer mudanças radicais nas ideias que hoje são aceitas sobre esse desenvolvimento e promover simultaneamente uma discussão que vá além do econômico.

Seguindo essa linha de pensamento, tem-se observado uma renovação da crítica ao desenvolvimento, onde um dos componentes provém, justamente, das preocupações ambientais, mas se focam no ser humano e no seu bem viver. Essas reflexões procuram ir às raízes culturais das concepções de desenvolvimento, e uma vez ali, entende que as alternativas podem e devem observar todos como iguais, humanos e, portanto, integrantes de povos e comunidades precisadas e merecedoras do bem viver.

Neste estudo, resultante de pesquisa bibliográfica, procura-se discutir o termo desenvolvimento, juntamente com seus hiatos,verificando as diferenças trazidas por eles entre países centrais e periféricos para então analisar a possibilidade do Bem Viver com a desconstrução de conceitos e fazeres que lembram a colonização europeia na América Latina.

O estudo de teóricos de diversas correntes, com leitura de autores variados, com um olhar profundo aos autores do Sul global e uma retomada da teoria Pós-Colonial, procurou-se trazer a este estudo a análise do termo desenvolvimento para o bem viver e uma a crítica argumentada aos sentidos colonizadores (eurocêntrico e estadunidenses) teimosos e negligentes presentes em discursos sobre esse tema.

Desenvolvimento, neste estudo, é visto como uma abordagem de cima para baixo, etnocêntrica e tecnocrática que trata as pessoas e culturas como conceitos abstratos, estatísticas que podem ser movimentadas para cima e a para baixo em gráficos de progresso (ESCOBAR, 1995).

Sentido colonizador é compreendido, aqui, como sentidos presentes nos discursos carregados da visão colonizadora, ou seja, interesses e ideias que vêm atender a países (ou regiões) chamados desenvolvidos (os centros – Estados Unidos e Europa). Ideias que nem sempre são válidas para países (ou regiões) em desenvolvimento (as periferias), mas que prontamente são acatadas, beneficiando apenas alguns grupos, trazendo transformações ambientais e culturais questionáveis.

Bem viver é compreendido aqui como uma oportunidade para construir outras visões de mundo com sociedades sustentadas sob uma convivência harmoniosa entre os seres humanos consigo mesmos e com a natureza, a partir do reconhecimento dos diversos valores culturais existentes no planeta. Ou seja, trata-se de bem conviver em comunidade e na natureza (ACOSTA, A.; MARTÍNEZ, E; 2009).

Desenvolvimento: um conceito colonialista?

Embora as ideias contemporâneas sobre o desenvolvimento tenham sido formalizadas na década de 1940, o conceito desenvolvimento só adquiriu validação científica após a Segunda Guerra Mundial (Amaro; 2003).Desenvolvimento, geralmente, se apresenta como avanços na linearidade do progresso. No entanto, esse desenvolvimento é definido também em relação ao reverso da medalha, o subdesenvolvimento; a primeira situação se observaria nos países industrializados, cujos regimes de governo e seus padrões culturais devem se converter no exemplo a ser seguido pelos países do Sul (Sachs, 1992, e Rist, 2002).

Por estar sempre focado no conceito de desenvolvimento forjado em países ditos desenvolvidos, países vistos como centrais (Europa, Estados Unidos) versus subdesenvolvidos, países periféricos (ex-colônias), esse conceito está sempre a serviço dos governos tidos como imperiais (Estados Unidos e Europa) que observam sua eficiência pelo sucesso que a colônia (países periféricos) tem em adquirir conhecimentos específicos à resolução de seus problemas.

O sucesso desses países periféricos e colonizados passam a depender, inevitavelmente, do auxílio de agências internacionais que ensinam, permitem e financiam projetos que conduzem a esse suposto desenvolvimento. Projetos que visam o bem-estar de potências e não dos lugares os quais, supostamente, seriam atendidos. Reafirmam, desse modo, que o processo de colonização não se deu apenas durante o período imperialista europeu, mas que continua em vigência ainda hoje, com outras formas de ação, sempre com o falso pretexto do desenvolvimento.

