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CARTOGRAFIAS DO AFETO NA FRONTEIRA: A POÉTICA DA PAISAGEM E OS
ESPAÇOS DE LAZER COMO LUGARES DE IDENTIDADE EM GUAJARÁ-
MIRIM/RO
Revista Culturas & Fronteiras – Volume 12 Nº 1- Outubro/2025
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Rondônia
Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
fundamentos teóricos da pesquisa é o conceito de topofilia, desenvolvido por Yi-Fu
Tuan (200, p. 17), que se refere ao vínculo afetivo entre pessoa e lugar. Segundo o
autor, “topofilia [...] é o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente físico”. Para
ele, o afeto territorial não é mero sentimentalismo, mas uma forma legítima de
conhecimento que ativa memórias, valores e aprendizados. Os espaços naturais de
lazer, quando vivenciados e ressignificados pelas práticas comunitárias, tornam-se
expressões de topofilia, revelando pertencimento, cuidado e resistência simbólica.
Edward Relph (1976, p. 82), em Place and Placelessness, introduz o conceito
de autenticidade, distinguindo lugares vividos de espaços genéricos e
despersonalizados. Para Relph, “a autenticidade reside na profundidade da experiência
com o lugar, e não simplesmente em sua aparência física (grifo nosso)”. Mirantes e
balneários, nomeados e apropriados pela comunidade, exemplificam essa vivência
autêntica, carregando sentidos históricos e afetivos que os tornam diferentes da
paisagem abstrata e funcional. A abordagem fenomenológica proposta por Maurice
Merleau-Ponty (2006, p. 195) também é fundamental para a leitura dos espaços. Para
o autor, “é pelo corpo que percebemos o mundo; a corporeidade é a condição da
experiência”. A corporeidade, nesse sentido, não é apenas presença física, mas
mediação entre sujeito e território. Ao caminhar nos balneários, tocar a água ou
permanecer em silêncio no mirante, o corpo aprende, reconhece, pertencer. São
experiências formativas que desafiam a lógica escolar convencional.
Roberto Verdum et al. (2012, p. 241), no processo de aprendizagem, a leitura
da paisagem “é um recurso para aprender a compreender a dinâmica da natureza, pois
esta permite desenvolver várias capacidades, como a observação e representação das
suas formas e de elementos constitutivos quando analisamos, e comparamos com
outras paisagens”. Logo, a ideia de paisagem como texto cultural, propõe uma leitura
poética do território. Ao ser interpretada como currículo poético, a paisagem revela sua
capacidade de ensinar por meio do
ritmo, da beleza, do vínculo e do silêncio. É nesse cenário que o lazer comunitário se
torna prática educativa, mesmo sem estrutura escolar formal. No campo da educação,
Paulo Freire (2016, p. 42) fortalece essa visão ao afirmar que “a educação se dá no