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Wayo Akanã, a festa do Jacaré: narrativa de um ritual do povo indígena Arara Karo
Wayo Akanã, la fiesta del caimán: narrativa de un ritual del pueblo indígena Arara Karo
Revista Presença Geográfica, vol. 08, núm. 02, Esp., 2021
Fundação Universidade Federal de Rondônia

Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 08, núm. 02, Esp., 2021

Recepção: 22 Fevereiro 2021

Aprovação: 17 Agosto 2021

Resumo: O Povo Arara Karo constitui uma sociedade indígena da Amazônia. São falantes da língua Tupi Ramarama e moram na Terra Indígena Igarapé Lourdes, em Ji-Paraná, Rondônia, Brasil. A Festa do Jacaré é um dos rituais mais importantes realizados por esta etnia, uma ocasião de fortalecimento dos laços tribais e de afirmação identitária e cultural. Essa premissa mobilizou o estudo monográfico desenvolvido em 2016 na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) no curso Licenciatura em Educação Básica Intercultural. O texto em tela é um recorte deste trabalho, cuja finalidade foi documentar aspectos importantes deste ritual, a festa tradicional do Jacaré na perspectiva Arara. Como investigação qualitativa adotou a pesquisa narrativa possibilitada pelos relatos de colaboradores e colaboradoras indígenas. Foi possível compreender que a Festa do Jacaré surgiu em tempos imemoriais, anterior ao contato com os não indígenas. A admiração e o respeito pelo animal possivelmente contribuiu para que este ritual passasse a fazer parte da vida do Povo Arara. Na atualidade, a Festa do Jacaré continua significando um recurso de afirmação ou marca cultural Arara nas práticas sociais e nas escolas indígenas. Um mecanismo de visibilização identitária diante de outras sociedades indígenas amazônicas. Apesar das situações-limites decorrentes do contato, concluímos que o Povo Arara produziu inéditos-viáveis e continua expressando aspectos significativos de sua re-existência traduzida em seu principal ritual cosmológico, a Wayo Akanã.

Palavras-chave: Povo Arara Karo, Festa do Jacaré, Wayo Akanã, Re-existência.

Resumen: El Pueblo Arara Karo constituye una sociedad indígena de la Amazonia. Son hablantes de la lengua Tupi Ramarama y viven en la Tierra Indígena Igarapé Lourdes, en Ji-Paraná, Rondônia, Brasil. La Fiesta del Caimán es uno de los rituales más importantes realizados por esta etnia, una ocasión de fortalecimiento de los lazos tribales y de afirmación identitaria y cultural. Esta premisa movilizó el estudio monográfico desarrollado en 2016 en la Universidad Federal de Rondônia (UNIR) en el curso Licenciatura en Educación Básica Intercultural. El texto en pantalla es un recorte de este trabajo, cuya finalidad fue documentar aspectos importantes de este ritual, la fiesta tradicional del Caimán en la perspectiva Arara. Como investigación cualitativa adoptó la investigación narrativa posibilitada por los relatos de colaboradores y colaboradoras indígenas. Fue posible comprender que la Fiesta del Caimán surgió en tiempos inmemoriales, anterior al contacto con los no indígenas. La admiración y el respeto por el animal posiblemente contribuyeron a que este ritual pasara a formar parte de la vida del Pueblo Arara. En la actualidad, la Fiesta del Caimán sigue significando un recurso de afirmación o marca cultural Arara en las prácticas sociales y en las escuelas indígenas. Un mecanismo de visibilización identitaria frente a otras sociedades indígenas amazónicas. A pesar de las situaciones-límites resultantes del contacto, concluimos que el Pueblo Arara ha producido inéditos-viables y continúa expresando aspectos significativos de su re-existencia traducida en su principal ritual cosmológico, la Wayo Akanã.

Palabras clave: Pueblo Arara Karo, Fiesta del Caimán, Wayo Akanã, Re-existencia.

INTRODUÇÃO

O estudo ora apresentado foi elaborado junto ao Povo Indígena Arara Karo, habitante da Terra Indígena Igarapé Lourdes, no município de Ji-Paraná/RO no período de junho de 2015 a setembro de 2016. As questões mobilizadoras desta pesquisa, foi: Como surgiu a festa do jacaré para o Povo Arara? Qual o significado desta festa para o povo? Estas perguntas orientaram o estudo proposto que foi documentar a festa tradicional do Jacaré na perspectiva indígena.

A etnia Arara Karo é uma sociedade indígena que se autodenomina Karo, composta por aproximadamente 400 pessoas, organizadas nas aldeias Pajgap e Iterap, localizadas na Terra Indígena Igarapé Lourdes em Ji-Paraná, estado de Rondônia. Sua língua materna pertence ao tronco linguístico Tupi Ramarama, a 2ª língua da maioria é o português.

