TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO REMOTA COM
ÊNFASE NA DEFICIÊNCIA VISUAL
ASSISTIVE TECHNOLOGIES IN REMOTE EDUCATION WITH EMPHASIS ON
VISUAL IMPAIRMENT
Angélica Dias Ferreira
1
Joiciany Moraes de Lima
2
Rosa Martins Costa Pereira
3
Marilei Rodrigues
4
Resumo
Sabe-se que a visão é um dos principais sentidos do ser humano e muito
necessária para o seu desenvolvimento. Entretanto, nem todas as pessoas possuem
esse importante meio de conhecer o mundo, ou o tem com menor potência. A
pandemia evidenciou de forma explícita o desconhecimento de professores quanto às
tecnologias e sua importância para o ensino, sobretudo de alunos cegos ou com baixa
visão. Nesse contexto, esta pesquisa teve como preocupação, as especificidades da
pessoa com deficiência visual, seja ela cega ou com baixa visão no âmbito das
aprendizagens construídas na educação remota, momento em que professores,
estudantes e gestores escolares buscaram formas alternativas para ensinar e
aprender. Esse estudo consistiu, portanto, em uma pesquisa bibliográfica sobre as
tecnologias assistivas para estudantes com deficiência visual e investigou o problema:
quais ferramentas digitais podem contribuir para o atendimento das necessidades
educacionais de estudantes com deficiência visual no contexto da educação remota?
A pesquisa teve como objetivo identificar tecnologias assistivas gratuitas mais
adequadas para atender às especificidades educacionais do deficiente visual. Os
resultados indicam que as tecnologias Balabolka, Leitor de PDF Adobe Reader,
Google Meet, e também os leitores de tela (NVDA e Talkback) são muito eficazes, por
serem tecnologias assistivas (gratuitamente disponibilizadas), consideradas
adequadas e efetivas para ajudar estudantes com deficiência visual e aprimorar os
conhecimentos do docente, ou de qualquer outro profissional envolvido com o
processo educacional de pessoas com deficiência visual.
Palavras-chave: Tecnologias Assistivas. Deficiência Visual. Educação Remota.
1
Licenciada em Ciências com Habilitação em Biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Rondônia (IFRO) Campus Guajará-Mirim.
2
Licenciada em Ciências com Habilitação em Biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Rondônia (IFRO) Campus Guajará-Mirim.
3
Doutora em Geografia, Professora EBTT da área de Pedagogia, IFRO Campus Porto Velho Zona Norte.
4
Mestre em Matemática, ex- coordenadora do NAPNE- Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades
Específicas do IFRO Campus Guajará-Mirim.
2
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Revista Culturas & Fronteiras - Volume 8. Nº 1 - Julho/2023
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
ABSTRACT
It is known that sight is one of the main senses of the human being and very necessary
for their development. However, not all the people have this important means of
knowing the world, or have it with less power. The pandemic has explicitly evidenced
the teachers' lack of knowledge about technologies and their importance for teaching,
especially for blind or low-sight students. In this context, this research was concerned
with the specificities of the visually impaired person, whether blind or with low vision in
the context of the learning built in remote education, when teachers, students and
school managers sought alternative ways to teach and learn. This study consisted,
therefore, in bibliographic research on assistive technologies for students with visual
impairment and investigated the problem: Which digital tools can contribute to meeting
the educational needs of students with visual impairment in the context of remote
education? The research aimed to identify free assistive technologies best suited to
meet the educational specificities of the visually impaired. The results indicate that the
technologies Balabolka, PDF reader Adobe Reader, Google Meet, and also screen
readers (NVDA and Talkback) are very effective, because they are assistive
technologies (freely available), considered appropriate and effective to help visually
impaired students and improve the knowledge of the teacher, or any other professional
involved with the educational process of visually impaired people.
Keywords: Assistive Technologies. Visual Impairment. Remote Education
Introdução
Universalizar o acesso à educação básica e ao Atendimento Educacional
Especializado (AEE) para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação e, preferencialmente,
à rede regular de ensino, revelou-se um desafio quando o Plano Nacional de
Educação foi aprovado em 2014 com essa meta (BRASIL, 2014). Em um contexto
mais recente, com a pandemia de Covid 19, esse desafio se potencializou de um modo
geral, sobretudo, incluir aqueles que possuem necessidades educacionais
específicas.
Ao partir do cenário apresentado, essa pesquisa enfatizou as especificidades
da pessoa com deficiência visual, seja ela cega ou com baixa visão, por observar uma
necessidade ainda maior da oferta de mecanismos e de tecnologias assistivas para
atender esse público, uma vez que a realidade mundial tem direcionado seus estudos
ao modelo de ensino remoto.
