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A FRONTEIRA ENTRE O BILINGUISMO E A INCLUSÃO: UM OLHAR
SOCIOLINGUÍSTA NO ATENDIMENTO AOS SURDOS EM ESCOLA
PÚBLICA DE GUAJARÁ-MIRIM E PORTO VELHO
Revista Culturas & Fronteiras - Volume 8. Nº 1 - Julho/2023
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
curricular deve começar nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia,
Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais
licenciaturas. O decreto dispôs, ainda sobre a regulamentação acerca da
formação do professor e do instrutor de LIBRAS, do uso e da difusão da LIBRAS
e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação, da
formação do tradutor e intérprete, da garantia do direito à educação e à saúde
das pessoas surdas ou com deficiência auditiva e do papel do poder público.
Embora muitos linguistas concordem com a afirmação de ser a língua um
fato social, muito desconfortavelmente nos defrontamos com a necessidade da
existência de uma lei para que uma língua e seus falantes sejam respeitados em
sua culturalidade e potencialidade. Nessa regulamentação percebemos a
manifestação dos atos do poder que no passado se utilizavam dos mesmos
mecanismos, como a religião, o saber instituído e a medicina para aprisionar as
vozes do silencio em círculos sociais estigmatizados imprimindo nos sujeitos
surdos estereótipos de incapazes, anormais e deficientes.
O descaso e a indiferença sobre a necessidade educacional dos surdos
os aprisionam no imaginário social dominante na Idade Média, quando o sentido
da exclusão estava destinado ao mal enquanto erro ou defeito, aos insanos, aos
deficientes, recriando em outro espaço o círculo sagrado em torno dos que
deveriam ser punidos e apartados do convívio social e vivendo na História as
experiências da Segregação, Exclusão (Foucault, 2002, p.113-114). Essas
imagens só serão extirpadas da sociedade quando os surdos tiverem a
oportunidade de apreender todos os conteúdos ensinadas na escola, se não
aprendem é porque inadequado é o ensino ofertado ao surdo e não o Surdo!
Todas as civilizações igualmente ricas e importantes.
Independentemente de grupos que historicamente tentaram e tentam
impor suposta “superioridade” de algumas culturas, povos e
civilizações nos currículos das escolas, que por essa razão se tornam:
colonizadas, racistas, classistas e imperialistas porque a todos/as
obrigam e obrigaram a frequentar e esquecer suas raízes culturais e
ancestrais impondo a cultura dos colonizadores (MASCARENHAS,
SANTOS, NIVAGARA, JÍMENEZ 2019, p. 200).
Essas estruturas imaginárias de segregação, exclusão resultaram na
problemática educacional complexa e desafiante nos nossos dias, pois nenhuma