Ademais, mesmo passado o período conhecido como imperialista, os discursos que circulam sobre desenvolvimento de países periféricos carregam a imagem de lugares atrasados, do selvagem, do mítico e exótico, da fixidez (BHABHA, 2010). O lugar que precisa se desenvolver, pois seu atraso é perigoso para os seres que o habitam e para o mundo. Uma fala repetida no século XXI, que já fazia parte do discurso de posse do Presidente norte-americano Harry S. Truman (1949), o 33º presidente dos Estados Unidos, e a verdade dele sobre a ameaça das áreas pobres do planeta sobre as áreas mais prósperas:

Mais da metade da população do mundo estão vivendo em condições que se aproximam da miséria. Sua alimentação é insuficiente. São vítimas das doenças. Sua vida econômica é primitiva e estagnada. E a sua pobreza é um empecilho e uma ameaça, não só a eles próprios, mas também as áreas mais prósperas[2]. (Discurso de posse, pronunciado em 20 de janeiro de 1949) (Tradução e grifo meus).

Ao observar o mundo do centro para as periferias e observar o discurso dos projetos que visam desenvolvimento, nota-se o não aproveitamento dos conhecimentos locais, e comprova-se o que Michel Foucault chama de conhecimento subjugado: um conjunto de conhecimentos que são desqualificados como inadequados ou insuficientemente elaborados: “[..].conhecimentos ingênuos, colocados em uma posição inferior na hierarquia dos conhecimentos, abaixo do nível exigido pela cognição e pela cientificidade” (Foucault, 1980).

Desse modo, desde o século XIX, o centro cria regras aos países vistos por eles como periféricos e subdesenvolvidos, aplicam um conjunto de políticas, instrumentos e indicadores para que esses países saiam do subdesenvolvimento e cheguem às condições impostas, ou seja, ao tão sonhado desenvolvimento, sem observar as características de cada lugar, sem respeito à cultura local ou ao ser que ocupa esses espaços.

Todos os países vistos como periféricos pelos países centrais tentam por décadas seguir as diretrizes impostas. No entanto, o que se tem observado são países que destroem seus recursos naturais, desrespeitam ancestrais com desapropriações e tomadas de decisões, conduzindo a um mascaramento do subdesenvolvimento e trazendo a miséria a milhares de pessoas. De acordo com Tortosa (2008) “o funcionamento do sistema mundial contemporâneo é ‘mau desenvolvedor’ em sua própria lógica, já que está baseado em uma ideia de “eficiência que trata de maximizar os resultados, reduzir custos e obter a acumulação incessante de capital”.

Desde a década de 60, a ideia de desenvolvimento possui uma certa heterogeneidade, com várias versões críticas sobre o termo, com algumas reivindicações no campo social e ambiental, com objetivos e meios variados, tais como desenvolvimento humano, eco desenvolvimento ou codesenvolvimento, mas, ainda assim, tais ideias seguem as diretrizes de interesse do centro e não da periferia.

Rist (2008) define Desenvolvimento como práticas que às vezes aparecem em conflito uma com outra e que requer, para a reprodução da sociedade, a transformação geral e a destruição do ambiente natural e das relações sociais. Para esse autor, o objetivo do termo é aumentar a produção de mercadorias (bens e serviços) direcionadas, pelo mecanismo da troca, para demanda efetiva. Ou seja, para o autor esta definição é fundamental para mostrar que o desenvolvimento, funciona ancorado ao mito do progresso e na concepção linear de história para o pensamento ocidental, se constitui como a “crença numa série de práticas que formam uma unidade apesar das contradições entre elas. ”

Entre as ideias de desenvolvimento, encontram-se as críticas ambientais e, desde 1980, o desenvolvimento sustentável. Em discursos variados e projetos diversos voltados aos países periféricos, o conceito Sustentabilidade adquiriu vida própria e personalidade, muitas vezes questionado e transformado em desculpas para projetos e políticas descaracterizadas e próprias dos discursos políticos irresponsáveis. Com um nítido esquecimento de que a sustentabilidade requer uma reformulação substancial do desenvolvimento. Uma reformulação que, com a descaracterização do termo e sua diversificação, incluiu ideias que ficaram em uma mera tentativa de reformas instrumentais do desenvolvimento para relançá-lo como crescimento econômico.

No Brasil e em toda a América Latina há uma grande diversidade de posições em torno do termo desenvolvimento, entre um reducionismo economicista consistente e as insistentes reivindicações de todas as outras dimensões da existência social, ou seja, há muitos interesses de poder (QUIJANO, 2000). Um desenvolvimento sustentável que foi, através de discursos diversos, atendendo interesses também diversos “se eclipsando em um horizonte cada vez mais esquivo, e seus defensores e seguidores foram enjaulados pelo desencanto” (QUIJANO, 2000).