Nessa perspectiva, o estudo consistiu, em uma pesquisa bibliográfica sobre
tecnologias assistivas para estudantes com deficiência visual e investigou o problema:
quais ferramentas digitais podem contribuir para o atendimento das necessidades
3
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educacionais de estudantes com deficiência visual no contexto da educação remota
Portanto, entende-se educação remota em consonância com o descrito por Alves
(2020) como uma adaptação temporária de metodologias, horários e didáticas do
ensino presencial para um contexto não presencial, utilizando tecnologias.
A referida pesquisa teve como objetivo geral identificar tecnologias assistivas
gratuitas mais adequadas para atender às especificidades educacionais de pessoas
com deficiência visual. Ademais, como objetivo específico, esse estudo buscou
apresentar possibilidades de ferramentas pedagógicas que facilitem a aprendizagem
da pessoa com deficiência visual no contexto da educação remota.
Com o surgimento das medidas de distanciamento em enfrentamento à
pandemia de Covid 19, as instituições escolares buscaram maneiras de manter suas
atividades. Porém, é perceptível que, na maioria das vezes, apenas utilizaram
diferentes formas de transferir o ensino-aprendizagem dos ambientes presenciais
para os ambientes virtuais sem uma metodologia eficaz, sem uma preparação e com
um conhecimento raso a respeito da prática de estudos remotos. Assim, a relevância
social e científica deste estudo se insere em sua característica colaborativa, que parte
de uma necessidade real na busca de soluções exequíveis.
Nesta perspectiva, este artigo está organizado em três partes. Na primeira
parte, apresenta-se a revisão de literatura que consiste em um levantamento
bibliográfico sobre os seguintes temas: Educação inclusiva: aspectos conceituais e
legais, Deficiência visual, Tecnologias assistivas e Tecnologias assistivas para a
pessoa com deficiência visual.
A segunda parte do artigo é composta pela metodologia da pesquisa
caracterizada como pesquisa sebibliográfica, pois configurar-se em um estudo
detalhado com base na produção científica de autores reconhecidos no meio
acadêmico. Na terceira parte, apresenta-se os resultados da pesquisa,
sistematizados em cinco tecnologias assistivas que auxiliam tanto na prática
docente quanto naaprendizagem de pessoa com deficiência visual, são elas:
Balabolka, Leitor de PDF Adobe Reader, NVDA, Talkback e Google Meet.
Esse estudo constitui-se, portanto, em um esforço para inovação pedagógica
por meio da sistematização de tecnologias assistivas existentes, disponíveis
gratuitamente com base em necessidades educacionais específicas, e que não são
contempladas em muitas práticas de professores e estudantes. Isso ocorre
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geralmente por desconhecimento da sua existência, das formas de uso ou da sua
importância para o processo de aprendizagem e construção da autonomia dos
estudantes.
Referencial teórico
Para conhecer os conceitos principais que sustentam a temática desta
pesquisa foi necessário identificar estudiosos da área, legislações e informações
disponíveis. Esta revisão de literatura trata sobre conceitos de educação especial,
educação inclusiva, acessibilidade, deficiência visual, tecnologias assistivas e
tecnologias assistivas para pessoa com deficiência visual.
1.1 Educação inclusiva: aspectos conceituais e legais
A história da educação especial e inclusiva está estritamente ligada à luta pelos
direitos humanos e, no Brasil, ao processo de redemocratização que envolve a ideia
de uma educação para todos e que de fato inclua cada um.
A Educação Inclusiva vem sendo respaldada legalmente por documentos
federais como a Constituição Federal (1988) que garante que a educação é direito de
todos, e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394 de 1996, em
que esses documentos evidenciam o direito do cidadão de frequentar uma escola
independente de suas condições como descrito na Constituição Federal, Art. 205.
Entre tantas nomenclaturas, conceitos, ideias e confusões conceituais, faz-se
necessário esclarecer os aspectos legais e conceituais nos quais os pressupostos
dessa pesquisa estão firmados. Em consonância com a Constituição Federal, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), em seu Art. 58, define
educação especial como:
[...] a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. §
Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
especial. § O atendimento educacional será feito em classes, escolas
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns de ensino regular. (BRASIL,1996).
