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O povo Karitiana: identidade étnica, desafios e perspectivas
Karitiana people: ethnic identity, challenges and perspectives
El pueblo Karitiana: identidad étnica, desafíos y perspectivas
Revista Presença Geográfica, vol. 08, núm. 02, Esp., 2021
Fundação Universidade Federal de Rondônia

Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 08, núm. 02, Esp., 2021

Recepção: 08 Março 2021

Aprovação: 06 Setembro 2021

Resumo: A harmonia estabelecida entre o povo Karitiana com seu território tradicional pode nos oferecer uma clara ideia da funcionalidade entre a natureza e o seu sistema de significados. A manutenção da sua cosmogonia está diretamente ligada ao território tradicional e aos vários tipos de animais e plantas estabelecidos em suas fronteiras. Essas especificidades demonstram a riquíssima dinâmica mágico-religiosa das quais depende a ligação do grupo com a natureza e seus antepassados. Na atualidade, as inúmeras fazendas estabelecidas aos arredores das áreas de vivência da etnia, além das várias formas do contato com não indígenas, mostram as contradições dessas relações e os efeitos da sociedade envolvente.

Palavras-chave: Karitiana, Território, Cultura, Identidade.

Abstract: The harmony established between the Karitiana people and their traditional territory can give us a clear idea of the functionality between nature and its system of meanings. The maintenance of its cosmogony is directly linked to the traditional territory and to the various types of animals and plants established on its borders. These specificities demonstrate the very rich magical-religious dynamics, on which the group's connection with nature and its ancestors depends. Currently, the countless farms established around the ethnic living areas, in addition to the various forms of contact with non-indigenous people, they show the contradictions of these relationships and the effects of the surrounding society.

Keywords: Karitiana, Territory, Culture, Identity.

Resumen: La armonía que se establece entre el pueblo Karitiana con su territorio tradicional puede ofrecernos una idea clara de la funcionalidad entre la naturaleza y su sistema de significados. El mantenimiento de su cosmogonía está directamente ligado al territorio tradicional y los diversos tipos de animales y plantas establecidos en sus fronteras. Estas especificidades demuestran la riquísima dinámica mágico-religiosa de la que depende la conexión del grupo con la naturaleza y sus ancestros. Actualmente, las numerosas estancias ganaderas establecidas en las inmediaciones de la etnia, además de las diversas formas de contacto con personas no indígenas, muestran las contradicciones de estas relaciones y los efectos de la sociedad circundante.

Palabras clave: Karitiana, Territorio, Cultura, Identidad.

INTRODUÇÃO

O povo Karitiana, está entre os mais significativos de Rondônia, com uma história que remonta o período da colonização portuguesa. São mencionados pelos primeiros colonizadores da região, sendo seus territórios reconhecidos nos mapas e croquis de importantes cientistas, como Roquete Pinto, integrante da Comissão Rondon no início do século XX.

Esta pesquisa deriva das experiências junto ao povo Karitiana, num período iniciado em 2010 que perdura até atualidade, como membros da equipe técnica de educação escolar indígena da Secretaria de Estado da Educação de Rondônia (SEDUC). Esses escritos são parte de um conjunto de narrativas coletadas na conivência com os professores indígenas e outros membros da comunidade escolar das aldeias, além de trabalhos acadêmicos sobre a etnia.

Objetivamos na pesquisa mostrar a relação do povo Karitiana com o território e a importância dos Marcadores Territoriais, também, elencamos como objetivos secundários mostrar algumas características culturais dos Karitiana, como a cerimônia fúnebre e costumes alimentares, ainda as contradições advindas dos contatos com pessoas que não são indígenas, que invadiram seus territórios e outras que contratadas para auxiliar a etnia acabam, talvez inconscientemente, prejudicando a população.

Assim, relatamos um pouco das nossas observações sobre como o Karitiana enxerga o seu território tradicional e qual a importância dos lugares sagrados com seus cemitérios, espíritos e cosmogonias. Para esses indígenas, suas territorialidades se manifestam em vários aspectos, nos permeadas pelos espíritos, em planos extracorpóreos manifestados em suas crenças, rituais e histórias míticas e transcendentais; outros, mais materiais, baseados nos espaços de vivências onde a importância da paisagem é fundamental para a continuidade de práticas ancestrais ligadas ao território tradicional.

KARITIANA SUA HISTÓRIA E SEUS TERRITÓRIOS

O povo Karitiana falante da língua Tupi-Ariken (MEIRELES, 1983) possui uma população atual com cerca de 450 indígenas habitando 7 aldeias espalhadas pelos municípios de Porto Velho e Candeias do Jamarí (APK, 2021; 2022). Os indígenas estavam organizados em clãs espalhados pelo seu antigo território tradicional em alianças para garantir as regiões de caça e assegurar a integridade dos cemitérios contra ataques dos inimigos tradicionais Kawahib.