Pesquisadores latinos, com metas diversas, apresentam distintas revisões sobre desenvolvimento e exercem um importante papel na produção de revisões críticas sobre o tema. No entanto, cada uma das propostas apresentadas produziu uma onda de revisões, mas que não conseguiram somar-se e articular-se entre si; embora tenham gerado questionamentos, perdem suas forças e o conceito convencional de desenvolvimento volta a retomar o protagonismo.

Prevalece, então, a mesma posição de desenvolvimento que surgiu com a colonização e insiste em se replicar. Posições críticas que se acumularam sobretudo na década de 1970, com a dependência da ideia de desenvolvimento ligada aos grandes projetos financiados pelo Banco Mundial e que se acentuou sob as reformas de mercado de inspiração neoliberal das décadas de 1980 e 1990. Ressaltando a falácia de um novo desenvolvimento e reafirmando o poder colonizador e imperialista dos países centrais em detrimento do povo e da cultura dos países periféricos.

Com o olhar do colonizador, que vê lugares e não pessoas, o desenvolvimento segue sua trajetória como um conjunto de textos que integram o discurso colonizador. Um discurso impregnado nos projetos e constantemente disseminado pelos meios de comunicação que focalizam de maneira sensacionalista pontos de vista construídos pelo centro e que trazem um desenvolvimento questionável as periferias.

Para compreender o Bem Viver

Ao pensar o Bem Viver, muitos ligam a bens materiais, poses, confortos oferecidos pela modernidade e outros. No entanto, muitos países da América Latina e povos Amazônicos vem discutindo o Bem Viver sob perspectivas filosóficas a partir dos mundos indígenas equatoriano e boliviano.

No final de 1990, o termo Bem Viver surge impulsionado por três atores importantes: movimentos sociais latino-americanos da época (particularmente o movimento indígena contra o neoliberalismo final do século XX); convergência entre os referidos movimentos e as ideologias de determinados movimentos globais (especialmente anti/alter-globalização e movimentos ambientais); e desencanto generalizado com a ideia de desenvolvimento (VANHULST; BELING 2014).

Nesse contexto, o tema do Bem Viver, expõe críticas à teoria clássica do modelo de desenvolvimento ocidental e apresenta alternativas ao desenvolvimento embasadas nas tradições indígenas, repousando seu pensamento na lógica de (con)vivência dos grupos sociais (Yampara 1995). Ao mesmo tempo, remete à teoria de decrescimento de Serge Latouche, à noção de convivência humana de Iván Illich, à ecologia profunda de Arnoldo Naes e as propostas de descolonização de Anibal Quijano, Boaventura Santos e Edgardo Lander (DÁVALOS, 2008).

Acosta afirma ainda que, Bem Viver revela os erros e as limitações das diversas teorias do chamado desenvolvimento e critica a própria ideia de desenvolvimento, transformada em uma enteléquia[3] que rege a vida de grande parte da Humanidade. O autor complementa ainda que o Bem Viver, Buen Vivir ou Vivir Bien também pode ser interpretado como sumak kawsay (kíchwa), suma qamaña (aymara) ou nhandereko (guarani), e se apresenta como uma oportunidade para construir coletivamente uma nova forma de vida. (ACOSTA, A.; MARTÍNEZ, E., 2009).

O Sumak Kawsay, em uma tradução literal, seria a vida em plenitude, a excelência, o melhor, o bonito. Mas, interpretado em termos políticos, trata-se da própria vida, uma mistura de ações e vontades políticas que significam mudanças para que não falte às pessoas o pão de cada dia, para que não existam essas desigualdades sociais de homens e mulheres. O Sumak Kawsay é o sonho, não apenas para os indígenas, mas também para todos os humanos. (Blaca Chancoso, indígena otavalenha in ACOSTA, 2009).

Tortosa (2008) afirma que o “Bem Viver é uma oportunidade para construir outra sociedade, sustentada em uma convivência cidadã, em diversidade e harmonia com a Natureza, a partir do conhecimento dos diversos povos culturais existentes no país e no mundo”.