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A educação inclusiva proporciona a integração de discentes com deficiência
em escolas regulares, Garcia (2017, p.9) afirma que “[...] Educação Inclusiva pode ser
resumidamente concebida como um processo social que visa à garantia coletiva de
direitos [...]”. Essa modalidade busca oferecer condições adequadas de
aprendizagem, mais especializadas, ou seja, além de considerar necessária a
inclusão dos estudantes com deficiência, a educação inclusiva promove a
acessibilidade, que na Lei 10.098/2020 pode ser definida como:
[...] possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento
para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de
uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
deficiência ou mobilidade reduzida (BRASIL, 2020).
Entretanto, para se chegar a uma compreensão da educação como direito, que
é constantemente ameaçado, houve um longo percurso com diferentes formas de
percepção das pessoas que não se enquadravam em um determinado padrão social,
aceito como “normal”.
Com o avanço da medicina a deficiência passou a ser tratada como doença, e
os deficientes eram segregados em hospitais e instituições de caridade com o propósito
de receberem cuidados médicos. Em meados do século XX surge um novo paradigma
denominado modelos de serviços. Essa concepção compreendia que as pessoas com
deficiência deveriam ser integradas gradativamente à sociedade, então, “Da
segregação total, passou-se a buscar a integração das pessoas com deficiência, após
capacitadas, habilitadas ou reabilitadas”. (ARANHA, 2004, p.12)
Com a participação das pessoas com deficiência na sociedade surgiu a
necessidade de criar adaptações nos ambientes a fim de diminuir as barreiras para a
atuação dos mesmos, originando-se então um novo paradigma, o paradigma de
suportes. Diante desses avanços, vieram também as transformações no sistema de
educação e vários documentos importantes foram organizados a fim de assegurar
esse direito básico para os deficientes.
A Declaração de Salamanca delegada em 1994 afirma que: “Aqueles com
necessidades especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los
dentro de uma pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer tais necessidades”.
(BRASIL, 2003). Esse mesmo documento salienta que “Escolas regulares que
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possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater
atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma
sociedade inclusiva e alcançando educação para todos”. (BRASIL, 2003)
O Ministério da Educação no Brasil sinalizava em 2010 a necessidade de
mudanças na organização escolar para “[...] superar os modelos de integração em
escolas e classes especiais”. (BRASIL, 2010, p. 6). Com base em dados coletados no
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas INEP, pode-se observar que a inclusão
na educação fundamental de crianças com necessidades educacionais específicas
vem crescendo significativamente.
Segundo o Censo Escolar (2019), “[...] O número de matrículas de alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas
habilidades/superdotação em classes comuns (incluídos) ou em classes especiais
exclusivas chegou a 1,2 milhão em 2018, um aumento de 33,2% em relação a 2014
[...]”.
O aumento no número de matrículas de estudantes com deficiências requer um
investimento na formação de professores. Conforme Resolução CNE/CEB n. 4/2009,
Art. 12, para atuar no atendimento educacional especializado, o professor deve ter
formação inicial que o habilite para exercício da docência e formação específica na
Educação Especial. O professor do AEE tem como função realizar o atendimento de
forma complementar ou suplementar à escolarização, considerando as habilidades e
as necessidades específicas dos alunos público alvo da educação especial. (BRASIL,
2010, p.8). Todavia, os professores das classes regulares também precisam de
formação voltada para o atendimento de alunos com necessidades específicas, tendo
em vista que a inclusão de estudantes com deficiência em salas de aulas regulares é
um desafio para a docência que geralmente possui uma mínima carga horária nesse
tema nos cursos de formação inicial docente.
1.2 Deficiência visual
Quando o assunto é deficiência visual, surge a necessidade de comentar sobre
alguns pontos fundamentais, como por exemplo, os dados apresentados pela
Fundação Dorina Nowill os quais informam que 23,9% (45,6 milhões de pessoas) da
população brasileira declara ter algum tipo de deficiência e a mais comum foi a visual,
atingindo 3,5% da população.
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Dados relevantes são observados no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE 2010 informam que no Brasil, das mais de 6,5 milhões de pessoas
com alguma deficiência visual, 528.624 pessoas são incapazes de enxergar (cegos)
e 6.056.654 pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente
dificuldade de enxergar). Outros 29 milhões de pessoas declararam possuir alguma
dificuldade permanente de enxergar, ainda que usando óculos ou lentes.
