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A Praça da Saudade como Sentimento: uma análise dos processos de (Des)Centralização na Cidade de Manaus
The Praça da Saudade as a Feeling: an analysis of the processes of (De)Centralization in the City of Manaus
Revista Presença Geográfica, vol. 10, núm. 1, Esp., 2023
Fundação Universidade Federal de Rondônia

Revista Presença Geográfica
Fundação Universidade Federal de Rondônia, Brasil
ISSN-e: 2446-6646
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 10, núm. 1, Esp., 2023

Recepção: 15 Abril 2023

Aprovação: 19 Abril 2023

Resumo: A Praça 5 de Setembro, popularmente conhecida como Praça da Saudade está localizada no Centro Histórico da Cidade de Manaus, entre as ruas Epaminondas, Ramos Ferreira, Ferreira Pena e Simão Bolívar, e é o objeto e recorte desta pesquisa. Este espaço público, com origem em 1895, possui uma longa e complexa história, pois foi cenário de diversos usos e apropriações. O objetivo deste trabalho será, portanto, constituir estes diferentes usos e apropriações em uma concisa linha cronológica, evidenciando o período entre 1975 e 2007, o qual marcou a memória saudosa de seus frequentadores. Compreendemos, ainda, como os processos de centralização (SOUSA, 2021) e descentralização (LEFEBVRE, 1999) da Cidade de Manaus afetaram e ainda poderiam influenciar este espaço. Por meio de uma metodologia bibliográfica e o método histórico-crítico-dialético, organizamos esta pesquisa em duas seções. Na primeira intitulada: “A História e suas Apropriações”, além de apresentar a narrativa deste espaço público, analisamos comentários sobre as vivências neste lugar, por meio da página “Manaus de Antigamente”, na plataforma Facebook. Na segunda e última seção intitulada “Centro e (Des)Centralizações”, buscamos compreender juntamente ao objetivo central, as policentralidades presentes na Cidade de Manaus e como elas influenciam a busca por lazer.

Palavras-chave: Espaço Público, Praça da Saudade, Lazer.

Abstract: Praça 5 de Setembro, popularly known as Praça da Saudade, is located in the Historic Center of the City of Manaus, between Epaminondas, Ramos Ferreira, Ferreira Pena and Simão Bolívar streets, and is the object and focus of this research. This public space, which dates back to 1895, has a long and complex history, as it has been the scene of various uses and appropriations. The objective of this work will be, therefore, to constitute these different uses and appropriations in a concise chronological line, highlighting the period between 1975 and 2007, which marked the nostalgic memory of its regulars. We also understand how the processes of centralization (SOUSA, 2021) and decentralization (LEFEBVRE, 1999) of the City of Manaus affected and could still influence this space. Through a bibliographic methodology and the historical-critical-dialectic method, we organized this research into two sections. In the first one entitled: “History and its Appropriations”, in addition to presenting the narrative of this public space, we analyze comments about the experiences in this place, through the page “Manaus de Antigamente”, on the Facebook platform. In the second and last section entitled “Center and (De)Centralizations”, we seek to understand, together with the central objective, the polycentralities present in the City of Manaus and how they influence the search for leisure.

Keywords: Public place, Health Square, Leisure.

INTRODUÇÃO

A Praça da Saudade, localizada entre as ruas Epaminondas, Ramos Ferreira, Ferreira Pena e Simão Bolívar, possui uma longa e complexa história. O objetivo deste trabalho será constituir os diferentes usos e apropriações vivenciados por este espaço público, a partir da percepção de seus frequentadores. Compreendendo, ainda, como os processos de centralização e descentralização da Cidade de Manaus afetaram e ainda poderiam influenciar este espaço.

Para isso, foi utilizado o uso de mídias sociais, para a coleta de dados primários e secundários, a utilização deste artificio foi fundamental para obter informações preciosas de frequentadores do espaço estudado, além da obtenção de imagens antigas do recorte. Vale ressaltar que a pesquisa também possui metodologia bibliográfica, pois a partir de Gil (2002, p. 44), compreendemos que uma análise pautada e delimitada apenas em dados extraídos de livros, artigos científicos, dissertações e teses define o caráter bibliográfico.

Portanto, salientamos que a dissertação intitulada “Praça da Saudade: camadas de sentimentos soterrados”, de Gabriel Ranciaro (2020), norteará a maior parte deste trabalho. Como método, adotamos o histórico-crítico-dialético (SPOSITO, 2004), a fim de analisar as relações de significado e contradições que constituem e permeiam o recorte desta pesquisa, a Praça 5 de Setembro, popularmente conhecida como Praça da Saudade.

Portanto, o trabalho está organizado em duas seções. A primeira seção intitulada “A História e suas Apropriações”, tem como objetivo construir uma concisa linha histórica da Praça da Saudade, associando-a aos conceitos de uso e apropriação, para isso, possui dois tópicos: “De Largo à Saudade”, onde será apresentada uma linha histórica em três camadas: Primeira Geração, de 1865 a 1962; Segunda Geração, de 1962 a 2010; e Terceira Geração: de 2010 a 2020; e “As diferentes Saudades”, onde analisaremos, com ênfase no período 1975 e 2007, as diferentes apropriações e usos do espaço, a partir da percepção do sentimento de Saudade, exposta pelos seus frequentadores em uma rede social.

Na segunda seção intitulada “Centro e (Des)Centralizações”, somos guiados pela seguinte hipótese “Se a era de 1975 a 2007 da Praça da Saudade voltasse, seria tão solicita quanto antes?”. Para analisar possíveis possibilidades, tecemos uma discussão que se pauta nos seguintes conceitos: expansão urbana; centro; centralidade, descentralização e policentralidade. A partir deles, analisamos, portanto, a Cidade de Manaus, seu Centro e suas expansões, buscando visualizar como esses processos influenciam a busca e oferta por lazer.

A HISTÓRIA E SUAS APROPRIAÇÕES

Nesta seção, pretendemos construir uma concisa linha histórica da Praça da Saudade, associando-a aos conceitos de uso e apropriação, direcionados aos objetivos desta pesquisa. A linha histórica perpassará desde a inauguração como praça, apresentando as justificativas dos seus nomes e tudo que a permeou, até os dias atuais.

Para o primeiro ponto, iremos mesclar duas linhas: a de Marcos Marinho e Daniel Lima, no artigo “Praça da Saudade: Patrimônio histórico e cultural da cidade de Manaus”; e a de Gabriel Ranciaro, na dissertação “Praça da Saudade: camadas de sentimentos soterrados”, salientando comentários de Maria Evany do Nascimento, na tese “Do discurso à cidade: políticas de patrimônio e a construção do espaço público no centro histórico de Manaus” e observações de José Aldemir de Oliveira e Soraia Magalhães, no artigo “Circulação na Manaus da Belle Époque: Modernização e Exclusão”. Para o segundo ponto, utilizaremos os conceitos reunidos por Eneida Maria Mendonça, no artigo “Apropriações do espaço público: alguns conceitos”.