O Bem Viver é, portanto, essencialmente, um processo proveniente da matriz comunitária de povos que vivem em harmonia com a Natureza. Supera o tradicional conceito de desenvolvimento e seus múltiplos sinônimos e introduz uma visão diversificada e complexa ao termo.Uma visão de bem viver que busca o equilíbrio entre o desenvolvimento X colonização/decolonização X economia e conduz a um novo projeto de vida que tenha o ser humano como centro, com respeito à natureza, à diversidade e à inclusão.

Caminhos Alternativos para o Desenvolvimento

Quando estudiosos do Bem Viver propõem o desenvolvimento objetivado pela harmonia Natureza e indivíduos, requerem também que esse termo esteja livre de preconceitos e seja assumido livre dos hiatos que o acompanham. Isso porque o termo desenvolvimento traz em si um peso histórico de valores coloniais condutores à divisão da sociedade e a surgimento do racismo, da homofobia e ao acúmulo do capital por grupos que visam o bem-estar de si próprios sem respeitar o meio ambiente ou a comunidade do lugar.

A característica economicista do termo desenvolvimento vem arraigado ao olhar colonizador que o criou e traz consequências nefastas em muitos níveis e ressalta as desigualdades entre países e dentro dos próprios países. Agrava situações cada vez mais sofisticadas e difíceis de pobreza e exclusão social, com crescente desemprego e/ou empregos precários, injustiças sociais e ambientais.

Com forte tendência ao uniformismo de mentes, esse olhar colonizador embutido no termo desenvolvimento carrega em si a destruição e menosprezo de culturas, inferioriza valores e identidades e traz à tona o abandono de regiões com o congestionamento da pobreza e forte exclusão social nas zonas urbanas e rurais.

São esses sentidos colonizadores, fortemente marcados nas decisões que envolvem o termo desenvolvimento, com doses de arrogância e de intolerância, que contribuem para a destruição de espaços, paisagens e lugares. Ou seja, contribui para o desaparecimento de zonas costeiras, ribeirinhas e florestas. Tais valores colonizadores, impregnados de preconceitos e sentidos de superioridade e impunidade fazem com que os projetos de desenvolvimento tragam, também, imposições políticas que submetem as democracias a decisões fortemente influenciadas pelo poder econômico e financeiro, conduzindo assim, à desvalorização do conhecimento crítico e à manipulação da sociedade da informação.

De acordo com Amaro (2017) esse conceito eurocêntrico e colonizador “mobilizou teóricos diversos, tanto de inspiração keynesianaou pró-keynesiana, como de inspiração marxista-leninista”.

E esse autor complementa que “embora com diferenças assinaláveis, há também pontos comuns entre um capitalismo desenvolvimentista e um socialismo desenvolvimentista”. Desse modo, o termo desenvolvimento, tão utilizado pelo colonizador, tornou-se um mito, uma utopia, um sonho para os países colonizados.

No entanto, com objetivo do desenvolvimentismo, diversas políticas implementadas trouxeram a frustração e a revolta de alguns dos chamados países periféricos, em face das insuficiências dos resultados do desenvolvimento e do não cumprimento dos compromissos assumidos pelos países do centro de auxílio ao desenvolvimento, conduzindo tais países a conflitos internos, e a dependência financeira dos centros. Surgindo desse modo, reivindicações de direitos e o chamamento de uma nova ordem econômica internacional (AMARO, 2003).

O mal-estar reinante nos países periféricos com grande insatisfação social e tomada de consciência dos problemas ambientais, provocados pelo modelo de desenvolvimento economicista, obcecado pelo crescimento econômico, trouxeram para a discussão e crítica os termos pós-desenvolvimento e desenvolvimento alternativo.

No entanto, segundo teóricos da área, tais formulações já vieram contaminadas com os três principais defeitos do termo desenvolvimento: ser capitalista, colonialista e patriarcal. De acordo com Esteva (2009) e Latouche (2009), só pelo fato de manterem o termo desenvolvimento, tais ideias já estariam irremediavelmente contaminadas com a hipocrisia de burocratas e instituições internacionais.

Essas supostas reformulações, segundo aqueles autores, não foram mais do que meras tentativas para salvar o conceito de desenvolvimento e para mascarar os seus efeitos perversos, procurando, embora agora com novas roupagens, perpetuar a sua influência de dominação ideológica, mas sem de fato pôr em questão o seu verdadeiro objetivo.

