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Proposições metodológicas para ensinar a geografia física na escola, cidade de Manaus – AM
Methodological propositions for teaching physical geography at school, city of Manaus - AM
Revista Presença Geográfica, vol. 10, núm. 1, Esp., 2023
Fundação Universidade Federal de Rondônia

Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 10, núm. 1, Esp., 2023

Recepção: 15 Abril 2023

Aprovação: 19 Abril 2023

Resumo: O presente artigo apresenta um debate sobre o ensino da Geografia, no contexto físico e naturais. A pesquisa surgiu das observações do Estágio Supervisionado II no Ensino de Geografia, na qual observou que os alunos possuíam dificuldades nos conteúdos de Geografia Física. Este artigo objetiva analisar como a Geografia Física deve ser trabalhada no Ensino Fundamental II e sua importância na educação geográfica. Como objetivos específicos, busca-se: Compreender a abordagem dos conteúdos de Geografia na perspectiva físico e naturais; Analisar se o ensino de Geografia Física atende os PCNs e a BNCC; Propor metodologias para o ensino de Geografia Física. A metodologia compreende a pesquisa bibliográfica e documental, com a análise de periódicos e pesquisa de campo com entrevistas dos professores de Geografia do Ensino Fundamental II, cidade de Manaus-AM. Nos resultados, destacam-se que o Ensino de Geografia Física apresenta aulas mais teóricas do que práticas; No nível de aprendizagem dos alunos, verificou-se que nas estratégias didático-pedagógicas, muitos alunos possuem dificuldades na compreensão dos conteúdos geográficos. O ensino de Geografia Física e as perspectivas sugeridas pelos PCNs e BNCC, as duas escolas pesquisadas seguem o planejamento da Secretaria Estadual de Educação-SEDUC e instruções dos PCNs e BNCC, mas trazem poucos conteúdos regionais. As novas linguagens possibilitam várias proposições para a Geografia, destacando as metodologias ativas: Sala de aula invertida, livro digital, Rotação por estações, Jogos didáticos, trabalhando com projetos, História em quadrinhos, O relevo em suas mãos, Jogos de Tabuleiro ou de memória, Maquete das curvas de nível em Eva.

Palavras-chave: Ensino de Geografia, Elementos Físico-naturais, Proposta Metodológica, Formação de professores.

Abstract: This article presents a thread on the teaching of Geography, in the physical and natural context. The research arose from the observations in the Supervised Internship in Geography Teaching II, in which he observed that students had difficulties in understanding physical geography contents. This article aims to analyze how Physical Geography should be worked on in Elementary School II and its importance at geographic education. As specific objectives, we seek to: Understand the approach of geography contents from a physical and natural perspective; Analyze whether the teaching of Physical Geography serves the PCNs and the BNCC; Propose methodologies for teaching Physical Geography. The methodology comprises bibliographic and documentary research, through the analysis of journals and interviews with Geography teachers of Elementary School II, city of Manaus-AM. In the results, it is highlighted that the Teaching of Physical Geography presents more theoretical the classes than practices; At the students' level of learning, it was found that in didactic-pedagogical strategies, many students have difficulties in understanding geographic contents. In the teaching of Physical Geography and the perspectives suggested by the PCNs and BNCC, the two schools surveyed follow the planning of the State Department of Education-SEDUC and instructions from the PCNs and BNCC, but bring little regional content. The new languages allow several propositions for Geography, in which the active methodologies: Inverted classroom, digital book, Rotation by stations, Didactic games, working with projects, Comic book, The relief in your hands, Board or memory games, Model of the level curves in EVA foam.

Keywords: Geography Teaching, Physical-natural elements, Methodological Proposal, Teacher training.

INTRODUÇÃO

Este artigo objetiva analisar como o ensino de Geografia Física deve ser trabalhado no Ensino Fundamental II e como essas temáticas físico e naturais são importantes para o desenvolvimento de uma educação geográfica que contribui com o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da educação básica. Como objetivos específicos, busca-se: compreender a abordagem dos conteúdos de Geografia na perspectiva dos elementos físicos e naturais; analisar se o ensino de Geografia Física atende os PCNs e a BNCC; propor metodologias utilizadas para o ensino de Geografia Física. A metodologia utilizada compreende a pesquisa bibliográfica e documental, com a análise de periódicos, informações disponibilizadas por instituições e sites, bem como a pesquisa de campo por meio de entrevistas com professores de geografia da educação básica no ensino fundamental II, cidade de Manaus-AM.

A pesquisa foi motivada pelas observações durante o Estágio Supervisionado no Ensino de Geografia II, no primeiro semestre de 2016. Durante o estágio, na observação das aulas, verificou-se um interesse significativo por parte dos alunos em relação a disciplina de Geografia no que está relacionado aos elementos físicos e naturais na cidade de Manaus-AM. Observou-se também a maneira com que os conteúdos são repassados em sala de aula e a prática adotada pelo professor em relação ao conteúdo. Partindo desta ótica, a pesquisa irá buscar informações sobre a temática dos elementos físicos e naturais, visto que é contemplada no ensino de Geografia Física e abordada pelo professor em sala de aula, bem como estes conteúdos são aprendidos pelos alunos.

O ensino da Geografia Física é fundamental e de considerável importância para o ensino, pois permite compreender as dinâmicas dos fenômenos encontrados na natureza e suas interações com o ambiente. Uma das formas de conhecer profundamente as dinâmicas da natureza é por meio do contexto escolar, pois as abordagens dos conteúdos possibilitam a construção de uma educação geográfica de forma significativa. Assim, “pensar a prática, a ação didática como o momento da reflexão teórica, permite que a aula seja criativa e transformadora" (CALLAI, 2010, p. 50).