DE LARGO À SAUDADE

Ranciaro apresenta uma linha histórica para a Praça da Saudade em três camadas. Iremos apresentar cada uma delas, mesclando aos detalhamentos apresentados por Lima e Marinho. As três camadas são: Primeira Geração, de 1865 a 1962; Segunda Geração, de 1962 a 2010; e Terceira Geração: de 2010 a 2020. Segundo o autor, essa organização se justifica pelas suas principais reformas que resultaram em seus diferentes usos e sentidos (2020, p. 30). A primeira fase é representada pela sua inauguração, a segunda seria a instalação do Palácio da Cultura em suas mediações e a terceira e última fase seria a retomada ao molde inicial.

Nesta primeira fase da linha temporal, iniciamos pelas nomeações deste espaço. Originalmente nomeada de Praça 5 de Setembro, advém da “colocação do Monumento que homenageia a Província do Amazonas e o seu fundador, Tenreiro Aranha. A elevação do Amazonas à categoria de Província aconteceu em 5 de setembro de 1850” (NASCIMENTO, 2014, p. 97). Quando ela ainda era apenas um Largo sem jardins e nivelamento (Figura 1), suas fronteiras eram entre o Instituto de Educação do Amazonas (IEA) e o extinto Cemitério São José (Figura 2), com cerca de 12,6 mil metros quadrados. Segundo os pesquisadores Marinho e Lima, “a denominação (Praça da Saudade) que foi consagrada pela população, talvez pelo fato da praça abrigar os vendedores de coroas de flores, velas e também por ser um ponto de encontro das famílias que lá se reuniam durante as visitas ao cemitério, chamando o espaço de Largo da Saudade” (MARINHO; LIMA, 2017, p.4).


FIGURA 1
Largo da Saudade
Fonte:RANCIARO, 2020


FIGURA 2
Fronteira com o Jardim do Cemitério São José
Fonte:RANCIARO, 2020

Em 1893, o Cemitério São José foi desativado, o que resultou em diversas modificações não apenas para praça, mas como também em seus entornos ao longo dos anos. Em relação ao lugar onde ficava o cemitério, ele foi cedido para a construção do Atlético Rio Negro Club (Figura 3); a Praça recebeu o monumento[1] citado anteriormente em homenagem ao Tenreiro Aranha; e a cidade também passou por mudanças. Marinho e Lima comentam como era perceptível que “o Governador Eduardo Gonçalves Ribeiro, também resolveu adotar a política de embelezamento das cidades, provavelmente influenciado pelo modelo parisiense, iniciados pelo Barão Hausmann[2] (2017, p.5). Uma associação relevante, tendo em vista que Manaus ficou conhecida como “A Paris dos Trópicos”. Os autores acrescentam ainda que na “gestão de Eduardo Ribeiro, também fazia parte do projeto, a implantação dos bondes (Figura 3), como sistema de transporte coletivo para atender a cidade” (MARINHO; LIMA, 2017, p. 5).


FIGURA 3
Atlético Rio Negro Club e o Bonde
Fonte: RANCIARO, 2020


FIGURA 4
Encomenda da Planta Baixa
Fonte:RANCIARO, 2020

José Aldemir de Oliveira e Soraia Magalhães ao tecerem comentários sobre o Código Municipal de Manaus implantado por Eduardo Ribeiro e publicado em 1893, fazem reflexões imprescindíveis para a introdução do segundo tópico desta pesquisa intitulado “O Centro e a (Des)Centralização”. Neste código, constavam diversas diretrizes sobre o conceito de uma cidade moderna, além de posturas que deveriam socialmente ser seguidas com objetivo de promover a estética visual da Cidade. Oliveira e Magalhães explicam sobre:

A idéia da introdução dos bondes elétricos surgiu vinculada a outros implementos de infra-estrutura, sendo justificada em função da necessidade de promover o crescimento urbano, especialmente durante o processo de comercialização da borracha no mercado internacional, criando grandes receitas para o poder público local e carreando recursos para a modernização da infra-estrutura urbana (OLIVEIRA; MAGALHÃES, 2003, p. 45)

Essas obras tinham por fim o “ordenamento” da Cidade com o aterramento de vários igarapés na área central (Figura 4), bem como a implantação de pontes para interligação das áreas urbana e suburbana, com modificações das condições morfológicas da Cidade, visando à construção da rede elétrica e dos trilhos, sinais da modernidade na selva (OLIVEIRA; MAGALHÃES, 2008, p. 46).

Uma desculpa palpável para esta ampliação e modernização seria os dados de um intervalo entre 1848 e 1897, ou seja, em 49 anos a população manauara saiu de 3,640 para 45.000 habitantes. Porém, Oliveira e Magalhães definem essas mudanças mórficas e sociais por como “signo da violência contra a natureza e especialmente contra a cultura” e complementam ao dizer que “a adoção de um urbanismo que foi esquadrinhando a cidade surgiu como uma maneira de intervenção no espaço, fragmentando-o, ocupando-o aos pedaços” (2008, p. 48). Esse esquadrinhamento pode ser visualizado por meio da Carta Cadastral da Cidade e Arrabaldes de Manáos, em 1895, encomendada pelo governador Eduardo Ribeiro, onde foi apresentada a planta baixa de Manaus, representada na Figura 4(RANCIARO, 2020, p. 19). Ainda para Oliveira e Magalhães, essa urbanização tinha apenas a finalidade de “inserção de Manaus e da Amazônia na escala mundo” (2008, p. 48). As intenções ao buscar influências europeias, gerou este esperado resultado: o reconhecimento. Apesar da modernização, Oliveira e Magalhães alertam para o que se tornou uma crítica realidade:

As medidas disciplinadoras tinham várias finalidades, dentre as quais a de excluir a população mais pobre que estaria alijada dos investimentos implantados para o atendimento do embelezamento da Cidade. A estratégia consistia em criar dificuldades de circulação para as pessoas que dependeriam dos mecanismos de locomoção para os diversos afazeres da vida urbana, principalmente acesso aos postos de trabalho (e que não havia suficientes para dar conta da demanda de desempregados). O controle da circulação urbana se dava principalmente pela limitação das linhas concentradas na parte central da cidade e pela tarifa (OLIVEIRA; MAGALHÃES, 2008, p. 51).

Ou seja, o que estava disfarçado como melhorias, logo se tornou um processo de exclusão social. As promessas de expansão de linhas para os bondes não foram cumpridas; além das orientações impostas para as construções e repaginações de moradias que não puderam ser adotadas pela maioria dos no Centro habitavam, por não possuírem recursos para tal. O que resultou as orientações na busca por moradias mais afastadas, onde as condições eram de mínima infraestrutura (OLIVEIRA; MAGALHÃES, 2008, p. 51). Esta (des)centralização será comentada na próxima seção.