A deficiência visual é caracterizada pela limitação ou perda das funções básicas
do olho e do sistema visual. Considera-se deficiente visual a pessoa que apresenta
perda parcial ou total da visão. Numa visão clínica e com a finalidade de aceitabilidade
à Educação Inclusiva, a priori pelo Decreto 3.298/1999 sendo precedido pelo Decreto
5.296/2004 nos mostra que a deficiência visual pode ser compreendida em dois
grupos:
a) Baixa visão ou visão subnormal: quando o indivíduo possui uma
perda parcial da visão que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica e clinicamente, uma recuperação
não é mais possível.
b) Cegueira: na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica. Ao contrário do que se pensa,
nem todos os cegos vivem na escuridão total. Alguns podem ver vultos,
que mesmo estando próximos, são incapazes de definir, também
podem ver levemente algumas cores, não conseguindo distinguir
quando há várias cores juntas, como por exemplo um tecido listrado de
vermelho e branco e confundido com o rosa claro.
São diversas as causas da deficiência visual que pode ocorrer de forma
congênita ou adquirida, as principais delas são: amaurose congênita de Leber,
malformações oculares, glaucoma congênito, catarata congênita, traumas oculares,
catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma, alterações retinianas relacionadas
à hipertensão arterial ou diabetes entre outras.
A visão é um dos principais sentidos do ser humano é de fundamental
importância para o seu desenvolvimento, conforme vemos nas Orientações
Curriculares para alunos cegos e com baixa visão do Ministério da Educação - MEC:
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[...] a visão constitui um canal privilegiado de acesso ao mundo,
constituindo a base de uma parte significativa das aprendizagens
humanas. Através da visão as crianças desenvolvem-se e aprendem
naturalmente, sem que tenham que ser ensinadas, unicamente pelo fato
de observarem, explorarem e interagirem com o mundo que as rodeia.
No caso das crianças cegas ou com graves limitações visuais, a
informação visual é inexistente ou recebida de forma fragmentada e
distorcida, o que limita a interação com o ambiente e a extensão e
variedade das experiências, comprometendo as aprendizagens
acidentais e originando atrasos no desenvolvimento motor, cognitivo e
social. (BRASIL, 2008, p.17).
A interferência dos familiares ou cuidadores nas ações cotidianas de crianças
que nasceram sem a visão ou de adultos que perderam a capacidade de enxergar ao
longo de suas vidas, provoca um grande atraso no desenvolvimento da independência
pessoal e social do deficiente. Portanto, é crucial que a pessoa com deficiência visual
seja instigada a buscar a própria autonomia, desde as atividades mais simples, como
se locomover dentro de casa ou escolher a própria roupa, até atividades mais
complexas, como preparar uma refeição ou dar uma volta sozinho na cidade. Na
educação não é diferente, o aluno com limitação no campo visual não deve ser tratado
apenas como um ouvinte, ou ficar preso em métodos ineficazes de extração do
conhecimento.
Para Almeida (2007) capacitar uma criança não é condicioná-la,
transformando-a num ser automatizado, com respostas previsíveis e resultados
esperados. De acordo com estatuto da Pessoa com deficiência, firmado na Lei
13.146 de 06 de julho de 2015, Art. 28 incisos II e IX, é responsabilidade do Estado
garantir aos discentes com deficiência:
II aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir
condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por
meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem
as barreiras e promovam a inclusão plena; IX adoção de medidas de
apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos,
culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a
criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com
deficiência. (BRASIL-2015).
Segundo Bom Husken (2020) o primeiro país a prestar apoio a estes
estudantes foi a França, quando o Rei Luís IX decidiu criar em Paris, no ano de 1254,
a instituição Quinzze-Vingt, que servia de refúgio para 300 franceses que perderam a
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visão nas Cruzadas.
Bom Husken (2020) destaca também um outro marco valioso para o
aprendizado de pessoas com deficiência visual. Uma cnica desenvolvida pelo oficial
do exército francês, Charles Barbier, para que os soldados pudessem se comunicar
secretamente à noite. Como essa técnica consiste na escrita com pontos em relevo,
foi rapidamente estendida para o ensino de jovens cegos. O número de sinais usados
era muito grande, o que tornava a leitura longa e difícil. O jovem Louis Braille, de
apenas 15 anos, baseando-se no todo de Barbier, trouxe uma melhoria significativa
para o sistema de escrita, reduzindo de 12 para 6 o número de pontos. O trabalho
desempenhado por Louis Braille é utilizado aos dias atuais e possui grande eficácia.
1.3 Tecnologias Assistivas
As Tecnologias Assistivas (TA) têm se tornado um dos meios mais inclusivos e
facilitadores para pessoas com deficiência visual. Elas têm o objetivo de ajudar no
enfrentamento das dificuldades inerentes à sua condição, fazendo com que as
pessoas com limitações tenham mais poder sobre o que está sendo proposto,
possibilitando uma melhoria na qualidade de vida.