Wayo Akana ou a Festa do Jacaré é realizada periodicamente e na época do verão, ocasião em que há uma mobilização coletiva que organiza esta atividade cultural. Considerando a importância deste ritual é que foi proposto o seguinte estudo pela primeira autora, uma pesquisadora indígena e a segunda autora que acompanha esta sociedade étnica há cerca de 15 (quinze) anos, elementos que serão levados em conta neste escrito.

Constitui um recorte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvido na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) na Licenciatura em Educação Básica Intercultural em 2016 sob orientação da segunda autora. Foi elaborado na perspectiva da educação crítica ou problematizadora (FREIRE, 1987) no âmbito da área da Educação Escolar Intercultural no Ensino Fundamental e Gestão Escolar, habilitação do curso que forma a docência dos anos iniciais da escolarização.

Embora o tema Festa do Jacaré já tenha sido discutido por outros pesquisadores e pesquisadoras em diferentes visões[1], compreendemos que é importante a sua análise e sistematização por uma intelectual indígena Arara, como um importante recurso de protagonismo e visibilidade étnica, com potencialidade para ser trabalhado em sala de aula.

Em relação à metodologia o estudo se caracterizou em uma perspectiva qualitativa, um recurso que: “Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social [...]”. (NEVES, 1996, p. 1). Dentre as técnicas adotadas foi necessário recorrer a pesquisa narrativa tendo em vista a finalidade da investigação.

Esta concepção metodológica não se limita à coleta de dados, mas assume um papel formativo para todos os participantes do estudo, uma vez que: “As pessoas vivem histórias e no contar dessas histórias se reafirmam. Modificam-se e criam novas histórias. As histórias vividas e contadas educam a nós mesmos e aos outros [...]”. (CLANDININ; CONNELLY, 2011, p. 27). Este sentimento esteve presente no decorrer do estudo pois concebemos as narrativas indígenas como relevantes fontes de conhecimento principalmente, porque os sujeitos participaram ativamente do ritual em discussão: Pajé Cícero Xia Mot Arara, Luisa Arara, José Dutra Yohwãy Arara, Maria Ora Yõ Arara, Pedro Arara e Carlão Arara. As fotografias incluídas dialogam simetricamente com o texto, não se resumindo a simples ilustração.

O trabalho está organizado nas seguintes sequências expressas nos tópicos: “Historiografia do Povo Arara Karo: vida tribal, desaldeamento e retorno à vivência comunitária”, em seguida discutiremos, “A festa do Jacaré: antecedentes históricos de um ritual Karo”, posteriormente, “A preparação e realização da Wayo Akanã ou Festa do Jacaré” e as conclusões.

Neste primeiro tópico, apresentaremos alguns elementos da História do Povo Arara Karo de Rondônia que foi elaborado a partir de narrativas dos sabedores e sabedoras da etnia[2]. Incluímos também um relato relevante de Pedro Arara registrado pela antropóloga Betty Mindlin (2016) sobre o tema. Envolve a vida do Povo em tempos imemoriais organizadas por marcadores próprios, depois discute as invasões, desaldeamentos e o trabalho escravo nos seringais, por último os esforços do retorno à vivência comunitária por volta de 1976.

Para os Arara o Povo da atualidade resultou de um evento sobrenatural oriundo de um processo de renascimento. De acordo com a narrativa do Pajé Cícero Xia Mot Arara, em tempos outros, o céu caiu sobre os ancestrais Arara e tudo escureceu. Nisso apareceram vários bichos como onça, tatu, porco, cutia, paca, pássaros, todos eles adivinharam que o céu ia cair. De repente, chegou o tal de Xa'wãt, conhecido pelos brancos[6] com o nome de Mapinguari e começou a devorar as pessoas. Depois o pajé ouviu uma voz que dizia, "Sai, sai, pega sua filha". Assim o céu caiu e já não existia mais ninguém pois o Xa'wãt já tinha comido todos, restaram apenas o pajé e sua filha para recriar o Povo Arara. Ele ficou com ela em cima de um pé de açaí. Os velhos contam que a sorte é que o pajé casou com sua própria filha e a partir daí, foi possível o reaparecimento do povo Arara em seu território tradicional onde é atualmente o município de Ji-Paraná:

Outras narrativas que ouvi desde menina contam que antes do contato com os homens brancos onde é a cidade de Ji-Paraná era tudo floresta, não tinha ninguém, eles andavam por lá, mas a maloca deles ficava no rio Prainha. Eles também contam que viviam andando à procura dos inimigos para guerrear uns com os outros, marcando seus territórios para o outro não invadir, principalmente quando morria parente ou alguém que era o líder do grupo. Eles mudavam de lugar, mas sempre voltavam para a maloca, para se reunirem de novo. [...]. (ARARA, 2016, p. 4).