Outro fator que chamou a atenção foi o fato de as escolas não possuírem laboratórios específicos para as aulas de Geografia e informática e não contemplarem aulas práticas de campo, sendo as aulas ministradas essencialmente teóricas promovendo o desinteresse dos alunos em relação a disciplina.

Mediante a estas constatações surgiu a inquietação em saber mais profundamente quais as abordagens adotadas para trabalhar o ensino de Geografia na perspectiva dos elementos físico e naturais pelos professores de duas escolas públicas da cidade de Manaus-AM e como se desenvolve o processo de ensino e aprendizagem.

Na estruturação da fundamentação teórica optou-se em se subdividir em três partes: Ensino de Geografia Física e Prática docente: abordagens e concepções teóricas-metodológicas; Geografia escolar, PCNs e a BNCC: reflexões e desafios para a formação de professores; Novas linguagens para o ensino de Geografia Física: proposições metodológicas para a prática de ensino.

ENSINO DE GEOGRAFIA FÍSICA E PRÁTICA DOCENTE: ABORDAGENS E CONCEPÇÕES TEÓRICAS-METODOLÓGICAS

O saber geográfico se desenvolve mediante a concepção dos conceitos e categorias geográficas. A Geografia é considerada uma ciência humana que se dedica a estudar o espaço geográfico a partir de suas composições e características particulares disponíveis na natureza, visto que se busca compreender a interação da sociedade constituída e a sua relação com os elementos naturais. Nessa área do conhecimento, a partir de suas múltiplas abordagens, buscam-se explicações e interpretações dos conceitos e dos fenômenos geográficos.

Os conceitos geográficos buscam explicar os fenômenos por meio das categorias geográficas: espaço, lugar, paisagem, região e território. Para a análise dos elementos físicos e naturais, é de indispensável importância considerar as categorias geográficas para o desenvolvimento de um pensar geográfico, correspondente a uma educação geográfica, pois elevam a integração dos elementos pesquisados, explicando assim, a sua importância. Nesse sentido:

A finalidade da educação geográfica é contribuir na construção de um pensamento geográfico, quer dizer, desenvolver modos de pensar que envolvam a dimensão espacial. Não é, portanto, simplesmente passar conteúdos disponibilizados em forma de informação como tem sido ainda na tendência de entendimento da Geografia. Pode ser muito mais que isso, na medida em que se considera que formar pensamento espacial pode ser um argumento para se estudar os conteúdos. Estes, por seu lado, podem ser o argumento para desenvolver o pensamento espacial (CALLAI, 2010, p. 16).

Nas aulas de Geografia, professores devem abordar os conteúdos dos elementos físicos e naturais (MORAIS, 2010; 2011) como uma alternativa que seja viável e que contribui para um pensar espacial e na construção de conhecimentos geográficos pelos estudantes da educação básica. Nesse sentido, deve-se utilizar metodologias para o ensino de Geografia Física, objetivando explicar os fenômenos geográficos para os alunos, a partir de uma dimensão que seja mais próximo do real e do seu cotidiano, como por exemplo, as aulas práticas de campo, as experiências em salas de aula e até mesmo a inserção de jogos ou atividades lúdicas, despertando assim, o interesse e a motivação dos estudantes pela disciplina escolar. Portanto:

Reconhecendo que a motivação dos alunos, ou sua disposição para aprender, está relacionada, entre outros fatores, com temas relevantes da contemporaneidade, consideramos que o ensino das temáticas físico-naturais do espaço geográfico cumpre este papel. O professor, ao problematizar esses conteúdos com base em questões socialmente relevantes, contribuirá para que eles se tornem atrativos e significativos para os alunos, de modo que os integrem aos seus conhecimentos. É possível motivar partindo das temáticas relacionadas ao cotidiano, porém os professores precisam dominar os conhecimentos geográficos e didáticos específicos (MORAIS, 2011, p. 197).

O ensino de Geografia, em especial a Geografia Física, possui grande relevância para a formação escolar e social, permitindo ao aluno a formação para a cidadania e a construção de um pensamento geográfico e o desenvolvimento de um pensar espacial e um raciocínio geográfico (MORAIS, 2011; CALLAI, 2010; CASTELLAR, 2010). É necessário que haja mediações dos conhecimentos didáticos dos conteúdos, que possibilitem a compreensão do espaço e de todos os fenômenos da natureza existentes, desde o seu processo de formação até o conhecimento atual. O ensino não deve ser restrito apenas aos conteúdos teóricos, mas deve contemplar também aulas práticas em sala de aula, campo ou laboratório, carecendo ser abordadas e desenvolvidas nessas práticas didático-pedagógicas, os conteúdos do ensino de relevo, solos, rochas, clima.

(..) não há como pensar o ensino desta temática desconectado de uma concepção de Geografia. Concebemos os conteúdos ensinados na escola como “instrumentos” que os alunos utilizam para dialogar com sua realidade dentro e fora da escola. Portanto, ao possibilitar a aquisição de conhecimentos e habilidades, o ensino desta temática auxilia os alunos na formação de conceitos que os preparam para situações de seu cotidiano que extrapolam aquelas já desenvolvidas em sala de aula (MORAIS, 2011, p. 200).

A construção de novos conhecimentos geográficos pelos alunos ao trabalhar as temáticas físico e naturais ocorre quando se possibilita ensinar geografia física não somente dentro da sala de aula, mas fora da sala de aula, perpassando e promovendo rupturas em um ensino de geografia tradicional, e permitindo ir além dos muros da escola, sem desconsiderar a realidade cotidiana do estudante. Deve-se também exercitar o pensamento espacial através do raciocínio geográfico (Quadro 1) para que se possa compreender os aspectos reais do espaço em que se está inserido. A BNCC apresenta um quadro ao qual busca a compreensão dos fenômenos e ordenamento territorial, destacando as conexões existentes entre os elementos físico-naturais e ações antrópicas:

QUADRO 1
Descrição dos princípios do raciocínio geográfico

Fonte: BNCC do Ensino Fundamental, 2018. Organizado por: NASCIMENTO, Rosely dos Santos, 2023.

