Os conceitos de "homo politicus", "homo economicus" e "cidadania sacrificial" na obra de Wendy Brown
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo examinar as transformações na concepção de sujeito ideal no decorrer da modernidade, tomando como central para esta compreensão os conceitos de “homo politicus”, “homo economicus” e “cidadania sacrificial”. Os dois primeiros conceitos são encontrados em diversos autores e possuem variações nas suas significações a depender do filósofo que os utiliza. De todo modo, o presente artigo tratará da releitura desenvolvida pela teórica política norte-americana Wendy Brown. A autora é criadora do conceito de “cidadania sacrificial”, no qual analisa as transformações na dinâmica cidadã no neoliberalismo e também relaciona as implicações da transição do sujeito político – o “homo politicus” – para o sujeito econômico – “homo economicus”. Para realizar tal estudo, o presente artigo utilizar-se-á do referencial teórico de Wendy Brown em diálogo com obras de referências do pensamento neoliberal, como Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, de modo a demonstrar o processo que a autora considera como o esvaziamento do conteúdo político nas democracias ocidentais e a dominância do econômico no cenário político-social da sociedade contemporânea.Downloads
Referências
AITCHINSON, C. Foucault, Democracy and the Ambivalence of the Rights. Critical Review of International Social and Political Philosophy, Londres, volume 22, número 6, p. 770-785, setembro de 2017.
BLOOM, P. The Ethics of Neoliberalism. The Business of Making Capitalism Moral. Nova York: Routledge, 2017
BROWN, W. Cidadania Sacrificial. Neoliberalismo, capital humano, e políticas de austeridade. Tradução de Juliane Bianchi Leão. Rio de Janeiro: Zazie, 2018.
BROWN, W. Edgework. Critical Essays on Knowledge and Politics. Nova Jersey: Princenton University Press, 2005.
BROWN, W. In the Ruins of Neoliberalism. The Rise of Antidemocratic Politics in the West. Nova York: Columbia University Press, 2019.
BROWN, W. Revisando Foucault. Dois Pontos, São Carlos, volume 14, número 1, p. 265-288, abril de 2017.
BROWN, W. Undoing the Demos. Neoliberalism’s Stealth Revolution. Nova York: Zone Books, 2015.
BROWN, W. We Are All Democrats Now. In: AGAMBEN, Giorgio (org) et al. Democracy in What State? Nova York: Columbia University Press, 2008. p. 59-76.
CORNELISSEN, L. On the Subject of Neoliberalism. Constellations. Nova York, volume 25, número 1, p. 133-146, março de 2018.
DAVIES, W. The Democratic Critique of Neo-liberalism. Renewal. Nova York, Volume 23, número 3, p. 86-82, julho de 2015.
FETTER, F. The Principles of Economics. With Applications to Practical Problems. Auburn: Ludwig von Mises Institute for Austrian Economics, 2003.
FOUCAULT, M. O Nascimento da Biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
GAGO, V. Neoliberalism from Below. Popular Pragmatics and Baroque Economics. Durnham: Duke University Press, 2017.
HAMANN, T. Neoliberalismo, Governamentalidade e Ética. Ecopolítica. São Paulo, volume 3, p. 99-113, 2012.
LEMKE, T. The Risks of Security. In. LEMM, Vanessa; VATER, Miguel (orgs). The Government of Life. Nova York: Fordham University Press, 2014.
MISES, L. V. Ação Humana: Um tratado de economia. Tradução Donald Stewart Jr. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 2010.
NAIL, B. Homo Sacrificus. In: ELLISWORTH, Jeffrey; NAIL, Brian (orgs). Law’s Sacrifice. Nova York: Routledge, 2019. p. 99-121.
SAFATLE, V. O Circuito dos Afetos. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
SHAMIR, R. The Age of Responsabilization. Economy and Society. Londres, volume 37, número 1, p. 1-19, janeiro de 2008.