Os relatos dos participantes do estudo de forma geral informam que antigamente os indígenas da etnia Arara Karo não tinham o lugar determinado para morar considerando o modo de vida nômade. Mas, se reuniam em épocas específicas em algumas antigas aldeias, como: Iyá Perot ká/Pedra Cascalhenta, Kanã Opi/Terra Vermelha, Xapîya Korokôtkã/Escrotos Leves. Neste contexto, um dos aspectos de fundamental importância na cultura era a presença do líder espiritual, o Pajé. Um diferencial Arara dentre outras etnias indígenas cujos pajés foram associados ao diabo, uma ação direta das seitas evangélicas fundamentalistas que provocaram a sua destruição no interior aldeias.

Nesta direção, Cícero de forma muito corajosa aceitou a decisão dos espíritos, a de ser a autoridade religiosa dos Arara, ser o Pajé. Este trabalho exige muitos sacrifícios, dentre outros desafios, o de enfrentar o sobrenatural através dos animais na floresta. Para os Arara ser Pajé é responder a um perfil específico: ser alguém considerado boa pessoa, honesta, justa, generosa que possa perceber e dialogar com outros seres para poder cuidar adequadamente de seu povo. Cicero se saiu tão bem em sua atuação que com o tempo ensinava o ofício de Pajé a outros escolhidos:

Manuel teve como guia seu cunhado Cícero Tiamot [...]. Tiamot ensinou Manuel a enfrentar e dialogar com as araras, macacos, papagaios, lontras, onças, todos os animais que não são apenas bichos, mas seres do além, de quem não se pode ter medo, sob pena de adoecer. Manuel, como os outros pajés, trilha o Caminho das Almas, o Narawá Nekam [...]. Conta-nos que veste a roupa das onças, o couro dos espíritos, metamorfoseia-se em onça, anda no meio delas. Quando em sua forma humana, o pajé encontra uma onça que é também pajé. Se tem medo, atira, e noutro dia descobre que não se tratava de uma onça, mas de um colega pajé, que surge na aldeia, ferido. (MINDLIN, 2016, p. 333).

Até meados do ano passado o Povo Arara contava com o trabalho de Cícero Xia Mot Arara, que nasceu na região de Ji-Paraná por volta de 1936, como já mencionado, o território tradicional de perambulação dos Karo. Era um dos historiadores desta etnia. Sabia das lutas e dos tempos difíceis vividos pelos Arara com outros povos e principalmente com os brancos. O Povo Arara vive um completo desamparo com seu falecimento decorrente de covid-19 em 20 de junho de 2020[3].

Cícero viveu nas aldeias e sofreu a dispersão provocada pelo contato com grupos não indígenas. Neste sentido, com outros mais velhos afirmou que o primeiro branco que o Povo conheceu foi um homem chamado Barros do Seringal Santa Maria. Isso aconteceu durante uma travessia do Rio Machado em que os indios formavam seus grupos para andar na mata. Contam que foi a equipe do Benedito Arara que encontrou o não indígena e voltou para a maloca para avisar os parentes daquele diferente “outro”.

Assim, a memória Arara aponta que em um determinado momento pessoas desconhecidas tomaram conta de seus territórios e organizavam estes espaços em seringais com diferentes “patrões”. Era o chamado 2º Ciclo da Borracha que para o Povo significou um dos principais marcos de reedição do sofrimento Karo, o que nos leva a interpretá-lo como uma “situação-limite”. De acordo com Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido, trata de um conjunto de ocorrências que: “[...] se apresentam aos homens [e mulheres] como se fossem determinantes históricas, esmagadoras, em face das quais não lhes cabe outra alternativa, senão adaptar-se. [...]”. (FREIRE, 1987, p. 60).

Foi nesta época que doenças desconhecidas provocaram muitas mortes nos aldeamentos. Além das enfermidades, foi neste difícil tempo com o seringalista Barros que o Povo Arara ouviu e teve que aprender pela primeira vez o duro significado da palavra “patrão”. De início não sabiam bem o que queria dizer, mas com o passar do tempo e por meio de duras experiências entenderam que significava algo muito ruim, alguém que provocava medo e terror:

Primeiro branco que teve contato com os Arara foi o velho Barros. Apareceu na aldeia, na maloca. Depois foram (os Arara) trabalhar no seringal, com o patrão. O patrão não mandava mercadoria para eles, não tinha feriado, tinha que trabalhar todo o tempo para poder pagar a mercadoria que foi comida. Mesmo assim, o patrão ficava reclamando, que se não trabalhasse mandava matar. [...]. Então, meu pai desistiu, não tinha como agüentar o patrão. (ISIDORO, 2006, p. 26).