O professor não deve trabalhar somente os conceitos do livro, é preciso ir além trazendo mais informações e estimulando a construção de um pensar geográfico que possa contribuir para a formação intelectual e crítica do aluno. É necessário que o aluno consiga olhar o mundo e conhecer sua história e os aspectos que envolve a relação entre sociedade e natureza, saiba interpretar o mundo da vida, permita relacionar fenômenos geográficos e a escala local com a escala global (CASTELLAR, 2010). Do ponto de vista específico da Geografia, o professor deve estimular os alunos a observarem os elementos da paisagem e suas particularidades, propondo sempre exemplos e atividades do cotidiano que buscam aprofundar a compreensão dos conteúdos abordados.

Para Cavalcanti (2003, p.192),

Além de conceitos geográficos que definem os conteúdos de ensino, devem ser trabalhados conteúdos procedimentais e valorativos, pois o desenvolvimento do aluno na escola não se restringe à sua dimensão intelectual, mas refere-se também às dimensões físicas, afetiva, social, moral e estética. No caso específico da Geografia destacam-se algumas capacidades e habilidades como a capacidade de observação de paisagens, de discriminação de dados estatísticos, de dados cartográficos, a alfabetização cartográfica.

Geralmente nas aulas de Geografia as mediações adotadas (prática docente métodos/metodologias de ensino) para ensinar a geografia escolar e contribuir com o processo de ensino e aprendizagem são tradicionais (CAVALCANTI, 2003; CALLAI, 2010; CASTELLAR, 2011). Essa forma de ensinar mecanicamente, demonstra que o professor se baseia mais na teoria sem fazer uma ligação com a realidade cotidiana do aluno, pois não faz paralelo com exemplos que são de conhecimento e vivenciado pelo estudante do ensino básico. Além do mais, o livro didático apresenta os conteúdos de forma resumida, comprometendo que a assimilação da aprendizagem seja mais significativa.

Para que as aulas de ensino de geografia física se tornem mais dinâmicas, interessantes e significativas, deve articular a relação estabelecida entre ser humano e natureza e sociedade e espaço, pois “com essa compreensão, o aluno tem condições de ler o mundo relacionando o físico-natural com o social” (MORAIS, 2011, p. 196). De tal modo, as abordagens físicos e naturais, possibilitam aos alunos a compreensão dos fenômenos e fatos geográficos, bem como a construção de um pensamento geográfico na sua totalidade. Ao realizar uma conexão desses fenômenos geográficos a partir dos conteúdos didáticos trabalhados em sala de aula, o aluno alcança o processo de ensino e aprendizagem e se reconhece como um sujeito participativo no espaço onde vive e estuda (CASTELLAR, 2010). Os conteúdos precisam estar lincados com o cotidiano dos alunos, para que haja um detalhamento, contextualização e significação daquilo que está sendo trabalhado na sala de aula, na qual envolve a relação entre sociedade e natureza.

O espaço deve ser tratado com uma totalidade, vinculando as ideias dicotômicas de natureza e sociedade. O espaço deverá ser tratado mostrando o “físico” nem como recurso, nem como algo isolado sem contextualidade e significância no estudo. Precisamos compreender que a natureza enquanto parte do espaço e objeto de utilização dos homens necessita ser conhecida em toda a sua complexidade, salientando o seu processo de formação, trabalhando em detalhes apenas nos momentos em que isto se fizer necessário (CASTROGIOVANNI, 1988, p. 19).

Outro ponto que contribui em relação ao desenvolvimento do ensino de Geografia, é que as aulas tendem a serem mais teóricas-conceituais, sem a presença de dinâmicas para que o conteúdo seja adquirido com mais facilidade e também pela falta de tempo do professor para planejar suas aulas. Muitas das vezes esse docente possui muitas turmas ocupando até as suas horas livres, o que acaba prejudicando a elaboração das aulas. Portanto, um dos desafios impostos aos docentes em geografia está na superação de uma educação estática, inerte e ineficaz, na busca por uma educação de qualidade, criativa e com sentido social (CASTELLAR, 2010).

As aulas não devem ser trabalhadas somente baseadas nos conceitos provenientes do livro didático, fundamentalmente no que tange aos conteúdos do ensino de geografia física, pois nessa abordagem dos elementos físico-naturais requer uma estratégia metodológica que demonstre aos alunos como ocorre os fenômenos e quais as causas, efeitos e os processos geográfico em várias dimensões e escalas espaciais. Para que se possa alcançar uma educação geográfica deve ser abordada em sala de aula as temáticas físico e naturais, elencando as relações entre sociedade e natureza que se concretizam na Geografia escolar (MORAIS, 2011).

É preciso estimular o aluno a compreender os conteúdos de Geografia física e a construir conceitos geográficos, possibilitando-os a ir além do que proposto pelo livro didático. Deve-se apontar novas abordagens e informações de fontes verídicas que possam contribuir para a formação intelectual e crítica dos alunos na disciplina de Geografia, estimulando-os desenvolver mecanismos (novas competências e habilidades) capazes de gerar nos alunos um interesse sobre o ensino de Geografia Física.