A dizimação do povo Karitiana teve início nas primeiras décadas do século XX com a chegada das primeiras frentes pioneiras de colonização do estado de Rondônia. As lógicas de convivência entre os tupis e as relações estabelecidas entre os clãs foram radicalmente modificadas com aparecimento das novas doenças levadas pelos não indígenas, que dizimaram a população devido à falta de resistência imunológica, uma verdadeira guerra biológica reforçada por métodos violentos de conquista (SARDE NETO, 2013).

Os Arikême, seus parentes mais próximos, foram massacrados e extintos pelos colonizadores nas suas próprias terras, situadas às margens do Rio Jamarí, hoje atual município de Ariquemes. Na década de 50 os Karitiana foram definitivamente expulsos dos seus territórios tradicionais (MEIRELES, 1983). Os contatos com não indígenas provocaram a contaminação da comunidade com doenças infectocontagiosas como gripes e doenças venéreas, moléstias que levaram a depopulação de quase toda a etnia.

Darcy Ribeiro (1993) chegou a declarar os Karitiana como extintos na década de 50. Os sobreviventes permaneceram vagando, sem localização certa, de um lado para outro fugindo ao avanço dos seringalistas que os forçavam aos trabalhos compulsórios para a retirada do látex, na extração das drogas do sertão, na derrubada das árvores e também a garimpagem.

Para Dardel (2011) em o “Homem e o Espaço” ao referir-se a perda da localização mostra que a situação de um homem supõe um espaço onde ele se move; um conjunto de relações de trocas; direções e distancias que fixam de algum modo o lugar de sua existência. Perder a localização é se ver desprovido de seu lugar, de suas relações, se encontrar, sem direções, reduzido a impotência e a imobilidade.

A área destinada ao grupo foi demarcada em 13 de junho de 1976 com extensão de 89.698 ha, segundo os próprios indígenas, dois grupos sobreviventes em fuga constante e isolados foram reunidos e estabeleceram casamentos para fortalecer a etnia. Em 1980, somavam pouco mais de trinta indivíduos, parte dos sobreviventes foram alocados na terra destinada ao grupo em 1986, logo após a homologação da terra indígena (FUNAI, 1980). Nas mesmas condições de miséria e desagregação, os Kawahib, antigos “inimigos tradicionais” tornaram-se amigos e o grande adversário em comum passou a ser o não indígena, o “predador” que invade seus territórios, explora suas terras, transmite doenças e segue aniquilando suas vidas e culturas.

Na atualidade, mesmo com as proibições estabelecidas na legislação vigente, é bem comum as invasões dos territórios para exploração ilegal das riquezas naturais, além das inúmeras tentativas de expropriação dos indígenas das suas terras tradicionais, atos praticados por políticos ligados a fazendeiros e grileiros de terras que tentam burlar as leis (CIMI, 2011; 2012; 2017; 2021). Neste sentido, corrobora Badin (2006):

Os índios não podem ser removidos, salvo em situações muito especiais definidas na própria Constituição (epidemias, catástrofes, soberania nacional), e isso somente após deliberação do Congresso Nacional. A eles é assegurado o uso fruto exclusivo das riquezas naturais do solo dos rios e dos lagos situados nessas áreas (BADIN, 2006, p.130).

Sobre a questão dos territórios indígenas no Brasil, é preciso considerar a importância transcendental da relação dos indígenas com os lugares onde vivem. Essa realidade é absorvida pela ordem jurídica e está contida na Constituição Federal de 1988 (CF 88), Art. 231. Neste sentido Badin (2006), afirma não ser à toa que a garantia da terra é o ponto mais importante do direito constitucional dos indígenas, na medida em que, para eles, a base territorial tem valor de sobrevivência física e cultural. A terra indígena está sujeita a um regime especial, que é inalienável, indisponível e os direitos sobre ela, imprescritíveis, por isso que a renda do patrimônio indígena é também impenhorável.

Os territórios tradicionais[1] compreendem extensas regiões que se estendem desde o Município de Ariquemes ao distrito de Jaci Paraná em Porto Velho. A área hoje habitada e utilizada pelos Karitiana alcança uma faixa de aproximadamente 160 mil hectares, porém, parte considerável desta área está fora dos limites estabelecidos pelo Governo Federal como área protegida e demarcada pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI (MOSER, 1993; VANDER VELDEN, 2010; SARDE NETO, 2013).

Duas importantes aldeias, a Juarí e a Antiga Byjyty ‘Osop Aky, apesar de localizadas em território tradicional e possuírem Marcadores Territoriais[2], encontram-se fora da área delimitada pela FUNAI como terra pertencente aos Karitiana. A problemática em questão é justamente as duas aldeias encontradas fora dos limites estabelecidos pelo governo Federal, pois fazendeiros vão derrubando a floresta e ocupando os antigos territórios, ampliando seus pastos nas áreas onde se encontram as escolas e aldeias indígenas.