A pesquisa narrativa possui esta especificidade, a de permitir conhecer o pensamento subalternizado e a partir daí observar os impactos da linguagem colonial por meio do termo “patrão” no mundo ameríndio amazônida. Assim, o patrão seringalista Barros era muito poderoso pois além de se apropriar dos espaços étnicos, capturava os indígenas para trabalharem por troca de roupa e comida no seringal. Os Arara se depararam de uma forma muito concreta e brutal e pela segunda vez, com um processo desenvolvimentista ancorado na extração da borracha confirmando que: “[...] todo o processo de ocupação da Amazônia tem representado uma usurpação dos territórios [...] indígenas, [...] era e é a estratégia geopolítica do confisco sumário pela força, desses territórios [...]”. (OLIVEIRA, 1990, p. 103).

Dentre outras situações, os participantes do estudo contaram que um dia o seringalista Barros e seus peões fizeram uma armadilha para poder pegá-los. Eles ficaram na passagem escondidos aguardando atravessarem o rio. Quando já estavam quase no meio os brancos começaram a atirar neles e conseguiram prender alguns que foram colocados dentro de uma canoa e levados até o barracão deles para trabalhar em regime forçado. Mas um dos indígenas tentou escapar e pulou na água, quando emergiu para respirar foi alvejado por um capanga do Barros. Não sobreviveu. Assim, a morte estava sempre por perto e “ensinava” que a desobediência aos seringalistas era resolvida com bala. Estes conflitos trouxeram muitos prejuízos e dores para os Arara no contexto do seringal:

Os Arara Karo em Rondônia, nos anos 1940, é que foram os primeiros a admitir o contato com seringalistas invasores, antes mesmo dos Gavião Ikolen. O seringalista que eles consideravam amigo e pai, pois em princípio não se davam conta das consequências da relação nascente de patronato e barracão, foi José Bezerra de Barros, dono do seringal Santa Maria. [...]. (MINDLIN, 2016, p. 324).

E, ali as famílias Arara foram obrigadas a trabalhar para estes grandes seringalistas: primeiro com o Barros do Seringal Santa Maria, depois o Firmino que se dizia proprietário do seringal da Penha e Eduardo Barroso seringalista com colocação nas proximidades do rio Riachuelo. Em algumas situações os indígenas fugiam de um seringal para outro devido às tensões existentes: "No final da década de 1950 o capataz ou seringalista Pedro Lira, no rio Urupá, seringal Tapirema, planejou matar os índios, para roubar-lhes as terras. Os Arara ouviram um boato e fugiram para o seringal da Penha e para o de Santa Maria. [...]". (MINDLIN, 2016, p. 324).

Os narradores informaram que os Arara eram muitos antes do contato, que não tinham doença, mas depois começaram a morrer com as enfermidades do “outro” como gripe, sarampo. Havia também os conflitos territoriais, brigavam, matavam os brancos e por sua vez, estes se organizavam em expedições punitivas e matavam os índios. Assim, os antigos contam que os não indígenas acabaram com os Arara matando muitos deles. Uma explicação para o declínio populacional resultante do chamado 2º Ciclo da Borracha. Os Arara em 1977 estavam reduzidos a 77 pessoas. (MOORE, 1978).

Os relatos de alguns sobreviventes afirmam que foi uma época de muita humilhação, como a da proibição de falarem na língua indígena ou de terem suas crianças arrancadas dos braços de suas mães em troca forçada de objetos: "[...] foram trocados por uma peça de roupa [...] suportaram ataques de povos hostis, [...]; foram dados, crianças, a famílias da cidade, para virar agregados semiescravos, sem acesso à própria tradição nem à instrução cidadã". (MINDLIN, 2016, p. 323). E neste contexto em que parecia não existir mais esperança, possivelmente em 1961, o Pajé Cícero contribuiu com a retomada da vida tribal do Povo Arara: “Encontrou Chiquito Arara no Seringal da Penha e o convidou para sua maloca, “[...] marcando dessa forma um importante papel no processo de realdeamento do seu Povo bem antes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) que só ocorreu em 1966”. (NEVES, 2020, p. 1-2).

Este gesto do Cícero Arara na interpretação da Pedagogia do Oprimido pode ser entendido como a elaboração de um inédito-viável, evento que ocorre em contextos de subalternização com o desvelamento das situações-limite: “[...]. No momento em que estes as percebem não mais como uma ‘fronteira entre o ser e o nada, mas como uma fronteira entre o ser e o mais ser’, se fazem cada vez mais críticos na sua ação [...]”. (FREIRE, 1987, p. 60).