Desse modo, ao ensinar Geografia na escola, principalmente o ensino de Geografia física, deve-se pensar em estratégias didático-pedagógicas que sejam mais prazerosas, atraentes e significativas para o aluno da educação básica, cabendo ao professor de Geografia inovação na prática de ensino e estimular a motivação dos alunos pelas aulas da geografia escolar, conforme os objetivos propostos para o desenvolvimento e execução das aulas, corroborando com a construção de novos conceitos geográficos e desenvolvendo o raciocínio geográfico e pensamento espacial (CAVALCANTI, 2003; CALLAI, 2010; CASTELLAR, 2011). Para que haja a emergência de uma educação geográfica pelo aluno da educação básica é necessário:

Pretender fazer a educação geográfica envolve, necessariamente, quem será contemplado por esta educação, isto é, os estudantes da escola básica estão contextualizados no âmbito em que se insere. Responder ao por quê e/ou para quê diz respeito à motivação e aos objetivos que se tem para ensinar Geografia na escola. E o como aborda de que jeito é possível alcançar o grande objetivo/motivação para fazer a educação geográfica (CALLAI, 2010, p. 36).

Estimular os alunos na disciplina de Geografia para uma educação geográfica no ensino de Geografia Física contribui expressivamente para a formulação de novos conceitos geográficos ao pensar as espacialidades, espacializações, territorialidades e territorializações dos processos geográficos que devem ser ensinados na escola. Para Cavalcanti (2003, p.191) “a construção de conceitos geográficos é uma habilidade fundamental para a vida cotidiana. Os instrumentos conceituais são importantes porque ajudam a categorizar o real, a classificá-lo, a fazer generalizações”.

No ensino de geografia, o professor precisa ser o mediador direto no processo do ensino e aprendizagem, devendo dominar os aportes teóricos e metodológicos que fundamentam a ciência e saiba fazer a transposição didática para ensinar a Geografia na sala de aula. Conforme Callai (2010) para ensinar Geografia é preciso considerar três aspectos: o sentido da aprendizagem, para que e como ensinar e as questões metodológicas. Para isso, o professor de Geografia precisa ter o domínio dos conteúdos a serem abordados na sala de aula, fazendo uma comparação com a realidade do estudante, buscando por meio exemplos do cotidiano do aluno promover a articulação com os conteúdos propostos trabalhados na disciplina de Geografia.

Na escola, ensinar Geografia é um desafio, pois é considerada uma disciplina onde o conteúdo pode ser memorizado e os alunos podem de algum modo não atribuir tanta importância. De acordo com Castellar (2010), pode-se afirmar que a geografia escolar se constitui, no decorrer de seu fazer pedagógico que permite que ela se apresente como um conjunto de saberes que decorrem da própria investigação científica, mas que também interferem nessa produção. Os professores até procuram mecanismos para melhorar as aulas de Geografia, que desperte a curiosidade e o interesse dos alunos sobre a temática, mas nem sempre é possível devido às dificuldades enfrentadas na forma de ensinar e aprender Geografia, mais precisamente nos conteúdos referentes aos elementos físico-naturais.

GEOGRAFIA ESCOLAR, PCNs E A BNCC: REFLEXÕES E DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O ensino de Geografia no Ensino Fundamental, está baseado na proposta curricular do Estado e dos PCN, visto que a elaboração do currículo deverá está voltada para as necessidades de aprendizagem do aluno mediante os conteúdos apropriados para o desenvolvimento de suas competências e habilidades. Segundo os Parâmetros Nacionais (PCNs) do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998), o currículo deve ser articulado em torno de eixos básicos orientadores da seleção de conteúdos significativos, tendo em vista as competências e habilidades que se pretende desenvolver no Ensino Fundamental.

A escola possui papel importante na formação do estudante do Ensino Fundamental, pois é o local de instrução capaz de desenvolver habilidades, a partir da construção de conhecimentos correspondentes aos componentes curriculares escolares trabalhados na educação básica, gerando nos alunos novas aptidões e aperfeiçoamento de novas competências e habilidades, sobretudo, no que tange a Geografia escolar. O desenvolvimento de habilidades e o estímulo ao surgimento de novas aptidões na disciplina trabalhada, tornam-se processos essenciais, na medida em que criam as condições necessárias para o enfrentamento das novas situações que se colocam (BRASIL, 1998).

Nas aulas relacionadas aos elementos físicos e naturais, os conteúdos assimilados teoricamente poderão ser mais bem compreendidos quando o professor possibilita a assimilação através do cotidiano em que o aluno está inserido e podem também utilizar os recursos tecnológicos produzindo assim, uma compreensão mais proveitosa e coerente com aquilo que se ensina. Considerar a relação entre teoria e prática como um mecanismo indissociável, significa enriquecer a vivência e os aspectos sociais ao fazer uso dos recursos tecnológicos, passa a ter uma significação especial no desenvolvimento da sociedade contemporânea (BRASIL, 2000), bem como isso contribui para a formação do aluno.

A concepção de inércia na qual os temas físico-naturais aparecem como base, como substrato físico para a ocupação humana, deve ser contraposta às dinâmicas que comumente visualizamos no cotidiano ou através dos canais de informação. Assim, da mesma forma que podemos mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos sobre tsunamis e vulcões para falar do movimento realizado pelas placas tectônicas, é possível utilizar as estradas para falar dos divisores de água, ou os movimentos de massa para falar da vertente (MORAIS, 2011, p. 197).

No Ensino Fundamental II, observa-se uma significativa intensidade para a preparação dos educandos para o Ensino Médio, proporcionando meios que possam capacitá-los. As atividades de Geografia devem despertar no educando habilidades como a pesquisa que busca informações mais aprofundadas sobre os conteúdos propostos, permite o desenvolvimento de pensamento mais aprofundado, produzindo no aluno o interesse em sempre investigar sobre determinado fenômeno. Conforme a BNCC, compreender as particularidades de cada linguagem, em suas potencialidades e em suas limitações, conduz ao reconhecimento dos produtos dessas linguagens não como verdades, mas como possibilidades (BRASIL, 2018, p.5).