O direito ao território não se trata meramente da questão fundiária, apesar da relação direta com a terra para a manutenção da vida, mas também da necessidade da conservação dos valores culturais da etnia. As terras indígenas possuem valor que transcende os padrões da sociedade envolvente[3], possuem valor inestimável para esses povos. As áreas tradicionais ocupadas pelos pastos estão em litígio entre os indígenas e os latifundiários. Os Karitiana sonham em refazer o passado não muito distante, enquanto os latifundiários e políticos, que apesar de não utilizarem a maior parte da área desmatada, continuam avançando nas florestas dentro dos territórios indígenas, esperando o desenrolar do conflito.

Acompanhando as comunidades indígenas podemos verificar que a atuação do Estado é ineficiente, mostrando a omissões do Poder Público nos âmbitos federal e estadual, verdadeira demonstração do desrespeito aos tratados internacionais e a Constituição Federal de 1988. A morosidade da FUNAI em demarcar as terras indígenas e o descaso dos órgãos fiscalizadores encarregados das questões do meio ambiente piora ainda mais a situação.

Ainda, percebemos que em muitos casos, esses mesmos órgãos ao permitirem a exploração nas reservas extrativistas ou em terras particulares, sem, contudo, disporem de uma estrutura organizativa para defesa da integridade ecológica das áreas, acabam piorando a situação, pois a autorização dos planos de manejo florestal nas vizinhanças, que deveriam ser sustentáveis, na realidade não cumprem as determinações vigentes, são “trampolins” de entrada nas terras indígenas.

Esses supostos manejos normalmente estão localizados em áreas de fronteira com os territórios tradicionais, e sem autorização de entrada causam enormes prejuízos ambientais e sociais, sem nenhuma vantagem para as comunidades indígenas, pois os invasores objetivam a exploração ilegal de madeira, de minerais e até mesmo a grilagem de terras com a plantação de capim para o gado.

Neste sentido, afirma Badin (2006):

A exploração das riquezas minerais do subsolo pesquisa e lavra e o aproveitamento dos recursos hídricos dependem também da autorização do Congresso Nacional, assegurando-se, além disso a participação das comunidades afetadas nos resultados da lavra. O garimpo não é admitido, salvo aquele realizado de modo tradicional e em condições administrativas especiais, pelos próprios índios. Como recorrência dos direitos originários dos índios sobre suas terras, são ainda nulos todos os títulos que contra elas se possam opor, com indenização apenas das benfeitorias de boa-fé. (BADIN, 2006, p.130).

Sobre a devastação da natureza, os incentivos dos próprios governos Federal e Estadual, aliados a impunidade, são os grandes responsáveis pelo encorajamento no desmatamento da região. Em Moran (1990) o impacto das atividades madeireiras sobre a floresta amazônica tomou evidencia com o fim das grandes florestas da Indonésia, da Costa do Marfim e outros países da Ásia e da África, a pressão incidiu-se na Amazônia. No Brasil os interesses nacionais e internacionais encontram um ambiente favorável à destruição das florestas. Depois da pecuária, foram os madeireiros que receberam as maiores proporções dos incentivos fiscais da SUDAN.

Ainda sobre o direito a terra, os cemitérios são Marcadores Territoriais que testificam suas histórias nos lugares, esses se espalham por vastas regiões que estão invadidas por fazendeiros, são territórios sagrados e possuem valor inestimável, são lugares fundamentais para o prosseguimento cultural (SARDE NETO, 2013). O indivíduo não recebe a cultura como um conjunto já pronto, é um processo construído através das relações que ele estabelece e das quais recebe informações, códigos e sinais. Para Claval (1999), a cultura aparece em cada um como um sistema de disposições inatas e do conjunto das interações às quais cada um foi submetido.

Cada indivíduo é portador de um sistema cultural em evolução constante, mas que é estruturado pelos valores, estes são adquiridos pelos indivíduos no decorrer de sua trajetória de vida, ao sabor dos ensinamentos que receberam e das experiências que têm (CLAVAL, 1999, p.72).

Neste sentido, a etnia Karitiana reivindica a incorporação das áreas não demarcadas procurando incluir suas antigas aldeias, cemitérios e áreas de caça. Os indígenas justificam o reconhecimento da ampliação das suas fronteiras como fundamental para a reprodução do seu modo de vida tradicional, sua continuidade ancestral e identitária.

CULTURA E ESPECIFICIDADES

Dentro da perspectiva da importância dos santuários e cemitérios como Marcadores Territoriais, e da riqueza cultural com sua complexidade, relatamos a experiência de participar da cerimônia fúnebre de um homem, membro da etnia Karitiana.

Essa observação participante foi realizada na Aldeia Central Karitiana no ano de 2015, quando os familiares do falecido executavam os procedimentos mortuários junto com outros membros da comunidade. Com a autorização dos indígenas, utilizamos no trabalho uma máquina fotográfica e caderno de campo para os registros e anotações mais marcantes.