Tempos depois, um padre localizou os Arara em um dos seringais e informou ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI). A esse respeito, o Cacique Pedro Agamenon informou que aos poucos os parentes foram se encontrando: "[...]. Foi uma alegria danada, para eles nós já estávamos mortos, foi uma surpresa, nem sabiam se estávamos vivos, nós também, nem sabíamos se eles já tinham se acabado [...]". (MINDLN, 2016, p. 331).

A partir dos anos 1970, o Povo Arara Karo foi reorganizando seus modos de vida no contexto comunitário. O livre exercício de falar em sua língua materna, a plantação de roças, os processos de coletas dos produtos florestais e o retorno das festas, mas a estabilidade ocorreu com a demarcação da Terra Indígena Igarapé Lourdes, parte do território tradicional da etnia que aconteceu em 1976 e homologada através do Decreto nº 88.609/1983.

A FESTA DO JACARÉ: ANTECEDENTES HISTÓRICOS DE UM RITUAL KARO

Os escritos que possibilitaram a organização deste tópico foram elaborados por meio das contribuições dos sabedores e sabedoras indígenas: Pajé Cícero Xia Mot, Arara, Luisa Arara, José Dutra, Maria Arara e Carlão Arara. Através de suas contribuições foi possível elaborar a narrativa deste ritual, respondendo as seguintes questões: como surgiu a festa do Jacaré para o Povo Arara? Qual o significado desta festa para o povo? Os relatos foram coletados em diversos diálogos orientados pelas questões problematizadoras.

A festa do Jacaré temática principal deste trabalho constitui uma prática cultural do Povo Arara. Em nosso entendimento, a cultura constitui um conjunto de elementos produzidos ao longo da convivência de um determinado povo. Neste processo há um contínuo movimento de elaboração e reelaboração de códigos próprios expressos em suas linguagens e simbologias:

[...] A cultura de um povo é nada mais nada menos que o conjunto das respostas que aquele povo dá às experiências pelas quais ele passa e aos desafios que ele sofre. A língua, bem como a cultura, vão sendo moldadas ao longo do tempo. Qualquer grupo social humano é um universo completo de conhecimento integrado, com fortes ligações com o meio em que se desenvolveu. (TEIXEIRA, 1995, p. 293).

Nesta direção, esta festividade representa um momento ritualístico de aprendizagens culturais e pedagógicas. Um tipo de sala de aula vivencial onde as crianças e os jovens tem a oportunidade de participarem com os mais velhos da comunidade. É o principal evento Arara, ocasião que as pessoas experientes assumem o papel de importante conhecedoras e educadoras da tradição étnica. No decorrer das atividades apresentam narrativas sobre as primeiras festas do Povo Karo, os mitos, as guerras, situações engraçadas e outros acontecimentos que consideram relevantes ocorridos em tempos passados, além de atualizar o significado desta prática cultural em tempos de globalização. E, como no contexto das festas tradicionais Cinta Larga,

Este ritual ou festa é o evento social mais significativo nesta sociedade, o único capaz de mobilizar um grande contingente de pessoas e também de recursos. [...] o ritual enquanto um instante privilegiado no continuum da vida social, que se distingue pela dramatização de temas e questões fundamentais para a sociedade. (DAL POZ, 1991, p. 9).

De acordo com os antigos, a história do Jacaré surgiu de um homem que era gente que existiu há muito tempo na história do povo Arara. Um Pajé Arara mais velho da aldeia que descobriu qualidades importantes deste animal: ser valente, resistente e um guerreiro no rio. Nos processos de caça, observaram que mesmo atingido ele demorava a morrer. Com o tempo estas narrativas foram ganhando força, principalmente pelos enfrentamentos físicos e espirituais que ocorriam com este animal mesmo após a sua morte.

O marco histórico que originou o surgimento da Festa do Jacaré está relacionado a uma caçada coletiva por um grupo de homens Arara que avisaram suas mulheres para onde iam e anteciparam a realização de uma grande festa. Quando retornaram à aldeia de longe já se ouviam os gritos e assovios, sinais que estavam retornando. Estavam com os jacarés nas costas. Daí as mulheres e os demais que estavam na maloca foram encontrá-los, saudando os caçadores que eram os seus maridos com a bebida tradicional, a macaloba.