Ao ministrar os conteúdos de Geografia Física o professor deve dirigir as abordagens com visão mais ampla dos fenômenos mostrando aos alunos todos os processos que originam, despertando assim, o interesse nas aulas. Portanto, o ensino de Geografia, em especial da Geografia Física, possui grande relevância para a formação escolar do estudante da educação básica. No Ensino Fundamental é necessário que haja mediações de conteúdos que possibilitem a compreensão do espaço e de todos os fenômenos da natureza existentes, desde o seu processo de formação até o conhecimento atual, e o ensino não deve ser restrito apenas aos conteúdos teóricos, mas deve contemplar também aulas práticas de campo e laboratório.

Assim, é papel da escola, e em especial do professor, ajudar o aluno a construir os conhecimentos que lhe permitam realizar essa ação. Para que isso se efetive mediado pelo ensino das temáticas físico-naturais, os conteúdos relevo, rochas e solos devem ser abordados de forma que compreendam as dinâmicas internas a cada um deles e entre eles, bem como as que se estabelecem com a sociedade. Isso não significa que, se ele souber estes conteúdos já pode ser considerado um cidadão, pois tais conteúdos não representam a totalidade, mas parte dela, uma vez que há outros elementos que a compõem. Todavia, sem esse conhecimento o aluno não exerce a cidadania em sua totalidade, pois seu cotidiano também é lido, compreendido com base na relação que ele estabelece com esses temas – a relação entre o todo e as partes. Com essa compreensão, o aluno tem condições de ler o mundo relacionando o físico-natural com o social. É possível, por exemplo, compreender os motivos pelos quais ocorre a ocupação de áreas de risco e por que essas áreas se configuram como tais, compreender os diferentes valores atribuídos ao solo, seja em área urbana ou não, e quais as relações que se estabelecem com as características do relevo e outras questões por eles mesmos problematizadas no seu cotidiano com base nos conhecimentos construídos (MORAIS, 2011, p. 196).

A BNCC orienta que os alunos no Ensino Fundamental II necessitam adquirir habilidades que busquem o conhecimento a partir das temáticas físicos-naturais, dentre essas destacam-se: Conexões e escalas, formas de representação e pensamento espacial, natureza, ambientes e qualidade de vida. As conexões e escalas, está atrelada as distintas temáticas relacionadas as análises dos espaços ao está pesquisando, encaminhando assim, aos alunos a compreenderem as suas relações com os níveis da escala local e até a global.

Segundo Brasil (2018, p.5),

Portanto, no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos precisam compreender as interações multiescalares existentes entre sua vida familiar, seus grupos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas. A conexão é um princípio da Geografia que estimula a compreensão do que ocorre entre os componentes da sociedade e do meio físico natural.

Em relação as formas de representação e pensamento espacial, é importante que os alunos sejam capazes de ampliar os conhecimentos referentes a um mapa, destacando todos os seus elementos, formas de representação, desenvolvendo aprendizagens que estejam interligadas ao raciocínio geográfico. Espera-se que, no decorrer do Ensino Fundamental II, os alunos tenham domínio da leitura e elaboração de mapas e gráficos, iniciando -se na alfabetização cartográfica. O estudo de um lugar a partir da linguagem cartográfica ajuda o aluno compreender as noções que estruturam essa linguagem (escala, legenda, visão vertical e oblíqua entre outras), resultando na leitura e interpretação gráfica de um mapa, a partir da realidade vivida pelo estudante (CASTELLAR, 2010).

No que diz respeito a temática natureza, ambientes e qualidade de vida, espera-se que haja interação entre as questões abordadas pela Geografia Física e Geografia Humana, destacando as instruções com os diálogos físico-naturais do planeta Terra. Esta abordagem no ensino de Geografia para se trabalhar os aspectos físicos e naturais deve ser trabalhado desde os anos iniciais (ensino fundamental I), estendendo para o ensino fundamental II, aonde essas conceitos e abordagens no ensino de Geografia Física devem ser considerados nas aulas de forma crítica e analítica, para o entendimento da transformação do espaço geográfico, na qual envolve ser humano e natureza e sociedade e espaço (MORAIS, 2011; CASTELLAR, 2010; CALLAI, 2010).

De acordo com Brasil (2018, p.7),

No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, destacam-se as noções relativas à percepção do meio físico natural e de seus recursos. Com isso, os alunos podem reconhecer de que forma as diferentes comunidades transformam a natureza, tanto em relação às inúmeras possibilidades de uso ao transformá-la em recursos quanto aos impactos socioambientais delas provenientes.

Na unidade temática natureza, ambientes e qualidade de vida, busca-se a unidade da geografia, articulando Geografia Física e Geografia Humana, com destaque para a discussão dos processos físico-naturais do planeta Terra. No Ensino Fundamental I – Anos Iniciais, destacam-se as noções relativas à percepção do meio físico natural e de seus recursos. Com isso, os alunos podem reconhecer de que forma as diferentes sociedades transformam a natureza, tanto em relação às inúmeras possibilidades de uso ao transformar em recursos, quanto aos impactos socioambientais delas provenientes. Essa noção atrelada a essa unidade temática deve ser aprofundada no ensino fundamental II, considerando a interação entre ser humano e natureza e as formas de uso e produção espacial, sem está desvinculada à realidade cotidiana do aluno.