Também tratamos aqui da prática alimentar, em que o cardápio da comunidade indígena Karitiana, além das culturas tradicionais como a macaxeira, o milho, o amendoim, inhames entre outros, também era compreendida principalmente de preparos com animais silvestres, em que cada um deles possui sua importância nutritiva e cosmogônica[4].

Ainda, descrevemos algumas especificidades das relações culturais da etnia com os componentes do território tradicional, como os santuários dos tabocais, os morros sagrados e os rios, além das áreas dos grupos isolados dentro da floresta, praticantes da cultura tradicional.

CONTINUAREMOS JUNTOS: CERIMÔNIA FÚNEBRE

A cerimônia fúnebre Karitiana começa logo após a morte, os procedimentos de sepultamento iniciam com a abertura de uma cova, que tradicionalmente deve ser feita pelos parentes mais próximos do falecido e estar localizada aos arredores da sua casa se adulto e pai de família, ou perto da casa dos seus familiares se ainda solteiro. A cova deve possuir as dimensões capazes de abrigar o morto em uma rede de dormir armada, onde ele se encontra deitado como se estivesse dormindo.

Após a armação e arrumação do corpo na rede, o indivíduo é sepultado com a cabeça virada para o nascer do sol e os pés para o poente. Na cova coloca-se madeira por cima do corpo até chegar ao nível da terra, em seguida coloca-se a terra tirada na escavação sobre a madeira preenchendo as partes que sobram, até que cobrir o corpo totalmente.

Na tradição Karitiana, o monte de terra colocado sobre o túmulo deve ser moldado, alisado com barro até ficar parecendo uma canoa virada. A canoa simboliza o transporte, para alguns sua forma virada é a passagem para o outro lado, para outra dimensão. O ritual segue com a tiragem da palha, das madeiras e dos cipós para a construção de um tipo de casa ou “a última moradia”.

No dia seguinte passa-se o dia todo montando a estrutura com as varas finas amarradas com cipós para suportar a cobertura de palha que será disposta sobre a sepultura (Figura 1).


Figura 1

Fonte: Tolentino (2015)

Nessa construção, deixa-se uma abertura na direção dos pés como uma passagem de entrada e saída, pois acreditam ser a “porta da saída do espírito”. A construção dessa “última morada” deve ser feita pelos homens da família, a cobertura com palhas abertas é disposta e amarrada de baixo para cima formando um telhado, as palhas devem ser maiores que a sepultura e amarradas com os cipós.

Na liturgia da construção a palha deve ir até o final da sepultura fazendo uma curva que não pode quebrar de forma alguma no momento em que se está dobrando para fazer a amarração. Seguindo a construção da cobertura, a parte final deve ser constituída de uma única palha grande, que deve ser mais comprida que a sepultura, onde sua disposição deve ultrapassar o tamanho do túmulo, sobrando palha sobre a região da cabeça, como uma coroa (Figura 2).


Figura 2

Fonte: Tolentino (2015).

Enquanto os homens cumprem a liturgia da construção da “casinha”, as mulheres preparam a chicha que será oferecida ao morto no final do dia como sua última bebida. No dia seguinte, algum parente homem deverá caçar alguma ave das espécies permitidas para o consumo Karitiana, essa no dia posterior será oferecida ao espírito do morto como sua última refeição.

Ainda, dentro da especificidade da cerimônia fúnebre do povo Karitiana, todas as pessoas envolvidas na escavação e construção da sepultura estão proibidas de manter relações sexuais num período de 10 dias. Os que participam de uma das fases fica somente 5 dias na abstinência, se alguém desobedecer pode adquirir a panema[5].

O luto tem uma duração de duas semanas, no décimo dia toda a família deve tomar um chá tradicional feito com ervas medicinais, considerado sagrado. A uso do remédio também é permitido para os que não são membros da família e quiserem participar e beber o “remédio”. Assim, na tradição do povo Karitiana o espírito do morto poderá ficar aqui na terra entre os vivos durante sete dias, após esse tempo vai habitar junto com os antepassados.

A ligação do povo Karitiana com a natureza e seu território é tão intensa que toda sua lógica de vida, juízos de valores e cosmogonias são ditados pela influência da natureza na comunidade, suas territorialidades estão estabelecidas tanto nos lugares de socialização comunitária, nos roçados, nas áreas de caça e pesca, quanto nos lugares considerados sagrados, próprios das suas histórias e religiosidades. Ainda as territorialidades são latentes entre as antigas aldeias localizadas fora da área demarcada e as que estão dentro das fronteiras, os antigos caminhos que perfazem os trajetos dos seus ancestrais (SARDE NETO, 2013).

O SER-HUMANO E A NATUREZA

A contribuição da cosmogonia da etnia, influencia no comportamento dos membros do coletivo, em que o indivíduo dependendo do animal absorvido, passa a desempenhar um papel ou adquirir as características comportamentais e físicas (do animal) necessárias para o desempenho de determinadas funções ou atividades especificas na comunidade.