No Brasil, a definição de tecnologia assistiva foi registrada pela Lei Brasileira
de Inclusão (LBI), definindo no seu Art. , como: “III - Produtos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social”. (BRASIL, 2015).
As TAs podem ser chamadas também de “[…] ajudas técnicas” ou “produtos
de apoio”, […]”. Para esclarecer as competências colocadas sobre o termo Ajudas
Técnicas, o decreto no 3.298 de 1999, no Art. 19, esclarecendo também objetivo
dessas técnicas e o direito do cidadão brasileiro:
Consideram-se ajudas técnicas, para os efeitos deste Decreto, os
elementos que permitem compensar uma ou mais limitações
funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de
deficiência, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da
comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão
social. (BRASIL, 1999).
Rocha e Castiglioni (2005, p. 3) tratam o conceito de tecnologia assistiva
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como “eixo centralizador a relação indivíduo e tecnologia, onde a segunda pretende
aumentar, manter ou melhorar as habilidades da pessoa com limitações funcionais,
em uma relação direta e circunscrita a esta dualidade”. Pode-se dizer que essa relação
visa tornar mais acessível essas tecnologias.
Ao longo dos anos esses suportes têm auxiliado e melhorado a vida das
pessoas com deficiência. No âmbito da educação, tais suportes ajudam deficientes
visuais a terem uma melhor aprendizagem, porém com a pandemia de Covid 19, os
professores foram desafiados, com proporções ainda maiores, a ensinar alunos com
deficiência visual.
No âmbito legislativo, no Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência,
instituído pelo Decreto 7.612 de 17/11/11, foram feitas menções de políticas públicas
que auxiliassem mais ainda pessoas com necessidades específicas.
Metodologia
Esse estudo constituiu-se como pesquisa e sistematização de ferramentas
digitais que facilitem o aprendizado de pessoas com deficiência visual, portanto, os
procedimentos adotados serão baseados em uma pesquisa bibliográfica. Gil (2002, p.
59) que propõe fases para a condução de uma pesquisa bibliográfica, mas enfatiza
que não se trata de uma regra a ser cumprida.
Amaral (2007, p.1) define que a pesquisa bibliográfica “consiste no
levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à
pesquisa”. Boccato (2006, p. 272) também destaca a relevância do método adotado
neste trabalho, quando em sua obra afirma que “a pesquisa bibliográfica, dentro de
sua estrutura e finalidade, permite ao pesquisador a realização de um trabalho
científico que atenda aos objetivos propostos”. O autor enfatiza ainda que este modelo
de pesquisa resulta em novos dados e informações que contribuirão para a escrita,
que por é possível identificar de quais maneiras este assunto já foi abordado na
literatura científica.
Essa pesquisa é caracterizada como bibliográfica, tendo em vista que as fontes
utilizadas para a elaboração da mesma foram estudadas, aprofundadas e detalhadas
por seus autores, conforme Sousa, Oliveira e Alves (2012, p.65) “A pesquisa
bibliográfica está inserida principalmente no meio acadêmico e tem a finalidade de
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aprimoramento e atualização do conhecimento, através de uma investigação científica
de obras publicadas.”. As autoras afirmam ainda que a pesquisa bibliográfica “é o
levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o
trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e análise pelo pesquisador
que irá executará o trabalho científico e tem como objetivo reunir e analisar textos
publicados, para apoiar o trabalho científico.”
Diferentemente de uma pesquisa documental que de acordo com as autoras
Kripka, Scheller e Bonotto (2015, p. 243) é abordada como “[...] o uso da análise
documental, que se refere à pesquisa documental, que utiliza, em sua essência:
documentos que não sofreram tratamento analítico, ou seja, que não foram analisados
e sistematizados.[...]”. Em concordância com as autoras em uma pesquisa
documental, o pesquisador tem que “[...] selecionar, tratar e interpretar a informação,
visando compreender a interação com sua fonte.[...]”. Assim é possível afirmar que
esta pesquisa é bibliográfica.
Ao utilizar esse tipo de pesquisa é preciso cautela para evitar erros, pois a
“pesquisa bibliográfica pode reproduzir ou mesmo ampliar esses erros se não houver
um processo cuidadoso de verificação das fontes, na busca de incoerências e
contradições” (Soares, Piccoli, Casagrande, 2018, p.318). Em alguns casos de
pesquisa, o vasto caminho de conteúdos que a internet proporciona pode atrapalhar
a construção de uma pesquisa bibliográfica, dificultando o embasamento teórico forte
na pesquisa.