Sobre o tema Gustavo Esteva (2009) comenta:

Precisamos nos opor corajosamente à expectativa de vida adicional que queremos dar ao desenvolvimento com a criação de alternativas. Já sofremos as consequências de adjetivos cosméticos, que tentaram esconder o horror: desenvolvimento social integral, endógeno, centrado no homem, sustentável, humano, outro ... Não podemos esperar que a saída venha de burocratas das instituições internacionais ou de novas cruzadas de desenvolvimento alternativo, que derivam dignidade e renda à promoção do desenvolvimento[4].( tradução nossa).

Ademais, Rist (2008) afirma que envolto em adjetivações o termo desenvolvimento, continuou sendo visto como nefasto aos países que, notados como periféricos, teriam de submeter-se a ele. A crítica permaneceu, portanto, observando o termo, mesmo com a vestimenta modificada, como critério dos países do centro. Apelidos como desenvolvimento sustentável e desenvolvimento humano, mas também outros como necessidades básicas, desenvolvimento local, desenvolvimento social ou genericamente outro desenvolvimento e desenvolvimento alternativo são conceitos que foram apropriados pelos poderes hegemônicos, económicos (nomeadamente pelas empresas transnacionais) e políticos, pelas instituições internacionais que os suportam, degenerando nas suas (eventualmente) boas intenções iniciais e tornando-se apenas maquiagem ou operações cosméticas do mesmo conceito original, nas suas características essenciais de dominação capitalista, colonialista e patriarcal (AMARO, 2017). Como é o caso evidente do conceito de “desenvolvimento sustentável”. A adoção, por muitas dessas empresas, de relatórios de sustentabilidade e da chamada estratégia do triple botom-line (ou “tripé da sustentabilidade” - proit, people and planet) ilustra esse processo de apropriação

Com o olhar crítico voltado para além do termo desenvolvimento e todos os seus derivados, Rist (2008) e Sachs (1992) buscam por outras teorias e conceitos alternativos ao desenvolvimento. Ao observar a crítica e sua busca para além do termo desenvolvimento, há o reconhecimento que grande parte toma como base experiências e valores provenientes de povos e comunidades do Sul global, ou seja, a partir de Epistemologias do Sul, assentando esta base em “três orientações: aprender que existe o Sul; aprender a ir para o Sul; aprender a partir do Sul e com o Sul. (SANTOS, 2010).

Segundo esses autores críticos, um novo fazer depende de valorizar e aprender com as sociedades tradicionais do Sul, pela riqueza dos seus conhecimentos, suas tradições, seus modelos de organização social, suas vivências, pelas suas relações comunitárias e com a Natureza, das suas cosmovisões. Como escreveu Gilbert Rist:

O objetivo deve, portanto, ser recuperar a autonomia política, econômica e social para as regiões marginalizadas, libertar-se das trocas monetárias, não pedir nada ao Estado, exceto abster-se de esmagar formas de auto-organização e garantir que as decisões sejam tomadas pelas pessoas diretamente interessadas. A ideia é inventar novas formas de viver, entre a modernização que causa sofrimento e ainda oferece algumas vantagens e uma tradição que pode ser uma fonte de inspiração, mesmo sabendo que não pode ser revivida[5]. (Tradução nossa)

Através de tantos caminhos e caminhadas, teóricos e críticos vão em busca do Bem Viver. Uma proposta de desenvolvimento que esteja em oposição à lógica do capitalismo neoliberal que proponha não só o viver melhor com mais conforto, tecnologias, mercadorias que ameaçam o equilíbrio ecológico e social, mas o viver melhor com a natureza e entre humanos. Em busca dessa proposta observam os conceitos do “Sumak Kawsai” (Bolívia), Suma Qamaña (Equador) e Teko Porã (Brasil, Paraguai) que propõem repartir os bens para que todos possam viver bem.

Mais do que uma proposta, trouxeram à tona a oportunidade para pensar outras realidades na qual os seres humanos formam parte de um todo mais harmônico com a natureza e com os outros se­res humanos. Ao mesmo tempo, apontam modelo para orientar as políticas e ações do Estado. Nesses termos, o diálogo em torno do Bem Viver sugere repensar a própria definição de desenvolvimento, relativizando-o, a partir do entendimento de inter­culturalidade.

O BEM VIVER como uma Possibilidade

Como já vimos anteriormente, o Bem Viver supõe uma profunda transformação na relação da sociedade com a natureza e ao mesmo tempo exige mudanças nas relações étnicas e culturais de poder.

