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ABORDAGENS E PERSPECTIVAS DE RELAÇÕES GEOGRÁFICAS,
HISTÓRICAS E CULTURAIS FRONTEIRIÇAS NA/DA AMAZÔNIA
Revista Culturas & Fronteiras - Volume 5. Nº 9 - Dezembro/2023
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
culturais, conclui: “O homem, a mulher e as crianças amazônicas trazem, ainda, as marcas e os
insumos sociais, biológicos e étnicos de muitos povos, tradições e costumes”.
Tais afirmações reforçam a tese de que a funcionalidade das fronteiras se relaciona, na
maioria das vezes, à questão da permanência de formas não capitalistas num contexto de intenso
crescimento urbano-industrial. Portanto, segundo Castro (1969) e Paiva (1971) a questão dos
costumes e tradições “atrasadas” como setor flexível, capaz de atender aos requisitos do
processo de desenvolvimento conforme as exigências do mercado consumidor, foi concebida
no âmbito do pensamento liberal como um entrave ao desenvolvimento econômico e social.
Hoje, se faz necessário mudar tal concepção, é importante refletir o Lugar como
requisito existencial dessas populações, tendo em vista que não seguem a mesma linha de
raciocínio dos pensadores liberais, assim, os ditos “desenvolvimentos” impostos pelo sistema
capitalista não são atraentes para estes povos considerados “atrasados”. Isso em parte, pelo
conflito de signos em virtude da especificidade da ‘cultura amazônica’ apontado por Loureiro
A cultura amazônica é, portanto, uma produção humana que vem incorporando sua
subjetividade, no inconsciente coletivo e dentro das peculiaridades próprias da região,
motivações simbólicas que resultam em criações que estreitam, humanizam ou
dilaceram as relações dos homens entre si e a natureza. Uma natureza plurivalente
para o homem, da qual ele retira não apenas sua subsistência material, como também
espiritual (Loureiro, 2015 – pág. 92).
Logo, a resistência e a criação de certas barreiras culturais, justificam-se muito mais
pela questão existencial e cultural do que material, pois não se preocupam pelo que têm ou
poderão ter, mas pelo que são ou poderão ser.
Assim, refletir sobre a funcionalidade das fronteiras é pensar sobre as diversas facetas
que as englobam, podendo servir como uma divisão territorial feita por elementos materiais,
como rios, montanhas e florestas, como também pode ser percebida e concebida como uma
barreira ideológica, cultural e social feita pelo homem.
A FRONTEIRA AMAZÔNICA A PARTIR DA GEOPOLÍTICA DO SÉCULO XX.
Muitos historiadores enfatizam que o século XX é uma caixa estupefata de
acontecimentos, isso por que, em menos de 100 anos, vários acontecimentos marcaram a
existência humana. Revoluções científicas e tecnológicas, guerras entre nações, mudanças de
hábitos e costumes, formações e junções de blocos econômicos são alguns dos exemplos
genéricos que podem ser mencionados. Mas, neste trabalho não foi discutido todos estes fatos,