As autoras Lima e Mioto (2007, p.44) tratam a pesquisa bibliográfica como: [...]
um procedimento metodológico importante na produção do conhecimento científico
capaz de gerar, especialmente em temas pouco explorados, a postulação de
hipóteses ou interpretações que servirão de ponto de partida para outras pesquisas.
Sendo assim, todas as citações utilizadas no projeto em questão, foram
cuidadosamente selecionadas, fichadas e anexadas, com o propósito de delinear o
histórico da deficiência visual e as características e importância da utilização de
tecnologias assistivas para tal necessidade educacional.
Muitos profissionais que atuam na esfera educacional tiveram pouco contato
com as tecnologias assistivas para lidar com discentes com deficiência visual, isso
porque não existe obrigatoriedade por lei que determine a ministração de treinamentos
e capacitações pedagógicas voltadas para essa necessidade na rede pública.
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Resultados e Discussão
Após o estudo das tecnologias assistivas disponíveis e que se enquadram na
delimitação (privilegiando as ferramentas gratuitas), apresenta-se a seguir as
tecnologias consideradas adequadas e efetivas no auxílio aos estudantes com
deficiência visual e também aprimorar os conhecimentos do docente, ou de qualquer
outro profissional envolvido com o processo educacional de pessoas com deficiência
visual.
1.4 Balabolka
O Balabolka é um programa editor de textos que permite que todas as pessoas,
inclusive as com deficiência visual, podendo ser cegueira ou baixa visão possam ter
acesso à audição de textos digitalizados e convertidos para áudio de forma simples e
prática. Ele é bastante versátil, conseguindo ler os textos em voz alta em vários
formatos: DOC, RTF, PDF, ODT, FB2 e HTML e funciona em conjunto com o
sintetizador de voz, sendo do tipo Text-To-Speech (TTS), ou seja, Texto Para Fala.
Pode ser acessado e baixado gratuitamente.
Devido sua funcionalidade de ler os textos foi batizado por esse nome
“balabolka” que é uma palavra de origem russa e significa palrador, ou seja, falador,
tagarela. várias versões do Balabolka, em uma delas é possível personalizar a tela
do programa e modificar a aparência da janela. Segundo Mozorov (2022), a
ferramenta de fala da Microsoft utiliza de outras versões, dentre elas: a Microsoft
Speech API (SAPI) a qual permite que você altere os parâmetros de uma voz,
incluindo a velocidade e a tonalidade.
Esse programa permite ainda gravar o arquivo lido em áudio no formato MP3
dentre outros, possibilitando ao deficiente visual a audição desses arquivos em
tocadores de MP3, entre outros dispositivos que leem áudios digitais. Devido sua
versatilidade considera-se o programa comum grande coadjuvante para os
programas de inclusão social e de incentivo à leitura.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
LINKS DISPONÍVEIS
Acesso para baixar:
http://www.cross-plus-
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Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
BALABOLKA
a.com/br/balabolka.htm
Vídeo contendo recursos básicos do programa
Balabolka.
https://youtu.be/C0ULGeWxxXI
TUTORIAL DE BALABOLKA
O balabolka é um programa que converte texto em
fala. Possui vários recursos e é muito intuitivo.
Assista a este vídeo e descubra mais sobre o
balabolka e o mundo TTS.
https://youtu.be/S86xSN65PXY
1.5 Leitor de PDF Adobe Reader
Um documento poderá ser escrito de várias maneiras como: Word, PDF entre
outros. Porém, se tornará acessível a partir do momento que todas as pessoas,
inclusive as com deficiência visual conseguirem usá-lo. Essa então é a funcionalidade
do Leitor de PDF, Adobe Acrobat Reader, permitir que os usuários com deficiência
visual utilizem documentos PDF com ou sem leitores de tela, ampliadores de tela e
impressoras braile.
O Leitor de PDF é um programa que faz a leitura de arquivos com a extensão
PDF. Esta sigla PDF significa Portable Document Format (Formato Portátil de
Documento). Os recursos de acessibilidade do Acrobat e Acrobat Reader estão
divididos em duas categorias. recursos que tornam a leitura dos documentos PDF
mais acessível e recursos que criam documentos PDF acessíveis.