Para o Pajé, "Marok kape te et teromoba met mam te e may mam te et teba kaga met Ji-Paraná pe", existiam algumas malocas, na atual cidade em Ji-Paraná, onde é o Colégio Tupã, no Distrito de Nova Colina, por exemplo, existia uma maloca bem grande, um ponto sagrado para o povo Arara. Um marcador que a memória não esqueceu. Era o local que por algum tempo todos se ajuntavam para fazer os rituais e as cerimônias. E foi ali que os pajés anunciaram esta nova atividade que estava surgindo, era Wayo Akanã, a Festa do Jacaré.

O Pajé Cícero também informou que tanto na Festa do Jacaré como em todas as outras festas de antigamente (milho, malocas novas, etc.) tinham muitas bebidas como macaloba de milho, batata doce, cará e mandioca. Nesta época o Povo Arara não tomava macaloba azeda, só doce, ou seja, não havia problema de embriaguez. De acordo com Dutra Arara, Maria Arara e Paulo Arara, as festas duravam vários dias, com bastante carne, onde todos se apresentavam pintados com urucum até a realização das colheitas, quando se agrupavam para este trabalho.

Mas, na época que os Arara tiveram que viver nos seringais as festas foram interrompidas, pois eram proibidos de fazê-las, como tantas outras coisas relacionadas às suas autonomias: “[...] os discursos [...] de não reconhecimento, que operam na verticalidade, reforçam a reificação de identidades a partir de uma perspectiva normatizadora, etnocêntrica e assimilacionista [...]”. (ANUNCIAÇÃO, 2017, p. 43). As atividades ritualísticas só foram retomadas no processo do realdeamento quando se organizaram na Aldeia Posto Central, ali ocorreu a primeira grande festa com muita comida, bebida e pintura corporal. Desde então, a festa é realizada periodicamente no calendário do Povo:

Tenho participado da Festa do Jacaré realizada pelo Povo Arara em Ji-Paraná desde o ano de 2006. Analiso que representa sempre uma oportunidade de aprender o significado de cada um dos gestos que ali acontecem enquanto códigos culturais Karo - dos mais familiares até aqueles mais emblemáticos que ainda não compreendo. Percebo a alegria nos rostos indígenas em todos os momentos e atividades. Em minha percepção de peg, que em Tupi Ramarama quer dizer, “não indígena”, entendo que a realização deste ritual é o aviso social dos Arara sobre sua re-existência no mundo. (NEVES, 2021, p. 1).

Analisamos como adequado a utilização do conceito de re-existência para traduzir alguns aspectos do percurso histórico trilhado pela sociedade Arara Karo. Possíveis mecanismos que foram produzidos para assegurar a sobrevivência coletiva na adversidade e posteriormente para reorganizar seus modos de vida como partícipes da história:

La re-existencia la concibo como las formas de re-elaborar la vida auto-reconociéndose como sujetos de la historia, que es interpelada en su horizonte de colonialidad […] y reafirmando lo propio sin que esto genere extrañeza; revalorando lo que nos pertenece desde una perspectiva crítica frente a todo aquello que ha propiciado la renuncia y el auto-desconocimiento. […]. (ALBÁN, 2007, p. 23).

Inferimos que fez parte das estratégias de re-existência Arara as lembranças dos rituais, da rotina da vida na aldeia dentre elas, a Festa do Jacaré e suas conversações em Tupi Ramarama. Uma memória utópica e mobilizadora que impulsionou os movimentos de reação à condição subalterna, traduzida no forte desejo de vivenciar novamente estes momentos que só o retorno tribal poderia proporcionar.

Assim, a Festa do Jacaré para o Povo Arara pode ser interpretada como “um fato social total”, uma concepção ampla de sociedade organizada por múltiplos entrelaçamentos onde a vida tribal, a espera, a preparação e o ritual estão conectados: “[...] tudo se mistura, tudo o que constitui a vida [...]. Nesses fenômenos sociais ‘totais’, [...], exprimem-se, de uma só vez, as mais diversas instituições: religiosas, jurídicas e morais – estas sendo políticas e familiares ao mesmo tempo [...]”. (MAUSS, 2003, p. 187).

A PREPARAÇÃO E REALIZAÇÃO DA WAYO AKANÃ OU FESTA DO JACARÉ


Figura 1
Cícero, Marli, Manichula e Miru (2008)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Este tópico tem o objetivo de apresentar um breve inventário sobre a Festa do Jacaré que inclui a preparação da atividade até a sua realização. Esta construção foi possível porque articulamos as sistematizações dos relatos às imagens das festas que ocorreram nos anos de 2008, 2010, 2014 e 2016. Este último corresponde ao ano em que o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Marli Peme Arara foi defendido na Aldeia Iterap. As fotografias compõe parte do acervo do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia (GPEA). Embora sejam de diferentes temporalidades foram selecionadas tendo em vista a representação das atividades narradas de modo a tornar compreensível o ritual da Wayo Akanã.