A segunda camada que ocorre de 1962 a 2010 é a ênfase desta pesquisa. Em um intervalo de 48 anos, a Praça da Saudade recebeu diversos usos e passou por diferentes apropriações. Nascimento (2014), ao apresentar espaços públicos do Centro Histórico da cidade de Manaus, ela os dividiu em duas categorias, os “revitalizados” e os “não-revitalizados”. A Praça da Saudade encontra-se na primeira categoria, por sua revitalização no ano de 2010. Mas, acrescenta um comentário sobre alguns aspectos físicos da praça antes desta revitalização:

[...] passou por mudanças no traçado que a deixaram com espaços demarcados como parte alta e parte baixa: a parte alta era formada por árvores, lago artificial com fonte e duas esculturas em bronze, além de vários bancos em cimento; a parte baixa mantinha um pequeno parque de diversões para crianças, o monumento à Tenreiro Aranha, um palco circular de cimento e um prédio da Suhab, de frente para a Avenida Epaminondas (e para o prédio do Atlético Rio Negro). Em 2000, houve uma intervenção na praça no sentido de recuperação do espaço degradado. Nesse período a fonte artificial foi dotada de peixes e alguns quelônios, e as esculturas (Homem pré-histórico e homem moderno) pintadas (NASCIMENTO, 2014, p. 97)

Ranciaro comenta que “o mais complicado e confuso, entretanto, é tentar entender certas tomadas de decisões dos políticos de Manaus” (2020, p. 112), pois em relação às esculturas do Homem pré-histórico e do Homem Moderno, houve a remoção e depois a realocação em sentidos opostos, para atualmente elas se encontrarem no jardim do Paço Municipal. Para tentar entender esta complexidade, em sua dissertação, Ranciaro detalha esta segunda fase da Praça em três momentos, nomeados de: “O Prédio na Praça”; “A Praça do Avião” e “A Praça Cultural”.

Na gestão do Prefeito Josué Claudio de Souza, ocorre a fase “Prédio na Praça”, o intervalo de tempo seria entre 1962 e 1975, para Ranciaro “a instalação do Palácio da Cultura foi o primeiro passo para uma nova grande reforma na morfologia da Praça da Saudade”, na extremidade da Avenida Epaminondas, além da instalação de um tanque com iluminação e duas estátuas de bronze: a do Homem Primitivo e a do Homem Moderno; entre elas uma fonte com chafariz, na extremidade da Rua Ferreira Pena. Naquela época, os caminhos para passeios passaram a se entrelaçar e sobrepor-se (Figura 5)(RANCIARO, 2020, p. 104).


FIGURA 5
Reestruturação em 1962
Fonte: RANCIARO, 2020


FIGURA 6
Reestruturação em 1975
Fonte: RANCIARO, 2020

“A Praça do Avião” representa o intervalo de tempo entre 1975 e 1986. Segundo Ranciaro, “essa reforma, altera a morfologia da praça mais uma vez. O passeio é reformulado e o sentido da praça volta-se para que suas atrações atendam ao desejo de cidade guiado pela modernidade”. Na gestão do Prefeito Jorge Teixeira, a praça passou a contar com um estacionamento, na extremidade da Rua Simon Bolívar; a instalação de um avião DC-3 em tamanho real, na extremidade da Rua Ramos Ferreira; e entre eles um playground composto por brinquedos de ferro para crianças (Figura 6)(RANCIARO, 2020, p. 107). Marinho e Lima contam que “a presença do avião na Praça da Saudade foi doada pela empresa Cruzeiro do Sul que também incorporava as suas coirmãs Varig, e Rede Tropical de Hotéis, como forma de homenagear a região amazônica” (2017, p. 9). Entretanto, após sete anos, ao ter suas peças vendidas, o avião que era uma atração para as crianças e jovens (Figura 7), foi desmontado e removido da Praça da Saudade fechando mais um ciclo na segunda camada.


FIGURA 7
Crianças e Jovens da Primeira Geração
Fonte: Página do Facebook Manaus de Antigamente

Para uma compreensão do foco desta pesquisa, organizamos as imagens em Primeira Geração (Figura 7) e Segunda Geração (Figura 8). Identificamos a primeira geração como os jovens e crianças que tiveram sua infância e juventude marcadas pela “Praça do Avião” e a segunda geração seria marcada pelo o que denominamos de a “Praça dos Brinquedos”, que são os períodos de tempo entre 1986 e 2010, definido por Ranciaro como “A Praça Cultural”. Para ele, durante reformas feitas na gestão do Prefeito Manoel Ribeiro, “é proposto um novo sentido à praça, que se inclina à promoção do lazer e da cultura” (2020, p. 110). Exemplo disso seria a instalação de um Anfiteatro (Figura 9), “com capacidade para 240 pessoas sentadas, construído atrás do prédio ocupado pela SHAM[3], que demonstra uma preocupação com as manifestações artísticas e produção cultural da cidade. Foi também erguido um muro de tijolos por de trás do palco, de 50 metros”, além de contribuir para a acústica das apresentações, também teve o objetivo de “diminuir o impacto causado pelo prédio da SHAM na paisagem urbana da praça, que, desde aquela época, não era aprovado por uma boa parte da população” (RANCIARO, 2020, p. 110-111). Também foram introduzidos “brinquedos de balançar (e elétricos) que estavam na moda, além de outras atrações, como os carrinhos bate-e-bate e o famoso trenzinho da alegria, colorido, divertido e iluminado com os personagens dos desenhos infantis” (Figura 8) (RANCIARO, 2020, p. 113).

Em relação ao playground composto por brinquedos de ferro em uma caixa de areia citados acima, na era 2000, eles não estavam mais presentes, pois cederam espaço para brinquedos eletrônicos, como o Barco Pirata e o Lago de Barcos que eram pagos. Era possível conseguir os bilhetes por meio de um quiosque de vendas que ficava localizado em meio à praça. É válido destacar que não se sabe ao certo a quem o parquinho de diversões pertencia, provavelmente de ordem particular. Pois, Ranciaro alerta para “como os gestores públicos interferiram no espaço urbano. Isso desde a construção do Atlético Rio Negro Clube sobre o terreno público, que antes era área pertencente ao Cemitério São José, local este simplesmente doado para uma empresa privada”. Consideramos que o mesmo pode ter acontecido com este espaço. Mas, apesar de poucos, ainda havia brinquedos gratuitos, como o cavalinho preto, destaque da segunda fotografia, o que resultava em longas filas de pais e crianças para partilha (Figura 8).


FIGURA 8
Crianças e Jovens da Segunda Geração
Fonte: Acervo Pessoal; Página do Facebook Manaus de Antigamente; Página do Facebook Trenzinho da Alegria

Em relação ao “Trenzinho da Alegria”, por meio de uma busca nas redes sociais, encontramos que após a revitalização de 2010, ele ainda permaneceu rodando o perímetro da Praça da Saudade até o ano de 2019. Atualmente, se mudou para o Complexo Turístico da Ponta Negra, intercalando eventualmente presença no Largo de São Sebastião. Nesta era, a Praça da Saudade não foi espaço apenas para o Lazer como também o comércio artesanal de origem indígena e gastronômico de comidas típicas. O comércio informal também se fazia presente pôr meio de vendedores de balões, brinquedos, pipocas e algodões doces. Havia quiosques fixos de sorvete, um deles pertencentes à famosa marca Glacial, que possuía arquitetura moderna, sendo arredonda e colorida. Ranciaro conta:

[...] Esta reforma é marcada por vários detalhes que foram pensados no projeto urbanístico. Desde a implantação de feiras de artesanato indígena e feiras gastronômicas, a praça era centro de atividades culturais e ponto de encontro para ativistas dos direitos indígenas. Nos anos 90, também foi construído, não se sabe ao certo em qual gestão municipal, em frente ao chafariz, segundo Duarte (2009) “um marco todo em concreto, construído por uma base encimada por uma bíblia aberta. Devido a esse pequeno monumento, a comunidade evangélica convencionou chamar esse logradouro de Praça da Bíblia” (RANCIARO, 2020, p. 113).