Essas peculiaridades comportamentais muitas vezes difíceis de serem compreendidas por grupos da nossa sociedade estão diretamente ligadas ao território, fauna e a flora predominantes na região. Dardel (2011) ao tratar da influência geográfica do meio nas relações sociais demonstra que o ambiente influencia em todas as atividades de uma dada comunidade.

É importante não se acreditar no erro de que a espacialização geográfica se produz somente em virtude de um comportamento ativo. É o caso onde o homem é o agenciado pelo ambiente geográfico: ele sofre a influência do clima, do relevo, do meio vegetal. [...] A natureza geográfica o lança sobre si mesmo, dá forma a seus hábitos, suas ideias, às vezes a seus aspectos somáticos (DARDEL, 2011, p.09).

Tudo tem uma razão baseada na cosmovisão da etnia. Os aspectos mais simples que envolvem pequenos hábitos dentro do grupo, demonstram a importância social e política de cada indivíduo baseados em aspectos próprios estabelecidos pela comunidade em suas relações com outras famílias da mesma etnia. Dardel (2011) entende que:

Nas sociedades ditas primitivas e na maior parte das sociedades antigas e medievais, a ligação do homem com a Terra recebeu, na atmosfera espaço-temporal do mundo mágico-mítico, um sentido essencialmente qualitativo. [...] Da Terra vêm as forças que atacam e protegem o homem, que determina sua existência social e seu próprio comportamento, que se misturam com sua vida orgânica e psíquica, a tal ponto que é impossível separar o mundo exterior dos fatos propriamente humanos. (DARDEL, 2011, p. 48).

Dardel (2011) acrescenta ainda que é pelo habitat, pelo ordenamento de seus campos de suas vinhas e suas pradarias, por seu gênero de vida, circulação das coisas e das pessoas, que o ser humano exterioriza sua relação fundamental com a Terra.

Como exemplo desta influência viver entre os animais nas extensas florestas servia para que os indígenas mantivessem uma estreita relação de harmonia com seu habitat e outros animais como o macaco prego e o macaco preto que influenciavam e influenciam nos hábitos e costumes da comunidade indígena. Esses animais eram encontrados em grandes bandos por todas as áreas de floresta nas extensões do território tradicional compreendido pelos Karitiana, atualmente é raro encontrá-los.

Os Karitiana têm uma ligação muito interessante com estes símios, pois acreditam serem os macacos seus parentes, são protegidos e criados entre eles, sendo o abete permitido somente em ocasiões especiais ou situações específicas, dessa maneira esses animais desempenham um papel importante em sua cosmologia. Como exemplo destas inter-relações entre os macacos e os Karitiana, temos o casamento tradicional, baseado principalmente na contribuição para a cultura dada aos indígenas pelos macacos. Marcelo Karitiana, professor indígena, ao narrar seu casamento explicou também a importância dos macacos na cerimônia tradicional de casamento dos Karitiana.

“Quando eu casei meu pai me fez ir ao mato caçar um macaco. O macaco podia ser prego ou preto, mas foi muito difícil de encontrar o macaco porque está em falta na floresta. Depois que a gente pega o animal prepara ele e come antes do casamento. Temos que fazer um tipo de coroa com os dentes do macaco. O homem só pode casar no costume antigo se tiver a coroa com dente de macaco e a carne do bicho é para poder fazer filho na mulher. O macaco é muito forte, inteligente e fica o tempo todo preparado para fazer filho na macaca e os antigos falam que tem que comer a carne de macaco para ficar igualzinho ao bicho, fazer criança e ficar esperto” (Marcelo Karitiana, 2011).

A natureza exerce grande influência sobre os seres humanos, e grande é a variedade de domínios sobre as sociedades. Ao analisarmos o fenômeno é importante o exame sobre a influência no ser individual e depois os efeitos deste no conjunto da população estudada a fim de encontrar a explicação para as causas naturais do coletivo. A função orgânica estabelece a relação entre o indivíduo e o ambiente, depois entre todo o agrupamento.

A comunidade é influenciada pela natureza não só orgânica e geograficamente, mas também à medida que reforça suas características culturais, nos ritos de passagem, nas afirmações identitárias, ampliando-as e inclusive adquirindo outras características ao relacionar-se com outros grupos, compartilhando experiências e lugares, construindo e reconstruindo suas identidades. Nesse sentido afirma Claval (1999, p.73):

É graças ao jogo de valores, aos procedimentos sociais de institucionalização e aos ritos de passagem que as culturas individuais se acham integradas nos sistemas simbólicos que dão um sentido à vida de cada um, e à existência do grupo, permitindo que se definam ao mesmo tempo como diferentes e semelhantes- e, portanto, possuindo uma identidade (CLAVAL, 1999, p.73).

Em Sarde Neto (2013, p. 90) A importância cultural da natureza e dos animais, também pode ser percebida na relação com a arara, um pássaro que chama a atenção pela sua beleza, anteriormente abundante e hoje raramente encontrado na natureza. Os indígenas criam esses animais, pois são utilizados pelos artesãos, principal indumentária das armas, enfeites e demais utensílios da etnia.