De acordo com Mamani (2010), em termos ideológicos, o conceito implica a reconstituição da identidade cultural de herança milenária, a recuperação de conhecimentos e saberes antigos; uma política de soberania e dignidade nacional; a abertura de novas formas de relação de vida (não individualista senão comunitária), a recuperação do direito de relação com a Mãe Terra e a substituição da acumulação ilimitada individual de capital pela recuperação integral do equilíbrio e a harmonia com a natureza.

Nos últimos anos, o Bem Viver passou a ser mencionado em várias publicações como sinônimo de vida saudável, combinado a projetos de desenvolvimento dos governos equatoriano e boliviano, associado à qualidade de vida. Neste sentido, estudiosos apontam o Bem Viver a uma natureza polissêmica, passível de diferentes concepções, como viver melhor, bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano (Lacerda e Feitosa, 2015).

A melhor forma da compreensão do termo Bem Viver, talvez, esteja ancorada na Interculturalidade e descolonização do saber. Isso porque, de acordo com Escobar (2003), o passado colonial dos países resultou do modelo hegemônico (e global) de poder “instaurado desde a conquista, que articula raça e trabalho, espaço e pessoas, de acordo com as necessidades do capital e para o benefício dos brancos europeus”.

Desse modo, acredita-se que as relações de poder e as estruturas e instituições que mantêm estas relações colonizadoras, naturalizam as assimetrias e desigualdades sociais. Necessitando, portanto, do trabalho de aprendizagem, desaprendizagem e reaprendizagem implicados e até forma, muitas formas de estar, ser, pensar, fazer, sentir, olhar, escutar, teorizar, atuar, conviver e reexistir em frente à momentos políticos contemporâneos complexos caracterizados por violências crescentes, repressão e fragmentação. (WALSH, 2013).

Alguns povos indígenas (Warekena e Xucuru do Ororubá, entre outros) apontam como indicadores do Bem Viver a solidariedade, o respeito ao próximo e a natureza, a preservação da cultura e dos saberes como sendo fatores fundamentais para sua promoção. Não esquecem, entretanto, questões como saúde, segurança e educação que, de acordo com eles, são fundamentais para manter a comunidade unida e solidária. (ALCÂNTARA E SAMPAIO, 2017).

No estudo de Alcântara e Sampaio (2017), entrevistados de várias etnias trazem o conceito de Bem Viver por meio de indicadores como: “convivência harmoniosa com a natureza e com a comunidade, respeito aos anciãos, resgate dos saberes, tradições, educação, segurança, espiritualidade, solidariedade, baseados na cosmovisão de cada etnia”.

Observando o Bem Viver através dessa lógica dos povos que o utilizam, acredita-se que ao observá-lo como uma possibilidade, ou um novo projeto de vida, tem-se de levar em conta as relações de poder e as estruturas e instituições que mantêm estas relações, naturalizam as assimetrias e desigualdades sociais. E lembrar, de modo vigoroso, o trabalho de aprendizagem, desaprendizagem e reaprendizagem indicados por Walsh (2013) e comentados acima, levando em conta a interculturalidade que despeja horizontes e abre caminhos que enfrentam o colonialismo presente e convidam a criar posturas e condições, relações e estruturas novas e distintas.

Portanto, a decolonização de mentes é necessária, pois representa uma estratégia que vai além da transformação, implica deixar de ser colonizado, apontando para uma construção e criação de um novo ser. Ou seja, desfazer-se dos elementos constitutivos e específicos do padrão mundial do poder capitalista que se funda na imposição de uma classificação racial e ética da população.

Nesse sentido, um projeto de Bem Viver clama pela resistência e construção de alternativas de ordem política e social que se relacione com condicionantes éticos e com a emancipação humana, ou seja, uma dinâmica social que tenha o homem conectado ao meio com o qual ele vive. O Bem Viver como uma possibilidade, como um projeto de vida e não como uma utopia, exige, portanto, a ruptura e a superação do conceito de desenvolvimento trazido pelo colonizador. Uma nova mentalidade que busque o equilíbrio homem-natureza, com respeito e dignidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, observou-se que o desenvolvimento, um termo criado pelos países vistos como centrais (Europa e Estados Unidos) fabricou diferenças entre países e pessoas, preservando diferenças e reafirmando preconceitos e fazeres que lembram a colonização europeia na América Latina. Ao trazer à tona a análise do termo desenvolvimento, notou-se também que esse termo traz em si barreiras ao Bem Viver e a um novo projeto de vida global que tenha por finalidade a qualidade de vida com natureza, respeito, diversidade e inclusão sem os sentidos colonizadores (eurocêntrico e estadunidenses) teimosos e negligentes presentes nos temas sociais e econômicos da atualidade.