O final desta era inicia em 2007, na gestão do Prefeito Serafim Corrêa, com a demolição do antigo prédio da SHAM e atual prédio da SEJUSC - Secretaria de Estado da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania. Esta demolição é um marco para reestruturação que ocorreu na transição de governo entre o então Prefeito para o Prefeito Amazonino Mendes. Neste momento, se inicia a Terceira Camada da Praça da Saudade, mas não consideramos a última, tendo em vista a última revitalização ocorrida em janeiro do ano de 2023. O objetivo principal desta revitalização seria retomar os moldes iniciais da praça, ou seja, os do ano de 1932, o que conta com a remoção do anfiteatro, lago e parque. Entretanto, é válido acrescentar que a planta do projeto arquitetônico contava com uma área de 450m² para um playground, localizado no espaço onde ficava o prédio da SEJUSC, na extremidade da Avenida Epaminondas, em frente ao Palácio do Rio Negro Club, mas por motivo desconhecido a planta não foi sucedida. Nascimento explica sobre o projeto:

A “forma original” em questão é o traçado do período da borracha, um discurso comum aos outros espaços. O projeto de revitalização foi feito por técnicos do Instituto Municipal do Planejamento Urbano – Implurb e da SEC. Fala-se em “resgate da história da praça” e da formalização do seu uso seguindo os princípios da Praça São Sebastião, transformando-a também em um espaço cultural, além da sua função de lazer. A SEC e o Implurb trabalharam juntos na revitalização da praça e do seu entorno, que fez parte do programa Belle Époque. O “traçado original” que se busca retomar data de 1932 e tinha apenas o monumento a Tenreiro Aranha no centro (NASCIMENTO, 2014, p.98-99).

Ranciaro comenta que “esta “nova antiga” praça na qual inicia a terceira camada não deu prioridade à cena cultural ou gastronômica. As atrações no interior da praça reduziram consideravelmente. Sem anfiteatro e sem espaços para barracas desmontáveis, a praça serve ao passeio, ao atravessar, ao contemplar” (2020, p. 119). Apesar de o projeto se voltar às atrações comerciais, pois “pretende-se construir duas bancas de tacacá, duas de revista e duas cabines telefônicas, todas ao estilo Belle Époque, e reinstalar os antigos caramanchões nas laterais da Praça” (RANCIARO, 2020, p. 118). A Praça da Saudade tem, portanto sua paginação completamente modificada como indicam as ilustrações abaixo (Figura 9 e 10), o que resultou em mudanças urbanísticas significativas.


FIGURA 9
Reestruturação em 1986
Fonte: RANCIARO, 2020


FIGURA 10
Reestruturação em 1986
Fonte:RANCIARO, 2020

Apesar da reestruturação ser considera pelo Estado uma retomada aos tempos “áureos”, no decorrer de 12 anos não foi o que aconteceu. Pois, Ranciaro denuncia os diversos problemas sofridos pela Praça da Saudade, não apenas estruturais, como sociais: “por vezes, permanece sem iluminação nos postes, o que compromete o sistema de segurança pública. A escassez de bancos é outro ponto importante a ser citado, pois, antes, os bancos em forma de “C”, reuniam grupos de pessoas em longas conversas” (2020, p. 121).

No artigo intitulado “Para além das máscaras: Uma Etnografia Visual das Manifestações Políticas na Praça da Saudade em Manaus durante a Pandemia da Covid-19”, Eduardo Monteiro e Samile Pereira apresentam um compilado de fotografias da Praça da Saudade no ano de 2021, ano este, que apesar do distanciamento social, foi palco para diversas manifestações pelo direito à vida. Os autores comentam que “a Praça se torna o palco de um discurso a favor da vida durante a pandemia e que congrega em suas colunas outras manifestações: em prol do meio ambiente, da arte e até mesmo torna-se palco para rixas entre facções” (MONTEIRO; PEREIRA, 2021, p. 111). As imagens impressionam não pelas manifestações, pois elas estiveram presentes por toda a cidade de Manaus, mas pelo abandono sofrido pelo espaço público (Figura 11).


FIGURA 11
Realidade da Praça da Saudade no ano de 2021
Fonte:MONTEIRO; PEREIRA, 2021

Por fim, como havíamos dito, a praça passou pela última revitalização em janeiro de 2023, na gestão do atual Prefeito de Manaus, David Almeida. Sendo algo que não foi naturalmente relatado pelos autores citados, tendo em vista as datas de suas publicações. É perceptível que morfologicamente não houve mudanças estruturais, poderíamos considerar esta revitalização como uma proposta de limpeza e manutenção do espaço público (Figura 12). Segundo a matéria do jornal eletrônico D24AM, intitulada “Ação cultural celebra revitalização da ‘Praça da Saudade’ em Manaus”, o Prefeito promete constância, por meio da SEMULSP (Secretaria Municipal de Limpeza Urbana) com limpeza e coleta de lixos diários, além da conscientização com comerciantes e moradores ao redor da Praça da Saudade.


FIGURA 12
Revitalização em 2023
Fonte: JORNAL D24AM; PORTAL NO AMAZONAS É ASSIM; PREFEITURA DE MANAUS

Em relação à restauração do único monumento da praça atualmente, ele recebeu uma camada de tinta dourada, sendo sua composição de bronze. O portal de notícias e entretenimento “No Amazonas é Assim” apresentou as negativas e as indagações de diversos internautas. Por fim, atentamos que as diferentes apropriações e usos da Praça durante estes anos serão discutidos e detalhados no próximo tópico intitulado “As diferentes Saudades”. O objetivo deste tópico, portanto, foi criar a partir das leituras citadas uma linha temporal tênue para a compreensão do que seria a história da Praça 5 de Setembro, ou popularmente conhecida como Praça da Saudade.

AS DIFERENTES SAUDADES

A ênfase desta pesquisa é discorrer sobre a “Segunda Camada” da praça e temáticas que a permeiam e a influenciam como sentimentos, conceitos e percepções. Este intervalo de tempo seria mais especificamente entre 1975, com a instalação do avião DC-3, até 2007, com o fechamento do espaço para a penúltima revitalização, o que marca o final desta era.