Outros animais como a queixada (porco do mato), anta, paca e a cutia, aves como o mutum preto e os gaviões, e até mesmo o peixe tucunaré, estão cada vez mais escassos, outros são raros de encontrar, o desmatamento provocado pelas madeireiras clandestinas aliado ao manejo supostamente controlado, a expansão dos grandes latifúndios agropastoris e a caça sem controle são os principais responsáveis pelo desaparecimento desses animais.

Assim, estes animais que existiam em grandes quantidades nestas regiões, hoje os poucos existentes vivem preservados nas áreas das terras indígenas dispersos em pequenos grupos na floresta ou como já mencionamos anteriormente são criados nas comunidades indígenas para sua função específica, alimentar e cultural.

Esta mudança na vegetação decorrente da substituição da floresta pela agropecuária trouxe grandes modificações. Uma determinada característica geográfica pode funcionar como veículo de dispersão para determinadas espécies e como barreira intransponível para outras. A mudança no solo, os fatores climáticos ocasionados pela nova vegetação resultam na incapacitação para o desenvolvimento do ciclo vital das plantas e animais e impede os vegetais e animais próprios da região de voltarem a colonizar a área (SARDE NETO, 2013).

A CULTURA TRADICIONAL E AS DICOTOMIAS DA CRISTIANIZAÇÃO

Outro elemento de grande importância para a comunidade indígena são os tabocais. A taboca é usada como matéria prima para confecção de vários instrumentos utilizados pela comunidade, e assim como os Kawahib também possuem uma interessante importância mágico-religiosa, que transforma os tabocais em verdadeiros santuários. Os Karitiana fabricam com a taboca: flechas, flautas, pau de chuva, zarabatanas, copos, porta objetos entre outros utensílios domésticos. Os Karitiana circulavam por extensas regiões onde existiam os tabocais, migrando de uma região para outra em pontos estratégicos usando estes vegetais para a manutenção do seu modo de vida.

As aldeias sempre estiveram bem supridas de tabocas, muito usadas na caça e na pesca. Em conversa com o cacique tradicional Antônio Paulo Karitiana ele contou-nos que nos lugares onde existem os tabocais, esses são sagrados, santuários de suma importância, protegidos por forças sobrenaturais.

“Quando uma pessoa indígena encontra um tabocal ele não pode falar para ninguém onde é o tabocal, porque cada tabocal tem os espíritos que protege ele. Se a pessoa falar para outra onde está o tabocal o espírito vai lá e traz doença feia. E quando o branco vai ao tabocal para destruir, os espíritos depois vão lá na casa deles e dá uma doença. Por isso não pode contar onde está o tabocal e nem queimar e destruir. Foi assim que falou meu pai que era cacique tradicional também.” (Antônio Paulo Karitiana, 2011).

Na cultura do povo Karitiana é possível identificar a “árvore da sabedoria”, denominada por eles de copatoma. Esta árvore, para os indígenas, possui propriedades curativas e era muito usada pelos caciques tradicionais do grupo, a etnia movimentava-se também nas regiões onde existia o copatoma, pois acreditam também que a árvore além das suas propriedades terapêuticas dava ao seu usuário um “sexto sentido” para compreender melhor o mundo ao redor.

Os indígenas fazem uma cerimônia religiosa para manipular o preparo do copatoma, que só pode ser administrado pelo pajé. Hoje a árvore tornou-se rara e a influência das inúmeras igrejas e evangélicos vem impossibilitando a transmissão do preparo e da aplicação do copatoma. Antônio Paulo Karitiana o último cacique tradicional dos Karitiana relata com grande tristeza a interferência das igrejas e a destruição das árvores de copatoma pelos fazendeiros e madeireiros.

“Nosso remédio tradicional o Copatoma que nós se protegia das doenças e dos feitiço dos outros índios, protegia nossa casa e nossos filhos. Agora os pastores não querem mais que a gente trabalhe com nossas rezas e nossos remédios. E o fazendeiro e os madeireiros estão destruindo tudo”. (Antônio Paulo Karitiana).

Importante ressaltar que o cacique tradicional e o pajé, são as funções mais emblemáticas da cultura tradicional, pois possuem os conhecimentos dos antigos, as tradições culturais e o domínio da história dos antepassados, ainda possuem a difícil missão de transmitir seus conhecimentos e a sua hierarquia para seus descendentes após suas mortes. Assim, essas antigas lideranças sofrem constantes ataques das novas lideranças: as políticas que são os representantes da comunidade na cidade e perante os não indígenas, e os pastores indígenas que não aceitam mais os antigos costumes.