Vamos apresentar aqui as principais funções e como utilizar o leitor de PDF
Adobe Reader para dispositivos móveis e para computador.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
LINKS DISPONÍVEIS
Acesso para baixar: Adobe Acrobat Reader: Ler PDF
Apps no Google Play
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TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO REMOTA COM
ÊNFASE NA DEFICIÊNCIA VISUAL
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APLICATIVO ADOBE READER -
MENUS E BOTÕES
Neste vídeo, os menus e botões principais do
aplicativo para smartphone Adobe Reader são
apresentados com uso do leitor de tela Talkback.
https://youtu.be/U-g55kk6nBo
APLICATIVO ADOBE READER -
LEITURA DE ARQUIVOS EM PDF
Vídeo sobre a leitura de arquivos em PDF no
aplicativo para smartphone Adobe Reader com ênfase
na acessibilidade para pessoas com deficiência visual.
https://youtu.be/vlwpmVijvLU
PROGRAMA ADOBE READER
PARA COMPUTADOR
Vídeo sobre o uso, botões, menus e leitura de PDF no
programa de Windows Adobe Acrobat Reader DC,
com ênfase na acessibilidade para pessoas com
deficiência visual.
https://youtu.be/srQeNkaDbk0
1.6 Google Meet
O Google Meet é uma ferramenta educacional criada pelo Google e lançada
em 2017. E é bastante utilizada no ensino remoto. No Google Meet é possível fazer
reuniões, podendo optar por manter ou não a câmera ligada, manter ou não o
microfone ligado e até controlar os participantes. Nos últimos 3 anos, a utilização desta
ferramenta acendeu de forma significativa, pois passou a ser uma das ferramentas
mais utilizadas tanto no meio acadêmico como em reuniões de trabalho. Assim, a
necessidade de saber utilizá-la se tornou indispensável para todas as pessoas.
O aplicativo possui formato compatível com os leitores de tela, por isso torna-
se viável para o processo de ensino-aprendizagem de estudantes com limitações no
campo visual, desta forma eles podem participar de videochamadas do Google Meet
usando recursos de acessibilidade no Meet, no navegador Chrome e no hardware de
sala de reunião do Google.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
LINKS DISPONÍVEIS
Do
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ÊNFASE NA DEFICIÊNCIA VISUAL
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GOOGLE MEET NO
Na
COMPUTADOR
GOOGLE MEET PARA
Do
SMARTPHONE
Na
1.7 Leitores de Tela
Os leitores de tela são programas que convertem informações textuais
apresentadas visualmente na tela de um computador ou dispositivo móvel em áudio
por meio de um sintetizador de voz, ou em braille por meio de uma linha braille. Esses
softwares são usados para obtenção de respostas do computador ou do celular por
meio de som. O programa vai percorrendo textos e imagens e lendo em voz alta tudo
o que ele encontra na tela e desta forma possibilita que o deficiente visual tenha
acessibilidade ao conteúdo.
Neste momento, discorreremos sobre dois dos vários leitores de tela existentes
e disponíveis gratuitamente na internet. São eles: NVDA (para computadores);
TalkBack (para dispositivos móveis com sistema Android).
1.8 NVDA
O NVDA é um leitor de tela de código aberto (suscetível a mudanças) para
computadores com sistema operacional Windows, e pode ser baixado gratuitamente.
Com ele, pessoas cegas ou com baixa visão conseguem navegar no mundo virtual
utilizando tanto o teclado como também o mouse. O NVDA, sigla para Non Visual
Desktop Accessibility, é o leitor de telas mais utilizado no mundo todo por pessoas com
deficiência visual. A aplicação é totalmente gratuita, open source e oferece muita
qualidade no que se propõe a fazer.
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TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO REMOTA COM
ÊNFASE NA DEFICIÊNCIA VISUAL
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1.9 TalkBack
O TalkBack é um incrível leitor de telas destinado para aparelhos com sistema
Android. Segundo o Centro de Educação a Distância do Instituto Benjamin Constant5
sua principal função “é fazer a leitura de forma audível das informações textuais
contidas na tela do aparelho por meio de uma voz sintetizada”. O mesmo garante à
pessoa com deficiência visual uma maior autonomia para atividades básicas como
navegar nas redes sociais, realizar pesquisas em sites ou aplicativos, participar de
eventos online, ingressar em cursos à distância, dentre outros, com isso, é indiscutível
que ele tem contribuído grandemente neste período em que o ensino ocorreu de forma
remota.