Para isso, nos pautamos em alguns trabalhos: o primeiro seria a dissertação “Praça da Saudade: Camadas de Sentimento Soterrados”, de Ranciaro, nela há duas questões relevantes para este tópico: a primeira seria a relação entre o sentimento de saudade e o espaço; e a segunda seria entrevistas feitas pelo pesquisador com diferentes públicos frequentadores da Praça da Saudade, como idosos, artistas e moradores de rua. Neste tópico, apresentaremos de forma breve a primeira questão que é esta associação de influência entre o sentimento e o conceito. Em relação à segunda questão, as entrevistas nos proporcionaram a ideia de analisar outros campos, tendo em vista o caráter de esta pesquisa ser bibliográfica, propomos, portanto, a análise de comentários feitos em uma página da plataforma Facebook. A página nomeada como “Manaus de Antigamente” reúne fotografias compartilhadas por seus seguidores, nela há diversas trocas seja de comentários que expressam lembranças, críticas ou até mesmo saudade.

O segundo trabalho seria para compreender as diferentes apropriações e usos da Praça da Saudade, nos pautamos no artigo intitulado “Apropriações do espaço público: alguns conceitos”, onde a autora Mendonça reuniu e apresentou conceitos de diferentes autores e obras, como: espaço público, de Santos e Vogel, na obra “Quando a rua vira casa” (1985); rua e praça, de Lamas. Juntamente a estes conceitos, utilizaremos o terceiro trabalho que é o de Nascimento, a tese “Do discurso à cidade”; para a utilização do conceito de logradouros públicos, além de comentários valiosos tecidos pela autora sobre a vivência na Praça da Saudade, na época que em que nos propomos a analisar.

A Saudade é uma personificação desta praça, este sentimento a permeia desde quando ela era apenas um Largo de frente ao cemitério São José, até os dias atuais ao ser memorada pelo o que já a compôs. Apesar da tentativa de criação de uma linha temporal para a Praça, compreendemos que ao lidar com sentimentos o tempo se torna algo relativo e complexo de ser compreendido. Ranciaro alerta: “o tempo da saudade não é retilíneo e muito menos, linear. É elástico por contrair entre um vai-e-volta de um tempo que se adeque de acordo com o despertar de memórias, é cíclico e circular. A saudade é entendida, aqui, como sentimento mágico, pois ela sempre foi capaz de manipular o espaço e o tempo” (2020, P. 144).

Por meio do sentimento da Saudade é possível ter lembranças vívidas independente do tempo ou lugar, como o gosto do sorvete de morango do quiosque da Glacial, se for algo marcante, ele pode ser comprado no Manauara Shopping, mas remeterá a lembrança da Praça da Saudade. Ranciaro comenta que “a experiência vivida na Praça da Saudade gera memória; uma lembrança do passado, que pode suscitar no entrevistado um misto de emoções e sentimentos. Entre estes sentimentos está o da saudade, que reside na ausência” (2020, p. 158). Para ele, esta ausência pode ser analisada a partir do mobiliário urbano, ou melhor, a falta dele. Um exemplo disto poderia ser o parquinho de diversões, aliás, supracitado nos comentários analisados (Figura 13). Ao relembrarem o que os marcou em relação à Praça da Saudade, a maioria dos relatos são descritos no período da infância e juventude. Para Ranciaro, há uma justificativa:

A memória de cada indivíduo varia de acordo com [...] os grupos de convívio e de referências específicas ao indivíduo. Ou seja, podemos entender a memória como um processo seletivo que guarda apenas o que nos marca profundamente e o que fomos treinados para lembrar. É possível compreender a infância, por exemplo, como uma re-criação dos nossos desejos enquanto adultos misturados com feixes retirados do fundo da memória (RANCIARO, 2020, p. 151).

Os equipamentos urbanísticos têm funções essenciais para a memória coletiva e individual daqueles que habitam a cidade. O sentimento de saudade seria um modelador destes desenhos urbanos, pois a “saudade demarca não só uma temporalidade, mas edifica camadas de praças invisíveis”, Ranciaro ao associar os distintos sentimentos de saudade apresentados pelos entrevistados à obra de Ítalo Calvino “Cidades Invisíveis”[4], nos permitiu perceber as diferentes realidades expostas em curtos comentários na página do Facebook. Na postagem da terceira fotografia da Figura 8, a página Manaus de Antigamente atingiu 867 curtidas, 227 comentários e 124 compartilhamentos. Estes números são mediadores que indicam o nível de interação entre a página e seus seguidores. Dos 227 comentários, selecionamos dez, optando pelos que não fizeram uso de apenas emoticons e nem pelos que utilizaram ofensas. Infelizmente, ao rememorar os moldes antigos da Praça, muitos internautas se indignam e acabam por acusar e ofender o Poder Público ou até mesmo os moradores de rua que habitam nela atualmente.


FIGURA 13
Comentários no Facebook sobre a Praça da Saudade
Fonte: Página do Manaus de Antigamente

Para a análise das apropriações e usos, iniciamos considerando o conceito de logradouros públicos definidos por Nascimento. Segundo ela, são “[...] ruas, becos, praças, jardins de prédios públicos acessíveis aos passantes. Estes percursos possíveis de serem feitos a pé e sem a necessidade de autorização de uso foram entendidos como logradouros públicos” (2014, p. 84). Para diferenciar ruas de praças, recorremos às definições de Lamas, ele compreende “a rua como “lugar de circulação” e a praça como “lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, conseqüentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas” (LAMAS, s/d, p. 102 apud MENDONÇA, 2007, p. 298). A “Segunda Camada” da Praça da Saudade se apresentava como um ponto de encontro seja de crianças levadas pelos pais, ou de jovens estudantes de escolas aos redores, porém após a revitalização, houve mudanças nesta dinâmica, como relata Nascimento:

Na primeira metade dos anos 2000, acontecia uma feira indígena mensalmente, na Praça da Saudade, que reunia artistas, artesãos, com produtos, música e culinária indígena. Aos finais de semana era comum encontrar crianças brincando no parquinho, vendedores de pipoca, balões e uma série de outros produtos destinados aos pequenos. Grupos de estudantes também elegiam a praça para seus encontros. Os canteiros circulares se ofereciam como bancos e reuniam pessoas. Da mesma forma o entorno do lago artificial. Esteticamente a praça não apresentava uma uniformidade, eram três espaços que coabitavam, com suas fronteiras e intercessões: o jardim, a calçada e o prédio. Do ponto de vista da ocupação, as pessoas desviavam do prédio, brincavam na calçada e sentavam no jardim. Era um espaço vivo e dinâmico. Com a execução do projeto de revitalização pela Prefeitura e a mudança do traçado, tudo o mais mudou. O espaço abriu-se para os olhos, ganhou unidade, novos canteiros, nova estrutura. Tornou-se apreciável para os olhos, para fotografar, mas perdeu a festa, o espaço do encontro. Os bancos de madeira com estrutura em ferro, longe um do outro, abrigam duas pessoas em cada (o que atrai casais de namorados à noite). No lugar das barracas desmontáveis, que vendiam comida e tacacá, pequenos quiosques verdes metálicos: dois para lanche, dois para banca de revista, dois para telefone público. A definição do traçado dos canteiros definiu o circuito de caminhar, alongando o caminho de quem estava acostumado a passar direto por alguns pontos. No entanto, é possível perceber que novos caminhos se desenham na grama pisada. Na maior parte do dia não há sombra, o que torna a praça um lugar de passagem (NASCIMENTO, 2014, p.98).