Figura 2
Ornamentação (2008)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

O ritual da festa do Jacaré inicia quando o Pajé e o dono da festa reúne o povo pela manhã ao nascer do sol no tapiri especialmente construído para o evento localizado meio do aldeia. Ali são dadas as orientações sobre a cerimônia e os cuidados necessários para que ninguém se machuque. Neste momento da preparação, as tarefas são distribuídas: uma parte das mulheres vai fazer a ornamentação, outras vão atrás de mandioca para preparar a macaloba. Já os rapazes vão para a floresta buscar as palhas, as moças e as crianças irão buscar as fibras do buriti para fazer as saias ou roupas para as danças com o Jacaré e os caçadores saem cedinho em busca do animal nos igarapés da redondeza.

Durante o dia há várias atividades algumas permitidas e outras proibidas: as crianças não podem tomar banho no rio, nem mulher grávida e mulher com bebê recém-nascido. E enquanto um grupo de homens se dirigem ao mato para caçar outros permanecem na aldeia e se preparam para recepcionar os caçadores que enviam sinais para os parentes da aldeia através do assovio quando estão chegando como na primeira festa dos tempos imemoriais. Mas como o jacaré é capturado? Conforme o relato do Carlão Arara, um dos caçadores de Jacaré mais respeitado entre o Povo, caçar um jacaré envolve técnicas especiais. Ele informou que aprendeu a caçar este animal com o seu pai, o Firmino Xit Xabat e o Pajé Cícero Xia Mot Arara. A primeira vez que participou da festa do Jacaré foi na aldeia dos Arara, no Posto Central. Segundo ele, o Jacaré não é um animal fácil de pegar e para conseguir uma captura bem sucedida tem que ser em igarapé pequeno.


Figura 3
Caçador Carlão e Pedro Arara (2014)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Para pegar o jacaré tem que observar os buracos na beira do rio ou no igarapé, pois fica mais fácil localizá-lo pelo rastro. Depois é usada uma vara comprida com uma envira na ponta para cutucar, deixar o jacaré enfezado. Daí ele morde a envira e dessa forma o caçador consegue puxá-lo para fora do buraco. E é neste momento que a cabeça do jacaré é imobilizada com uma forquilha de pau. Carlão Arara reconhece que esta habilidade foi construída ao longo do tempo, pois antes tinha muita dificuldade neste tipo de caça, tinha inclusive medo do animal mordê-lo. Atualmente, este caçador com sua larga experiência captura jacaré até a noite, ocasião em que joga a luz da lanterna em seus olhos e depois com um laço de corda pode trazê-lo até a margem. Informou que após a caçada, os jacarés são presos e colocados às margens do rio até o dia da festa.


Figura 4
Jacaré no rio (2014)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Na data escolhida para a realização do ritual os homens buscam os animais no rio. Este momento muito importante para o ritual pois a sua frente há um outro grupo de homens cantando, dançando e cada um deles de forma ritmada bate o chão com um pedaço de pau. Uma simbologia utilizada pelos Arara para espantar o espírito do jacaré, além de anunciar o seu sacrifício. Constitui uma ação espiritual preventiva para que o animal não se vingue causando algum mal ou doença nos participantes da festa.


Figura 5
Captura do Jacaré e regresso (2008; 2010)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Depois de todos os preparativos - comidas e bebidas prontas, todos já pintados com urucum e jenipapo, vestidos com as roupas da festa feitas de fibras de buriti (saias, enfeites de pernas e braços), o dono ou a dona da festa, convida todas as pessoas para se reunir. A coreografia é coordenada pelo Pajé que dança e canta incansavelmente, acompanhado de outros homens mais velhos. Sua tornozeleira feita a base de piqui e sementes de mulungu define o ritmo da dança.


Figura 6
Pajé Cícero Arara (2008)
Fonte: Neves (2009)

Todos e todas são convidados para dançar com o Jacaré - homens, mulheres e crianças. Também é uma forma de agradar o animal para que não haja vingança já que ele irá morrer. O animal com a boca e patas bem presas não oferece perigo para o público. Uma das danças aguardadas é aquela feita pelas mulheres.


Figura 7
Mulheres na Festa Arara (2008; 2014)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Elas participam com as roupas da festa do início ao fim com papéis importantes no ritual. Exibem de forma corajosa o animal e ao longo da dança várias delas carregam o animal, inclusive com suas crianças que participam ativamente neste ritual e de várias formas. As bem pequenas, nos colos de suas mães ou das meninas maiores, observam atentamente à movimentação em volta, devidamente arrumadas com a pintura, pulseirinhas e fibras de buriti nos braços.