Sobre a questão religiosa e a interferência de pastores e outros religiosos sobre a população já é antiga, a evangelização dos Karitiana foi inicialmente promovida pela Igreja Católica, que pretendia transformar o indígena em “ser civilizado”, pois segundo essas doutrinas cristãs os indígenas eram considerados promíscuos, boêmios, indisciplinados, indolentes e inconstantes, curiosos, aproveitadores e interesseiros (HUGO, 1991; MEIRELES, 1983; MOSER, 1993). Essa condição imposta aos indígenas e que implicava na negação de sua cultura é descrita por pesquisadores como Moser (1993, p.42) “[...] O índio passava assim por um processo de acelerada mudança na sua cultura, era obrigado a aprender a língua portuguesa, a aceitar a cultura ocidental: vestir pensar e agir igual ao “branco” e aceitar a sua religião. Teve que esquecer sua forma de ser e viver [...]”.

A princípio, a subordinação Karitiana ao cristianismo católico, sob a forma de catequização teve início, aproximadamente, na metade do século XX, sendo que dois indígenas foram batizados na Catedral de Porto Velho na década de 50. (HUGO, II, 1991. p. 259 [1959]). Posteriormente, os Karitiana foram submetidos ao processo de evangelização protestante realizada pelo Summer Institute of Linguistics. Os missionários formaram indígenas pastores e construíram um templo na aldeia. Os membros do Summer foram retirados da área, mas os pastores indígenas continuam a manter contato com o instituto (MEIRELES, 1983, p.108).

Em decorrência das ações missionárias, na atualidade é possível presenciar outras correntes religiosas de origem cristã protestante como a Assembleia de Deus, a Igreja Pentecostal e mais recentemente a Igreja do Porto, além de ex-professores não indígenas que se tornaram pastores e usam da antiga influência para converter e impor medo sobre a comunidade. Esses religiosos não indígenas após o ganho da confiança dos indígenas mais sensíveis, impressionam quando aos gritos, lembram o fanatismo religioso.

A atuação dos pastores indígenas e desses não indígenas pode ser observada em vários âmbitos, iniciando pela interferência política eleitoreira e as ameaças de castigo eterno após a morte com a danação no inferno caso não deixem as antigas práticas culturais. Essas intromissões ocasionam o sincretismo religioso e a intolerância, geram novos caciques políticos, que confrontam as lideranças tradicionais dividindo a atenção dos indígenas e abalando a harmonia dentro da comunidade, colocando os indígenas uns contra os outros, cristãos contra os praticantes da espiritualidade ancestral.

A resistência cultural de algumas famílias contra o assédio dos evangélicos sofre dura oposição, além das rezas, do culto aos antepassados, das crenças nos antigos deuses e das manipulações da medicina tradicional, outras práticas são duramente combatidas pelos pastores. Essas são atestadas constantemente em intrigas criadas, que no fim enfraquecem toda etnia.

Recentemente, surgiu pela disputa da influência entre os indígenas um problema que envolveu a polícia, quando um líder indígena, que é filho do pajé e praticante da antiga religião, foi preso acusado de tentativa de estupro pelo próprio irmão, um carola evangélico rival do próprio pai, que não aceita as antigas práticas.

A esposa do líder indígena arrastado, afirma que ela e seu marido foram ajudar a sobrinha que estava embriagada, e ao prestarem socorro foram abordados pelos beatos que sem querer explicações, pensaram tratar-se de um abuso sexual e imediatamente acionaram sua igreja e a polícia.

A falta de conhecimento e de tato antropológico, levou as autoridades a prenderem preventivamente a liderança indígena até que as investigações fossem concluídas, resultado, o indígena ainda continua preso aguardando o fim das investigações.

Fato interessante é observar os indígenas fanatizados, que rechaçam o pajé e a cultura tradicional, porém, ao depararem-se com problemas que não são solucionados pela sociedade envolvente, sempre recorrem às rezas e aos remédios tradicionais. Esse fato é comumente atestado nas aldeias quando das mordidas de cobras, quando recorrem à medicina tradicional, o syryjpoktap, uma raiz que é batida e seu sumo retirado e administrado ao paciente indígena envenenado, que alguns minutos após tomar o remédio, jorra grande quantidade de vômito e logo em seguida entra num sono profundo que pode durar várias horas.

Atualmente em meio a pandemia do covid-19, o povo Karitiana utiliza um remédio tradicional que consiste da mistura de várias ervas amargas conhecidas por eles. Os adeptos da cultura tradicional acreditam que o coronavírus possui características espirituais, o mais interessante foi terem percebido que todos os Karitiana levados para os hospitais, que foram entubados e receberam tratamento da medicina convencional, morreram.

São comuns os problemas surgidos das influências dos não indígenas, que além das rivalidades, passaram a apresentar enfermidades típicas de habitantes das cidades, como o diabetes, os problemas dentários, alcoolismo, doenças venéreas e outros males (SARDE NETO, 2013). Na pesquisa de campo constatou-se, que em meio a pandemia e o registro de óbitos de membros da comunidade, os evangélicos não indígenas influenciaram e ainda influenciam a comunidade com teorias absurdas e anticientíficas, como a negação da eficiência das vacinas, e até mesmo o questionamento sobre a esfericidade da Terra.