A descrição de Nascimento sobre as diferentes épocas da Praça da Saudade é vívida, o que nos permite visualizar seus diferentes usos e apropriações. Para Santos e Vogel, a rua é “uma extensão da casa para diversas comunidades, observadas e vivenciadas por meio de atividades cotidianas, como as brincadeiras infantis e encontros de vizinhos, ou sazonais, como as festas”, ou seja, há “flexibilidade do uso dos espaços públicos, que podem sempre ser objeto de apropriações diferenciadas, mesmo que formalmente constituídos para finalidade específica” (SANTOS; VOGEL, 1985). Identificamos, portanto, as finalidades específicas que definem os usos e apropriações da Praça da Saudade em sua Segunda Camada, como as buscas por lazer e confraternização. As finalidades da Terceira Camada são complexas de definir. Segundo Mendonça:

[...] as apropriações, mesmo quando intuídas e adaptadas não implicam, necessariamente, em inadequação ou indícios de marginalidade. Podem, ao contrário, indicar criatividade, capacidade de melhor aproveitamento das infra-estruturas públicas e fornecer subsídios que alimentem o projeto e a construção futura de ambientes desta natureza (MENDONÇA, 2007, p. 297).

Após a revitalização no ano de 2010, necessariamente não foi o que aconteceu com a Praça da Saudade. A remoção de todos os possíveis e comuns usos resultou em o espaço sendo cedido para a marginalidade. A busca incessante pela retomada da “Paris dos Trópicos” aparamente encandeou o Poder Público. Apesar de Ranciaro alertar que os índices de violência não definem a natureza da Praça e “nos fins de semana, é comum à noite, se deparar com o entorno lotado de pessoas em bares e, por conseguinte, na própria praça também. Ela não está desocupada e abandonada. Abandonada, sim, pelas autoridades, e não pelo povo” (2020, p 124). Após a recente revitalização e cumprimento do que foi proposto pelo atual prefeito David Almeida, os dados sobre este espaço podem ser diferentes. O autor elaborou um mapeamento das principais notícias criminais relacionadas à Praça (Figura 14):


FIGURA 14
Mapeamento de Notícias Criminais
Fonte: Ranciaro, 2020

Além de ter se tornado um lugar propício para assaltos, também há vivência de moradores de rua que utilizam os quiosques como moradia, principalmente as cabines telefônicas que se tornaram obsoletas com a criação dos smartphones. Ao entrevistar uma moradora de rua presente na Praça da Saudade, ela relata a Ranciaro, que há uma “diferenciação nítida entre o papel que estes grupos sociais realizam entre si e suas regras próprias, difere os ladrões dos moradores de rua, mas também não se colocam contra eles” (2020, p. 216). Como salientado pelos comentários apresentados acima, A mudança na organização do cenário urbano é perceptível a olhos nus, seja pelo convívio social ou apenas pela falta de recreação. A praça ainda possui um uso pontual: A Feira das de Flores de Holambra (figura 15), que ocorre entre setembro e outubro.


FIGURA 15
Feira das de Flores de Holambra
Fonte: Jornal Em Tempo; Jornal Fato Amazônico, 2022

A primeira edição pós-pandemia se iniciou em 16 de setembro e durou até 2 de outubro de 2022, onde contou com atrações de artistas regionais nos dias 30, 1 e 2, além de oficinas culturais. A feira recebeu brinquedos e barracas gastronômicas, porém tudo desmontável e temporário para os dias de festividade citados. Neste tópico, podemos perceber que a Praça da Saudade teve seus diferentes usos e apropriações alterados com o passar do tempo e de tantas revitalizações, sejam eles feitos: por grupos cristãos, ao se reunirem para orações em torno da bíblia elaborada em concreto; pelo comércio informal, por meio da venda de pipocas, balões e brinquedos; pelo comércio formal, por meio da venda em quiosques de comidas típicas e sorvetes; pelo lazer de crianças em brinquedos pagos ou gratuitos; por casais de namorados, grupos de amigos ou famílias, reunindo-se em buscar de confraternização; por artistas, ao se apresentarem em manifestações culturais; ou apenas avós acompanhando seus netos em busca do entretenimento, como citado em um dos comentários (Figura 13). As diferentes gerações guardam memórias de uma era saudosa, guardam até mesmo revoltas pelo fim desta. Porém, um questionamento permeia a próxima seção desta pesquisa: “Se a era de 1975 a 2007 da Praça da Saudade voltasse, seria tão solicita quanto antes?”.

CENTRO E (DES)CENTRALIZAÇÕES

Nesta seção, pretendemos discutir acerca do questionamento “Se a era de 1975 a 2007 da Praça da Saudade voltasse, seria tão solicita quanto antes?”, buscando compreender o como processo de expansão da cidade de Manaus influência neste contexto por meio do artigo “Conjuntos habitacionais e a expansão urbana de Manaus”, de Danielle Costa e José Aldemir de Oliveira. Analisaremos, então, os conceitos de Centro e Centralidade, abordados nos artigos: “A centralidade em uma cidade ribeirinha da Amazônia: Parintins-AM”, de José Aldemir de Oliveira e Valdilene Souza; e “A produção de centralidades urbano-regionais no estado do Amazonas”, de Isaque dos Santos Sousa. Utilizaremos também o artigo “Breves considerações sobre a descentralização e as transformações na estrutura comercial das cidades”, onde Lidiane Alves e Vitor Ribeiro reúnem os conceitos de descentralização, abordado por Castells (2000); e policentralidades, desenvolvido por Lefebvre (1999). Além de informações sobre a cidade de Manaus, retiradas do livro Uma Amazônia Metropolitana: urbanização regional e metropolização do espaço em Belém, Manaus e São Luís.

Iniciamos, então, por compreender os processos de expansão. Em 353 anos, a cidade de Manaus passou por inumeradas transformações em seu território. Durante o século XIX, a cidade teve uma explosão populacional e econômica, como citado anteriormente. Devido à extração de látex e sua comercialização com indústrias europeias, durante o Período da Borracha, a cidade passou por reformas urbanísticas intensas, saindo das características de uma vila para a cidade que se tornou referência como “A Paris dos Trópicos”. Sousa e Santos comentam este processo ao compararem os avanços da cidade de Manaus com a cidade de Belém, no Pará:

Em Manaus a influência do ciclo da Borracha é ainda mais impactante em termos de produção do espaço urbano quando comparado à Belém, posto que até a segunda metade do século XIX, a cidade mantinha uma forma urbana semelhante ao período de fundação. Diferente de Belém, que pelo menos desde o século XVIII era referência urbana regional, Manaus passou por alterações mais lentas. A mudança de importância da cidade inicia quando passa a ser a capital da Província do Rio Negro na década de 1850. Mas é na última década do século XIX que iniciam as transformações que possibilitam o desenvolvimento de um modo de vida urbano, deixando a condição de vila e passando a ser uma das cidades de referência na hierarquia urbana amazônica. Tais transformações estiveram associadas ao ciclo extrativista da borracha, muito estudado na literatura sobre o espaço urbano manauara. Também é reconhecida em uma profusão de pesquisas que o final desse período coincidiu com a sua estagnação urbana (SOUSA, SANTOS, 2021, p.14).