Para utilizar esta ferramenta basta abrir as configurações do dispositivo, clicar
no item acessibilidade, após clicar na opção TalkBack, ou, (leitor de tela) e selecionar
a opção Ativar. Os comandos básicos para a utilização desse recurso estarão em um
tutorial disponibilizado assim que o aplicativo for ativado.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
LINKS DISPONÍVEIS
NVDA
Acesso para baixar: NV Access | Download
Vídeo de instalação do NVDA 2020.1
https://youtu.be/FzXS4Uu64vs
Este vídeo, mostra o processo de instalação do NVDA
versão 2020.1 no Windows 10. O programa pode ser
baixado em https://www.nvaccess.org/download/
Baixando, instalando e configurando o NVDA
https://youtu.be/P0hIFWg1d5c
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TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO REMOTA COM
ÊNFASE NA DEFICIÊNCIA VISUAL
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Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
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INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Centro de Educação a Distância. Disponível em:
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/597835/2/FER%20DV%20UNIDADE%202.pdf
Acesso em 22 de mar. de 2022.
TECNOLOGIA ASSISTIVA
LINKS DISPONÍVEIS
TalkBack
Ativação do Talkback
https://youtu.be/nrolpKBKrUE
Este vídeo, mostra os primeiros passos para ativar o
TalkBack em um aparelho Samsung com Android 9
demonstração de ativação e uso do aplicativo Talkback
https://youtu.be/vqYcKbiGj7Q
A educação remota, como momento histórico que exigiu de professores e
estudantes um novo olhar e atitude sobre os processos de aprendizagem, colocou em
evidência as necessidades específicas dos estudantes, que além da adaptação ao
distanciamento social, também precisaram enfrentar o desconhecimento de
tecnologias assistivas que pudessem auxiliar seus estudos.
Considera-se que as tecnologias assistivas abordadas neste estudo
possibilitam situações de aprendizagem que contemplem as necessidades
específicas de estudantes com deficiência visual, mas isso exige tanto do professor
quanto do estudante, a disposição de vivenciar a flexibilidade pedagógica,
experimentar novas formas de aprender e ensinar e o exercício de escutar a si mesmo
em seus estados emocionais para trilhar, com paciência e persistência, o caminho
diário da autonomia.
Conclusões
Muitos são os desafios de ensinar e aprender no contexto da deficiência visual.
A pandemia revelou de forma explícita o desconhecimento de professores quanto às
tecnologias e sua importância para o ensino, sobretudo de alunos cegos ou com baixa
visão. Nesse contexto, essa pesquisa teve como preocupação as especificidades da
pessoa com deficiência visual, seja ela cega ou com baixa visão no âmbito das
aprendizagens construídas na educação remota quando, professores, estudantes e
gestores escolares tiveram que buscar formas de adaptação em decorrência de um
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AS ARTES DE DIZER DA PESSOA SURDA EM UMA FAMÍLIA DE
OUVINTES
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risco invisível (vírus), mas a busca de alternativas acabou por lançar um “olhar” para
dificuldades sempre visíveis e dificilmente vistas enfrentadas no dia a dia por
estudantes que não enxergam o mundo como a maioria.
Esse estudo consistiu em uma pesquisa bibliográfica sobre tecnologias
assistivas para estudantes com deficiência visual e investigou o problema: quais
ferramentas digitais podem contribuir para o atendimento das necessidades
educacionais de estudantes com deficiência visual no contexto da educação remota?
A pesquisa teve como objetivo geral identificar tecnologias assistivas gratuitas mais
adequadas para atender as especificidades educacionais do deficiente visual.
Os resultados da pesquisa indicam tecnologias assistivas disponíveis e
gratuitas, consideradas adequadas e efetivas para ajudar estudantes com deficiência
visual e também aprimorar os conhecimentos do docente ou de qualquer outro
profissional envolvido com o processo educacional de pessoas com deficiência visual.
Entre as tecnologias estudadas, esse estudo priorizou cinco tecnologias
assistivas que foram descobertas por muitos estudantes e professores na educação
remota. É evidente neste novo cenário, pós-pandemia e de retorno presencial às aulas
podem ser utilizadas com maior regularidade. Cabe ao profissional de educação,
mediante sua intencionalidade pedagógica, escolher, se apropriar e implementar as
tecnologias apresentadas.
Referências
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Sistema Braille. Salvador: MEC, 2007.
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Disponível em: http://200.17.137.109:8081/xiscanoe/courses-
1/mentoring/tutoring/Como%20fazer%20pesquisa%20bibliografica.pdf . Acesso em: 20 de
maio de 2021.
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AS ARTES DE DIZER DA PESSOA SURDA EM UMA FAMÍLIA DE
OUVINTES
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. Acessibilidade
aedificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. ABNT NBR 9050. Disponível
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BRASIL. Alunos cegos e com baixa visão Orientações curriculares. Ministério da
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