Esses não indígenas incentivam o consumismo, levam para as aldeias produtos industrializados, estranhos ao modo de vida de indígenas e populações tradicionais. Esses por sua vez, acabam por produzir grande quantidade de lixo sem a educação adequada para reciclagem, tratamento, separação e transporte desses materiais.

Enquanto os praticantes da antiga religião aceitam a vacina e também acreditam na ciência, os pastores assustam os indígenas invocando conhecimentos judaicos como a gematria alegando que a palavra “corona” na contagem cabalística equivale aos números 666, o número da besta. Assim, muitos indígenas acabaram não tomando a vacina contra o covid 19. Ainda, os professores indígenas influenciados pelos discursos religiosos dos clérigos na aldeia, ao serem indagados da possível obrigatoriedade da vacina para o exercício do magistério, respondem que preferirão perder o emprego do que tomar vacinas, e ainda obrigam suas esposas e filhos a não tomarem vacinas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O povo Karitiana, é intrínseco ao processo histórico de Rondônia, em especial de Porto Velho, uma etnia super importante no contexto cultural do município. É comum encontrar membros do povo Karitiana em exposições culturais, onde expõem seus artesanatos e suas danças folclóricas. Uma etnia tão significativa para o estado, sofre o assédio constante dos invasores das suas terras, que são auxiliados por políticos locais e religiosos, que tentam acabar com a espiritualidade ancestral.

As lutas pela posse da terra estão em âmbito jurídico onde os dois lados esperam a resolução do conflito, em muitas áreas que passaram por processos de análise histórico-antropológica, os fazendeiros e madeireiros continuam suas investidas mesmo sabendo que as áreas sob litígio não devem ser modificadas, ainda assim esses invasores burlam as autoridades e continuam derrubando as árvores e plantando capim para a utilização de pasto para o gado.

Os madeireiros devastaram praticamente toda a área tradicional fora dos limites estabelecidos pela FUNAI, onde se encontram aldeias e escolas indígenas. A vegetação típica de floresta latifoliada equatorial que predominava na região, está dando lugar aos pastos e plantações de soja.

A intromissão dos religiosos não indígenas dentro das aldeias acaba por plantar a discórdia entre os membros da etnia, os pastores e outros religiosos disseminam a ignorância e o descaso com a ciência, além de levar para dentro das aldeias todo tipo de produtos estranhos ao modo de vida Karitiana, incentivando o consumo de refrigerantes e outros produtos industrializados, que acabam por produzir debilidades alimentares e uma grande quantidade de lixo. São problemas considerados de pouca importância, mas que vem mostrando suas consequências, como as novas doenças, a poluição dos rios e das matas.

Mesmo com o desafio imposto pelo assédio da sociedade envolvente, os Karitiana seguem firmes e confiantes na perspectiva de melhores condições de vida para etnia. Assim, é sempre importante ressaltar que os povos indígenas são os grandes defensores da natureza, graças à manutenção dos seus valores e formas de vida, convertem-se em heróis responsáveis pela preservação da riqueza natural e cultural que caracteriza o nosso imenso país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993.

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SARDE NETO, Emílio. Cosmografia Karitiana: educação e identidade étnica em Rondônia. [Dissertação de Mestrado]. Porto Velho: Universidade Federal de Rondônia, 2013.

SEDUC. Relatório Anual da Secretaria de Estado da Educação SEDUC/RO: Seção de Educação Escolar Indígena da Coordenadoria Regional de Educação de Porto Velho SEEI/CRE/PVH, 2021.

Notas

[1] Território tradicional compreende a área historicamente habitada pelos indígenas pertencentes ao povo Karitiana.
[2] Marcadores de territorialidade, fronteiras étnicas (ALMEIDA SILVA, 2010).
[3] Entende-se por sociedade envolvente o modo de vida não indígena, marcado pelos princípios capitalistas.
[4] Cosmogonia é a interpretação e a concepção cultural, religiosa e teórica de um grupo ou etnia sobre a criação do mundo e seus mistérios através de lendas, história e ciência.
[5] Panema é comumente definida como "falta de sorte", "azar", "infelicidade", e foi com esse sentido incorporada ao vocabulário popular do Norte. Incapacidade, acreditamos, traduz melhor a ideia ou conceito desta crença. Não é apenas uma falta de sorte ou infelicidade ocasional, porém, uma incapacidade temporária que aflige o indivíduo ou objeto, [...]Um pescador ou caçador cujo insucesso repetido não pode ser explicado por causas ou circunstâncias que ele considera "naturais" [...] (GALVÃO, 1956, p. 222-223).
Colaboradores indígenas Antônio Paulo Karitiana
Colaboradores indígenas Cizino Karitiana
Colaboradores indígenas Inácio Karitiana
Colaboradores indígenas Antônio Carlos Karitiana
Colaboradores indígenas Marcelo Karitiana
Colaboradores indígenas Joel Karitiana
Colaboradores indígenas Darlene Karitiana


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