Figura 8
Crianças, mães e avós na festa (2008)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

As crianças maiores acordam cedo e já procuram ajuda das mães, pais, avós e outros parentes para se arrumar, sendo sempre acompanhadas de seus animais de estimação que podem ser filhotes de jacaré. Este momento é acompanhado também da bebida tradicional, macaloba, tanto para as pessoas que estão dançando como para quem está assistindo, inclusive os visitantes. Estes são convidados também para a dança com os demais parentes, uma forma de demonstrar os laços de amizade com as pessoas não indígenas que possuem algum tipo de relacionamento como o Povo Arara Karo.


Figura 9
Visitantes e culinária da festa (2008; 2014)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

A comida servida no início é carne de caça assada e é oferecida primeiro os homens, depois as mulheres, as crianças e os visitantes. Após a dança com o Jacaré, depois de todos terem dançado com o animal, há a escolha da mulher que irá fazer o sacrifício, a escolhida é aquelas considerada mais valente pelo grupo. O animal é colocado no centro da aldeia dentro de um grande círculo sob os olhares atentos de todos os participantes. Um momento de suspense e silêncio seguido de falas de mulheres e homens Arara sobre a importância do ritual.


Figura 10
Dança e morte do Jacaré (2014; 2016)
Fonte: Acervo (GPEA)/Unir

Uma ação que reconhece e valoriza a valentia como uma característica particular da mulher Arara. Armada de borduna a mulher escolhida enfrenta o animal e realiza o rito do sacrifício. O animal morre. Em seguida, o corpo é levado ao rio onde será cortado e limpo para o preparo da sopa, ansiosamente esperada por todos os participantes, o seu compartilhamento marca o encerramento, é o último ato da Festa do Jacaré. O significado de sua morte e o compartilhamento posterior de seu corpo por meio da sopa é do conhecimento exclusivo dos Arara.

Na atualidade, o ritual da Festa do Jacaré continua significando um recurso de afirmação ou marca cultural Arara nas práticas sociais e nas escolas indígenas. Um mecanismo de visibilização identitária diante de outras sociedades indígenas da Amazônia. Um jeito do Povo dizer que superou as situações-limites enfrentadas nos seringais e produziu inéditos-viáveis que possibilitaram sua presença na atualidade amazônida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito deste trabalho foi documentar alguns aspectos da festa tradicional do Jacaré a partir do recorte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) desenvolvido em 2016 na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) no curso Licenciatura em Educação Básica Intercultural em Ji-Paraná, Rondônia. É um ritual praticado pelos Arara Karo, uma sociedade indígena falante do Tupi Ramarama, localizada na Terra Indígena Igarapé Lourdes em Ji-Paraná. A elaboração do trabalho foi possível a partir das narrativas de indígenas experientes. profundos conhecedores desta prática cultural.

Considerou as lentes teóricas do educador brasileiro Paulo Freire (1987) e do pensador colombiano Adolfo Albán Achinte (2007) como mecanismos dialógicos para compreensão da trajetória Arara. Um meio de articulação com a área da Educação Escolar Intercultural no Ensino Fundamental e Gestão Escolar, habilitação do curso que forma a docência dos anos iniciais da escolarização, área de formação e atuação das autoras.

A Festa do Jacaré surgiu em tempos imemoriais, anterior ao contato com os não indígenas. A admiração e o respeito pelo animal possivelmente contribuiu para que este ritual passasse a ocupar um importante espaço na vida do Povo Arara. Apesar das bruscas alterações culturais decorrentes do contato com os grupos não indígenas, principalmente nos ciclos da borracha, época de intensa ocupação na Amazônia, concluímos que esta etnia continua expressando aspectos significativos de seus modos de vida traduzidos em seu principal ritual cosmológico: Wayo Akanã ou a Festa do Jacaré.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Notas

[1] Dedicamos este texto à memória dos Arara que não sobreviveram às explorações e maus tratos nos seringais da Amazônia
[2] (MINDLIN, 2001; ISIDORO, 2006; PAULA, 2008; NEVES, 2009; SANTOS, 2015)
[3] Vitória Naxap Wêt Arara, Maria Ora yô Arara, Firmino Xit Xabat, Cida Yari Arara, Procópio Na ´Xot Wêt Arara, Pedro Arara, Paulo Orok mãn Arara, Maria Arõx Arara, Benedito Yõn Péw Arara e Fermino Ot Xãra Arara
[4] Manteremos o termo “branco” para designação do não indígena conforme narrado pelos colaboradores e colaboradoras
[5] “Pajé Cícero Xia Mot Arara: luto e re-existência indígena na Amazônia”. Disponível em: https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/artigo/paje-cicero-xia-mot-arara-luto-e-re-existencia-indigena-na-amazonia


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