NOVAS LINGUAGENS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA FÍSICA: PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS PARA A PRÁTICA DE ENSINO

No ensino tradicional, utilizam-se métodos em que o professor é o centro da aprendizagem e somente ele retém todo o conhecimento, os alunos não são protagonistas nesta abordagem, apenas recebem os conteúdos e fazem o uso da memorização por repetição. A utilização de novas metodologias para o ensino de Geografia, proporciona a interação entre aluno e professor facilitando a construção do conhecimento através de métodos que encaminham uma compreensão mais detalhada dos conteúdos, o aluno se sente parte integrante neste processo. De acordo com Castellar (2011, p. 99), “na aquisição do conhecimento, devem-se evidenciar as capacidades de raciocínio por meio da interligação entre os conceitos, possibilitando a organização de uma rede de conceitos que estruturam o conceito-chave que está sendo o principal”. O professor de Geografia deve ter o domínio dos conceitos e das categorias geográficos para que se possa possibilitar uma aprendizagem significativa para o aluno no decorrer das aulas de geografia.

O sucesso das aulas no ensino de Geografia Física se deve a uma boa fundamentação e domínio de conteúdo geográfico dos elementos físicos e naturais, pois o docente em Geografia além de conhecer sua área de atuação, deve apresentar consistência teórica-metodológica no campo da ciência geográfica. Para isso, é necessário planejar todos os momentos com antecedência, objetivando o processo de mediação do conteúdo de maneira clara e utilitária, na qual busque um aprendizado efetivo para os alunos, despertando o interesse para novas descobertas e reflexões sociocríticas.

Assim, é papel da escola, e em especial do professor, ajudar o aluno a construir os conhecimentos que lhe permitam realizar essa ação. Para que isso se efetive mediado pelo ensino das temáticas físico-naturais, os conteúdos relevo, rochas e solos devem ser abordados de forma que compreendam as dinâmicas internas a cada um deles e entre eles, bem como as que se estabelecem com a sociedade (MORAIS, 2011, p. 3).

Ao trabalhar os conteúdos geográficos (conceitos e categorias) no ensino de Geografia Física seguindo uma lógica coesa e sequencial na geografia escolar, é necessário que o professor de Geografia inclua em seu planejamento didático-pedagógico abordagens com intuito de despertar a curiosidade de seus alunos e saiba como/o que/quando ensinar Geografia a partir da seleção das temáticas (conteúdos). Nesse sentido, as propostas metodológicas para ensinar a Geografia Física na escola se configura como uma alternativa significativa e diferenciada para quebra de paradigmas de um ensino tradicional que apenas memoriza conceitos e não promove questionamentos, estimula a criticidade e promove reflexões sobre os fenômenos geográficos que ocorrem no tempo-espaço. A seguir é apresentado o quadro 2 com os eixos temáticos e as propostas para aplicação dos conteúdos sugerido pelos PCNs:

QUADRO 2
Proposições metodológicas para o ensino de geografia no ensino fundamental II

Fonte: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs- Ensino Fundamental, 1998). Elaborado por: NASCIMENTO, Rosely dos Santos, 2023.

As proposições metodológicas, por sua vez possibilitam uma estratégia didático-pedagógica que representa uma dinamicidade ao promover a explanação do conteúdo que está sendo abordado, através da ludicidade e criatividade. Os alunos envolvidos em atividades em grupo, por exemplo, sociabilizam-se e interagem na temática proposta, e consequentemente irá adquirir informações mais precisas. Portanto, para Rupel (2008-2009, p. 5), “ao participar de atividades lúdicas o educando desenvolve a imaginação, pratica a interação e a integração com os colegas e essas ações favorecem uma aprendizagem de qualidade em todas as áreas do conhecimento”.

Outra sugestão de abordagem é direcionada pela BNCC no Ensino Fundamental II, que direciona a disposição dos conteúdos de geografia física e devem estar de acordo com a realidade dos alunos e o meio pelos quais estão inseridos para a construção de uma educação geográfica associada ao cotidiano do estudante, estabelecendo o sentido da construção de identidade e o sentido do lugar para a compreensão do mundo na relação tempo-espaço. Nesse sentido:

Ao mesmo tempo, a educação geográfica contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de diferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros e, por isso, convictos das nossas diferenças (BRASIL, 2018, p. 359).

Essa dimensão do vivido do aluno deve ser considerado em sala de aula ao trabalhar as aulas de Geografia, sendo que nos conteúdos de geografia física o uso dessas novas linguagens, utilizando-se as metodologias ativas (CASTELLAR, 2011; ASSUNÇÃO E SILVA, 2020) são fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem do aluno e tornar as aulas mais dinâmicas, interativas, interessantes e dotadas de significados, como os conteúdos exemplificados de cartografia, solos, bacias hidrográficas, vegetação, relevo, rochas, clima e as demais temáticas físico naturais da disciplina escolar de Geografia. A partir das pesquisas realizadas sobre o Ensino de Geografia Física, mostram que grande parte dos professores de Geografia da educação básica possui dificuldades em desenvolver o conteúdo na sala de aula, dificultando a compreensão dos alunos. Assim, tais fragilidades são derivadas da formação inicial dos professores de Geografia, carecendo investimentos na sua formação continuada.

A utilização de metodologias ativas para o ensino de Geografia Física acaba sendo indispensável. Nas metodologias ativas destacam-se alguns métodos que podem ser utilizados na construção do conhecimento, como por exemplo: A sala de aula invertida, livro digital, Rotação por estações, jogos didáticos e projetos. Todas essas metodologias e a construção de novas linguagens para a Geografia escolar são utilizadas para melhor trabalhar os conteúdos de maneira mais detalhada, dinâmica e lúdica, objetivando facilitar a compreensão dos conceitos geográficos pelos alunos e a aplicabilidade de tais conceitos e categorias nas suas respectivas realidades cotidianas.