Pensar no Bem Viver como alternativa de vida exige muito mais que a vontade escrita em projetos e planos. Exige a quebra de paradigmas dominantes construtores de projetos de financiamentos, ideias e planos que insistem em agradar a países reconhecidos como desenvolvidos e que em nada colaboram com o lugar ao qual se objetivam. Projeto e planos que insistem em comparar culturas e países, igualando mundos e homogeneizando pensamentos.

Entretanto, pensar o Bem Viver não deixa de ser uma oportunidade para construir outras visões de mundo com sociedades sustentadas sob uma convivência harmoniosa entre os seres humanos consigo mesmos e com a natureza, a partir do reconhecimento dos diversos valores culturais existentes no planeta. Ou seja, preocupar-se com o bem conviver em comunidade e na natureza.

Utilizar o termo desenvolvimento e Bem Viver portanto, nos permitiria dar uma oportunidade para construir outra sociedade, sustentada em uma convivência cidadã, em diversidade e harmonia com a Natureza, a partir do conhecimento dos diversos povos culturais existentes no país e no mundo, mas para isso, seria necessário deixar de seguir e de querer agradar países ditos desenvolvidos e olhar de maneira mais objetiva e fraterna aos homens e mulheres do lugar, desfazendo-se de preconceitos ou sentidos colonizadores que insistem em manter diferenças a fim de exaltar e contribuir com outros países e outros lugares e não com comunidades locais.

No entanto, tudo isso só será possível com a já mencionada decolonização de mentes, ou seja, tirar da alienação homens e mulheres que participam da elaboração de outras mentes colonizadas e manipuladas. Colonizados-colonizadores que por se sentirem colonizadores ou superiores aos seus iguais, carregados de sentidos coloniais, instalam em si o colonizado e trabalham para agradar o que quer lhe explorar e tirar dos seus as riquezas, as terras, os recursos naturais, sem importar os resultados.

Somente na medida em que se descubram colonizados-colonizadores, seres imperfeitos e repletos de preconceitos, cada um poderá contribuir para sua própria decolonização, conhecendo e se desfazendo dos preconceitos trazidos pelos sentidos colonizadores e destruindo o último território colonizado de um povo que é a sua própria consciência. A partir daí, libertando-se da visão colonizadora que os acompanha, pensar e repensar um mundo livre das amarras coloniais e no Bem Viver para todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Notas

[2] “More than half of the people of the world are living in conditions approaching misery. Their food is inadequate. They are victims of disease. Their economic life is primitive and stagnant. Their poverty is a handicap and a threat and to prosperous areas.”
[3] Na filosofia de Aristóteles, qualquer realidade que atingiu seu ponto de perfeição.
[4] Necesitamos oponernos con irmeza a la esperanza adicional de vida que se quiere dar al desarrollo con la creacín de alternativas. Padecimos ya las consecuencias de adjetivos cosméticos, que trataban de disimular el horror: desarrollo social, integral, endógeno, centrado en el hombre, sustentable, humano, “outro”... No podemos esperar que la salida provenga de burócratas de las instituciones internacionales ni de los nuevos cruzados del “desarrollo alternativo”, que derivan dignidad e ingresos de la promoción del desarrollo.
[5] The aim should therefore be to regain political, economic and social autonomy for the marginalized regions, to break loose from monetary exchanges, to ask nothing of the State except that it refrain from crushing forms of self-organization, and to ensure that decisions are taken by the people directly concerned. The idea is to invent new ways of living, between a modernization that causes sufering yet ofers some advantages and a tradition that may be a source of inspiration even with the knowledge that it cannot be revived (Rist, 2008).

Autor notes

[1] Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná - UFPR (2015). Mestrado em Linguística pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR (2004). Especialização em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR (1999). Especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável - UNINTER (2018). Graduação em Letras Inglês e suas Literaturas pela Universidade Federal de Rondônia (1996), Graduação em Português e Inglês pela Universidade Federal do Pará (1983), Graduação em Pedagogia - Administração Escolar pela Universidade Federal do Pará (1977). Atualmente é pesquisador da Universidade Federal de Rondônia e professora da Faculdade Interamericana de Porto Velho - UNIRON.


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