Do mesmo substrato de sua ascensão, veio a sua queda: as seringueiras, produtoras do látex, foram levadas e plantas na Europa, o que resulta no rompimento do processo de oferta e procura. Após este cenário, ocorre, portanto, o declínio econômico da região. Conforme relatado por Sousa e Santos (2021), apesar dos efeitos, houve uma rápida recuperação, pois “as transformações urbanas de Manaus, a cidade “doce e dura em excesso”, que experienciou o apogeu da borracha, figurando como a Paris dos Trópicos, passou pela grande crise e cresceu, de modo rápido e intenso a partir da instalação do Polo Industrial” (2021, p.19). Com o cenário financeiro voltando a melhorar em meados dos anos 1960, com a instauração da Zona Franca em Manaus, o contexto da cidade era:

A expansão do comércio devido à consolidação da Zona Franca de Manaus, gera uma nova temporalidade na história da cidade, um novo começo deixando para trás o auge e o fracasso da produção de borracha. É um novo marco, que traz consigo uma nova paisagem urbana, um novo desejo de cidade. Neste momento, o serviço de bonde elétrico já era obsoleto e as frotas de ônibus já circulavam pela cidade. O consumo da indústria automobilística passa a ser o centro do desejo de cidade, assim como os novos aparelhos eletrônicos produzidos no Distrito Industrial. É o começo da era do cinema, das televisões. A modernidade está em alta e os sistemas viários passam a ser prioridade nos investimentos urbanos (RANCIARO, 2020, p. 106).

O recorte espacial desta pesquisa é a supracitada Praça da Saudade, estando localizada no Centro Histórico de Manaus. O Centro por ser a figura urbanística da fundação da cidade de Manaus, passou por diversas modificações, seja no passado em busca da modernidade, ou na atualidade em busca da ancestralidade, como indicado por Nascimento (2014) anteriormente, ele vivência o Programa Belle Époque com objetivo de retomar o traçado original da Época da Borracha.

Um dos motivos das diversas mudanças de uso vivenciadas pelo Centro Histórico de Manaus advém das alterações na centralidade da cidade, como apontado anteriormente por Oliveira e Magalhães (2008). O Centro possuía a principal Centralidade da Cidade de Manaus, pois nele se concentrava a maioria dos órgãos governamentais; além do Porto da cidade, que opera desde os anos 1907, com o fluxo intenso de pessoas e mercadorias. O que justificou por muitos anos a concentração do Comércio está localizado naquela área. A relação entre centro e centralidade é uma dinâmica bastante recorrente nas cidades. Essa relação é explicada por Oliveira e Souza (2019) a partir das análises de Silva (2013);

[...] centro e a centralidade como denotando o mesmo sentido, no entanto apresentando diferenças. O primeiro é uma realidade material, historicamente produzida que resulta da ação convergente, ao longo do tempo, de inúmeros agentes, que a partir de suas ações individuais contribuem para a sua conformação. Já o segundo, é a capacidade de polarização, de atração e dispersão/controle dos fluxos que dependem fundamentalmente da densidade de fixos que o centro possui (SILVA, 2013).

A centralidade era voltada ao Centro Histórico pela alta concentração de serviços e até mesmo o lazer, exemplo disso seriam as diversas praças presentes no bairro. Com o passar dos anos e a criação da Zona Franca de Manaus, o espaço urbano da cidade passa por uma nova configuração. Nogueira relata que o alto contingente humano vindo do interior do Estado, resulta no aumento de ocupações irregulares em outras áreas da cidade (COSTA; OLIVEIRA, 2007, p.37).

Esse processo de crescimento da cidade e sua interiorização são detalhados por Costa e Oliveira, desde a década de 50, o crescimento urbano e a ocupação de outras áreas da cidade já aconteciam e não somente em uma área específica, pois começaram a surgir novos bairros em diferentes direções: “a leste – Imboca, Sta. Luzia, Morro da Liberdade, Raiz, Crespo, São Lázaro, Betânia, São Francisco, e Petrópolis; a oeste – Santo Antonio, Glória e Compensa; ao norte – São Geraldo, Chapada, São Jorge e Vila Amazônica e Adrianópolis” (2007, p.37). Essa expansão da população para outras áreas da cidade ocasionou consequentemente na descentralização da cidade, dando lugar para novas centralidades. Para Sousa (2011), a importância destas áreas que cresceram ao longo dos anos é fundamental para a discussão das centralidades;

Como podemos verificar, discutir as centralidades é também falar das zonas periféricas, pois ao mesmo tempo em que algumas cidades, em função das atividades ou serviços nelas disponíveis se transformam em centralidades urbano-regionais, assim identificamos as periferias, os lugares desprovidos, no caso do Amazonas, até de serviços básico-essenciais, como o sistema de transporte, de educação, saúde e comunicação. (SOUSA, 2011, p. 3)

Em relação à cidade de Manaus, é importante compreender que a mudança das pessoas que habitavam o Centro ou suas proximidades para áreas mais afastadas não é um processo totalmente espontâneo, como alertado por Oliveira e Magalhães (2008) anteriormente, mas planejado e efetivado pelo Estado, que por meio de Programas Habitacionais age diretamente na produção da moradia, favorecendo certas áreas da cidade, para fins de valorização e afastamento. Ou seja, é um processo de afastamento do público indesejado, caracterizado principalmente pela baixa renda. Para Costa e Oliveira, trata-se de um processo minucioso e muito poderoso, pois “a habitação representa a dimensão do poder, e o seu planejamento implica a tentativa de estabelecer uma vida cotidiana programada e manipulada e uma espacialidade hierarquizada, determinando o modo como e por quem o espaço será ocupado” (2007, p.37).

Com mudanças sutis ou não, as iniciativas governamentais incentivaram o afastamento de uma parcela da população do Centro Histórico de Manaus. As principais áreas de expansão da cidade, como as zonas: leste, norte e oeste, cresceram e se desenvolveram a partir de suas necessidades, tendo em vista a mínima infraestrutura. Os conjuntos habitacionais inicialmente foram construídos a longas distâncias do Centro (Figura 16), mas em 2003, é criado o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), além de criar áreas de convivências também proporcionou a construção de moradias no Centro de Manaus, a partir do redirecionamento e aterramento em áreas de várzea (Figura 16).