Para Assunção e Silva (2020), as metodologias ativas de ensino se caracterizam porque o aprendiz tem controle da sua aprendizagem, possuindo uma atitude crítica e construtiva, resultando na construção de um sujeito com mais autonomia e protagonista da sua própria aprendizagem. Sendo assim, para uma melhor compreensão de tais metodologias ativas para desenvolver o ensino de Geografia Física. A seguir, destacam-se algumas proposições didático-pedagógicas:

Sala de aula invertida: consiste em uma aprendizagem que não é realizada somente na sala de aula, os alunos realizam atividades em casa como resumo de livros, assistem vídeos, pontuam as suas dúvidas e esclarecem com os professores, otimizando o processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Bergmann (2018), a sala de aula invertida é o que tradicionalmente era executado em sala de aula, passa a ser executado em casa, configurando-se como uma atividade que era tradicionalmente que era realizada como trabalho de casa, agora passa a ser realizada em sala de aula.

Livro digital: possibilita a mediação do conteúdo que vai além da sala de aula. Os alunos têm acesso aos conteúdos a qualquer momento de maneira digital, com informações adicionais que enriquecem o entendimento. Em sala de aula o professor poderia auxiliar a criação de um livro digital utilizando o Canva, por exemplo. Para isso, seria necessário que todos os alunos possuíssem um tablet ou smartphone e cada um poderia criar e compartilhar conteúdos (estudantes criadores de conteúdos geográficos), a partir dos ensinamentos repassados em sala de aula. Por exemplo, o professor ao explanar sobre a Floresta Amazônia, abriria um leque de opções e possibilidades para o aluno, que além deste ter acesso ao conteúdo do livro didático para a construção de seus conceitos e conhecimentos geográficos acerca dos elementos físico e naturais acrescentado do uso de linguagens das imagens, estimulava-os para o desenvolvimento de pesquisa em Geografia na escola e o manuseio de ferramentas tecnológicas (uso de geotecnologias para o ensino de geografia).

Rotação por estações: São trabalhados os conteúdos divididos em estações, de modo que todos os alunos participem. O professor possui um papel de mediador que acompanha todo o desenvolvimento das estações e também esclarece as dúvidas pontuadas pelos alunos. Nesta modalidade, podem ser utilizadas várias abordagens de acordo com o tema trabalhado. Por exemplo, ao estudar os Biomas Brasileiros, é possível estimular o estudante o gosto pela pesquisa na disciplina de geografia, pois ao buscar mais informações sobre o tema de ensino de Geografia Física no ensino fundamental II, este deve utilizar de ferramentas e ou canais digitais (uso da internet). O uso de novas linguagens é importante para o alcance do ensino e aprendizagem do estudante, pois ao dividir as salas em estações, pode-se utilizar de exposições de fotografias, vídeos, jogos didáticos, dentre outras linguagens e estratégias metodológicas.

Jogos didáticos: a inserção dos jogos didáticos no ensino da Geografia, possibilita que os alunos aprendam de maneira lúdica e dinâmica os conteúdos abordados em sala de aula, podendo ser utilizados jogos prontos disponibilizados em ferramentas e/ou canais digitais ou podendo ser criados e distribuídos para que os alunos tenham acesso. A elaboração desses jogos didáticos para os alunos compreenderem os conteúdos Geografia Física pode ser produzido com uso de geotecnologias (games) ou com a construção de materiais que serão confeccionados manualmente pelo professor de geografia e disponibilizados aos alunos, de acordo com o modo de vida e a cultura da escola, do aluno e da comunidade. Segundo Assunção e Silva (2020), as plataformas digitais tendem a se adaptar às necessidades dos estudantes e possibilita visibilidades, considerando o respeito ao ritmo, os avanços e dificuldades de cada um. Nesse contexto, os professores de Geografia devem incluir em seus planejamentos didático-pedagógicos e oriente atividades que faça uso de novas linguagens para a geografia escolar, e a linguagem dos jogos é uma alternativa além de dinâmica contribui com uma aprendizagem significativa.

Trabalhando com projetos: esta prática de campo possibilita a interação entre os alunos, professores e a sociedade/espaço onde é desenvolvido o trabalho no ensino de geografia física. Para realizar essas ações, buscam-se alternativas metodológicas que contribuam com o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, além de contribuir para a melhoria das rotinas escolares, pois são sempre projetos que visam a melhoria contínua da instituição de ensino e da comunidade escolar, colocando o aluno ao desenvolver tais atividades de campo como sujeitos ativos no processo educacional. É indispensável que o professor utilize metodologias ativas nas aulas de geografia na escola e, principalmente, nos conteúdos que abordem os elementos físico e naturais, pois as suas abordagens devem estar voltadas para uma aprendizagem contínua e dinâmica, contribuindo positivamente no que se quer ensinar. Assim, a formação continuada do professor precisa de atualizações constantes, para que haja um fortalecimento dos elementos que consistem em dinamizar e tornar eficaz os ensinamentos, pois os alunos sentirão vontade e curiosidade ao aprender os conhecimentos repassados e que serão construídos, por meio dos trabalhos com projetos que estimulem a pesquisar.

História em quadrinhos- esta atividade tem como objetivo dinamizar o conteúdo repassado nas aulas teóricas sobre a explanação dos conteúdos da temática físico naturais, como por exemplo, as estações do ano, bem como estudos das rochas e do relevo, destacando em cada cena das charges e/ou tirinhas, além da dimensão conceitual deve considerar aspectos visuais (uso das imagens), destacando as características que abordam cada particularidade do conteúdo trabalhado em sala de aula.

O relevo em suas mãos- consiste na utilização de massinha de modelar para formar as principais formas de relevo, possibilitando com que o aluno identifique a forma, a estrutura e o processo. Assim, o aluno ao realizar a atividade, poderá verificar os movimentos delineados de cada tipologia, motivando o estudante a conseguir entender o conceito (trabalhado anteriormente) e os tipos e características do relevo.

Jogos de Tabuleiro ou de memória- nesta modalidade é possível de maneira lúdica verificar os conhecimentos adquiridos nas aulas, e compartilhar informações treinando a lógica e percepção dos fenômenos estudados. Nessa atividade cartográfica, o aluno identifica formas de orientação, localização e representação no espaço, a partir do desenvolvimento das noções de lateralidade, a exemplo dos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.

Maquete das curvas de nível em Eva- com a construção da maquete, pode-se observar não somente as formas de relevo, mas também outros fatores como: os tipos de solos existentes, tipos de vegetações (dependendo da temática) e os canais fluviais (quando houver). Podem utilizar maquetes com a representação de imagens bidimensional ou tridimensional.

Os PCNs sugerem que no Ensino Fundamental II sejam utilizados os recursos tecnológicos para que as aulas não fiquem somente na teoria. Para que possamos compreender bem a realidade dos fatos e buscar explicar se a realidade das escolas condiz com os PCNs, buscou-se essa constatação através de um diálogo com dois professores de duas escolas públicas da rede estadual de ensino, no qual denomina neste artigo como Escola 1 e Escola 2, e obteve-se a seguinte informação:

A escola 1 informou que a instituição possui um laboratório de informática, porém não é utilizado, pois a maioria dos computadores não funcionam e não possuem internet adequada para a utilização dos alunos. Por sua vez, a escola 2 afirma que as intenções da escola são a inserção dos alunos no mundo tecnológico, porém a escola não possui nenhum laboratório de informática para a utilização dos alunos, dificultando as atividades que necessitam deste instrumento para serem executadas.

O ensino de Geografia Física tende a ser mais conteudista (aulas teóricas) nas duas escolas da Rede Estadual de Educação, fomentadas e administradas pela SEDUC-AM (Secretaria Estadual de Educação do Amazonas), carecendo das aulas da disciplina de Geografia articular as leituras teórica-conceituais com o uso de imagens. A falta de aulas com práticas de campo ou de um laboratório dificulta a aprendizagem com mais êxito, os alunos podem até imaginar o desenvolvimento dos processos e/ou fenômenos espaciais e ter em mãos um manual ou dispor da utilização de técnicas instrumentais para identificação das características e das causalidades, mas desconhecem os fenômenos pela falta da abordagem prática que se aproximem da realidade. Para minimizar tal problema, a utilização dos recursos tecnológicos é indispensável e é incentivado pelos PCN.

Verificou-se que as problemáticas enfrentadas pelas escolas estariam ligadas ao fato de não possuírem recursos financeiros para a aquisição de um laboratório específico, falta de um veículo adequado para a aula de campo e tecnologia precária que impossibilitava a adequação de um laboratório de informática para aulas que necessitasse da utilização de softwares. Os professores possuem dificuldades de ensinar os conteúdos que dependem de tecnologia, e até mesmo de deslocamento para observação em campo tem dificultado as abordagens práticas. A inserção de metodologias ativas na sala de aula proporciona aos professores ferramentas capazes de dinamizar as aulas, a criatividade juntamente a adequação dos conteúdos, possibilitando a ampliação das informações e construção de conhecimentos que são repassadas nas aulas.

As abordagens dos elementos físicos-naturais no Ensino Fundamental II nas duas escolas pesquisadas, seguem o planejamento realizado pela Secretaria Estadual de Educação que organizou os conteúdos de acordo com as instruções dos PCNs, e as adequou para os anos finais deste nível de ensino, porém possui poucos conteúdos voltados ao âmbito regional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas atividades desenvolvidas, observação documental de órgãos e entrevista com os professores de Geografia, foi possível concluir que existe uma necessidade de se ampliar os mecanismos didático-pedagógicos para melhor trabalhar os conceitos da Geografia, mais especificamente sobre os elementos físicos e naturais nas escolas. Nas duas escolas pesquisadas encontrou-se alguns fatores que interferem diretamente no processo ensino aprendizagem, um desses obstáculos é que essas duas escolas da Rede Estadual de Educação, administradas pela SEDUC-AM Secretaria Estadual de Educação do Amazonas, não possuem laboratórios qualificados para a execução das atividades práticas, visto que não se deve ensinar os conteúdos da Geografia física baseados somente na teoria que os livros didáticos trazem, deve-se proporcionar aos alunos possibilidade de compreender os fenômenos através das aulas de campo.

A construção de um ensino de Geografia de qualidade no âmbito dos elementos físico-naturais é de grande relevância. Uma boa abordagem dos conteúdos de Geografia Física se dá através do despertar do interesse pelos processos que ocorrem na natureza e a investigação dos fatores que promovem estes processos e suas relações com o meio, buscando respostas para a compreensão de como ocorrem essas interações. Os ensinamentos através das novas linguagens (novas metodologias de ensino) no decorrer dos processos educativos, são muito importantes para o desenvolvimento cognitivo dos educandos, pois irá refletir positivamente em sua vida, abrindo inúmeras possibilidades para a construção do conhecimento e fundamentação posterior de sua trajetória profissional.

É indispensável lembrar que a Geografia no Ensino Fundamental II deve receber seus conteúdos propostos com metodologias voltadas para uma educação que possa proporcionar ao aluno uma interação no ambiente escolar, a partir de suas próprias vivências. As atividades práticas em sala de aula despertam interesse dos alunos em relação aos conteúdos, proporcionando o processo de ensino aprendizagem mais sólido. Portanto, é preciso modificar as aulas teóricas e incentivar a realização de aulas com mais dinamismo que resulte na compreensão dos fenômenos geográficos com mais facilidade, ampliando os seus conhecimentos adquiridos de forma significativa e possa atingir o processo de ensino e aprendizagem.

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