FIGURA 16
Conjunto Habitacional na Cidade Nova, na Santa Etelvina e no Centro
Fonte:COSTA; OLIVEIRA, 2007; JORNAL G1, 2012; JORNAL A CRÍTICA, 2022

O número de moradores do Projeto citado são mínimos comparados aos dos Conjuntos Habitacionais, que seguem sendo elaborados atualmente, seja pelo Poder Público ou iniciativas privadas. Por consequência, a área central da Cidade de Manaus acabou perdeu muitos dos seus usos. Pois, as demais áreas tiveram um crescente desenvolvimento de serviços, como serviços de saúde, centros comerciais, transporte público e lazer. O resultado desse processo de expansão supre as necessidades de idas ao Centro de Manaus, o que ocasiona o processo de descentralização, tendo em vista que cada zona possui supre suas necessidades. Tal ocorrência é dita por Oliveira e Souza, “A centralidade pode ser influenciada pelo deslocamento de pessoas, a facilidade ou a dificuldade para tal. O acesso a determinados fatores da modernização poderão diminuir o deslocamento de pessoas ao centro, podendo contribuir para a diminuição dos fluxos” (2019, p.98).

Corrêa (1995, p. 45 apud ALVES; RIBEIRO, 2014, p. 74) explica que algumas empresas buscam eliminar as deseconomias que são resultados da excessiva centralização na área central, essa eliminação resulta em fatores de atração para áreas não centrais, ou seja, favorecem a migração de novos serviços para estes locais. O surgimento de novas centralidades não está relacionado apenas à variedade de serviços contidos e proporcionados em uma determinada área, mas também à falta deles. Os pontos de interesse crescem a partir das necessidades de quem habita essas áreas em criar diferentes usos para os espaços. O que torna as zonas periféricas mais suscetíveis a formar suas próprias centralidades e assim descentralizar as antigas áreas. Castells (2000) explica:

Em decorrência de transformações econômicas e no espaço urbano, que podem ser exemplificadas, respectivamente, pelo aumento da mobilidade e do consumo, e pelo crescimento da cidade e a busca por locais que ofereçam “amenidades”, verifica-se a concretização do processo de descentralização das atividades de comércio e serviços (CASTELLS, 2000, p.320 apud ALVES; RIBEIRO, 2014, p.73)

Estes novos arranjos na dinâmica do espaço urbano também são explicados por Alves e Ribeiro (2014), a partir de Lefebvre (1999, p.122), “podemos entender a descentralização a partir da dinâmica do espaço urbano, que possui, simultaneamente a capacidade de atrair e acumular diversos conteúdos que se excluem, incluem e supõem”, ou seja, com o conceito de descentralização teríamos o urbano tendendo à policentralidade, que é a ruptura do centro e a desagregação, podendo ser motivados por vários fatores, como a presença de diferentes centros, pela dispersão, ou até mesmo devido à segregação (LEFEBVRE,1999, p. 122).

Compreendemos, portanto, que a partir da expansão da Cidade de Manaus, principalmente por meio da implementação dos Conjuntos Habitacionais, resulta em policentralidades. O processo de policentralidade é espontâneo, tendo em vista que é algo natural e inerente ao ser humano, pois há a necessidade de suprir suas demandas por serviços essenciais; como também a busca e criação por serviços secundários, como o lazer. A criação de parques seria uma possibilidade de suprir a necessidade do lazer.

Com as novas centralidades e a procura por lazer, a criação de dois tipos de espaço aguçam esta análise: Shoppings Centers e Parques de Diversão. O primeiro na maioria de suas composições contém o segundo, ou seja, em Shoppings há um espaço destinado a parques de diversão. Em diferentes zonas da Cidade de Manaus foram criados, entre eles: na zona leste, o Nenê Park; na zona norte, o Fun Park; e na zona centro-sul, o Mirage Park. Eles são compostos por uma essência muito parecida com o que um dia já foi a Praça da Saudade, apesar de possuir os mesmo brinquedos como carrinhos bate-e-bate e barco pirata, há elementos mais modernos e maiores, tendo em vista que são espaços destinados especificamente para o lazer.

Assim como o parquinho presente na Praça da Saudade, eles partem de iniciativa privada, mas funcionam de formas diferentes. Na praça, os bilhetes eram comprados por brinquedo; nos parques, há a compra de um passaporte, os valores variam entre 15 R$ 15,00 e R$30,00, a depender do número de pessoas e dias da semana. Esse passaporte permite acesso livre a todos os brinquedos por inumeradas vezes até o fechamento dos parques. O que difere em relação aos brinquedos da Praça da Saudade, pois a compra do bilhete proporcionava a utilização de um dos brinquedos por uma única vez, obviamente os valores eram conforme a cotação econômica da épica, variando entre R$ 2,00 a R$ 5,00.

Estes parques de diversão possuem apenas um uso: o do lazer. A Praça da Saudade proporcionava diferentes usos, como citados anteriormente. Ao pensarmos no questionamento que motivou esta análise, “Se a era de 1975 a 2007 da Praça da Saudade voltasse, seria tão solicita quanto antes?”, visualizamos duas hipóteses que se contrapõem. A primeira, com o desenvolvimento das policentralidades, tornaria inviável o deslocamento populacional, tendo em vista que há serviços urbanísticos que supririam a necessidade deste público. A segunda, parte dos resultados apresentados pelo Complexo Turístico da Ponta Negra, apesar de ser uma área isolada e elitizada, a busca por lazer, por vezes, independe de questões sociais e de mobilidade urbana, tendo em vista ser um espaço público.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A história da Praça da Saudade teve seus diferentes usos e apropriações alterados com o passar do tempo e de tantas revitalizações. A busca do Governo do Estado pelo traçado da “Paris dos Trópicos” dificultou a permanência de memórias positivas relacionadas a este espaço público. Seus usos foram dos mais diversos, sejam eles feitos: por grupos cristãos, por comércios informais e formais, por casais de namorados, grupos de amigos ou famílias, ou apenas por crianças em busca de lazer.

A expansão da Cidade de Manaus, por meio da descentralização, que não foi um processo espontâneo, mas planejado e efetivado pelo Estado, resultou naturalmente no desenvolvimento urbanístico das diferentes zonas e policentralidades, como leste, norte e oeste. A busca populacional em suprir suas demandas por serviços essenciais e secundários resultou na criação de diversos espaços públicos e privados. Um exemplo seria os Parques de Diversão, que são uma opção para suprir a necessidade por lazer. O que compreendemos não interferir diretamente na busca por outros espaços.

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Notas

[1] Este monumento originalmente encontrava-se pertencia à outra Praça do Centro de Manaus, a Tenreiro Aranha, localizada na Rua Guilherme Moreira
[2] Prefeito de Paris em meados do séc. XIX, responsável pela reestruturação urbana da capital
[3] Após ser sede do Palácio da Cultura, cedeu o espaço para Sociedade de Habitação do Estado do Amazonas (SHAM), principal responsável pelos financiamentos de Conjuntos Habitacionais como a Cidade Nova e o Coroado, por meio do Plano de Desenvolvimento do Amazonas
[4] Nesta obra, o viajante Marco Polo descreve 55 cidades ao imperador Kublai Khan, todas elas são distintas percepções da mesma cidade, Veneza


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