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O PROJETO MOINHO CULTURAL: DANÇA, MÚSICA E LETRAMENTO NA
FRONTEIRA
Revista Culturas & Fronteiras - Volume 10. Nº 1 - Julho/2024
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Disponível em:
https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
atividades e apresentações culturais são desenvolvidas. À direita, o refeitório, e à
frente uma escadaria que levam às salas de aula, as paredes tinham muitos quadros
de marcos e representações culturais e de pessoas importantes para o Moinho. A
historicidade do lugar é viva e salta aos olhos. Há professores do Moinho que foram
parte dos primeiros alunos do projeto, tiveram as vidas transformadas e hoje fazem
parte da transformação de novas vidas, através da educação, arte e cultura. Ali essas
crianças têm oportunidade de driblar muitos dos impactos da vulnerabilidade social e
econômica, lá podem sonhar com perspectivas de futuros brilhantes, pois
[...] a cultura, no sentido mais restrito do termo, quando na condição
de meio e instrumento para o desenvolvimento, exerce um papel
importante que não se restringe ou se limita, necessariamente, à
dimensão econômica, pois seu principal fim é construir ou reconstruir
identidades, elevar a auto-estima individual e coletiva, adicionar valor
ao patrimônio existencial humano, enriquecendo substantivamente o
homem e a sociedade. (Knopp, 2008, p.12,13)
Primeiramente encontramos a turma de canto. As crianças estavam em uma
sala com portas de vidro que permitia que as observássemos de fora. Ao notarem
nossa presença, a professora conduziu no piano uma música para que nos
apresentassem. As outras salas de música eram nomeadas com nomes de notas
musicais. Apreciamos também em suas respectivas salas no andar da música, as
aulas de instrumentos de orquestra que estavam acontecendo no dia, a de violino e a
de trompete. Subindo mais um andar, conhecemos o espaço da Educação. A
recepção cheia de livros e materiais didáticos do local já nos preparava para o mais
importante, a Biblioteca Augusto César Proença, financiada pelo Criança Esperança,
uma iniciativa da Rede Globo em parceria com a UNESCO. Livros, gibis, brinquedos
e um espaço lindo de contação de histórias compunham o lugar encantador. No
mesmo espaço, a biblioteca se fazia sala de aula, um lugar onde o letramento e
alfabetização em português e espanhol estava a acontecer de forma acolhedora e
humanizada. A professora ao ensinar as características sonoras distintas que o
Espanhol tem da Língua Portuguesa, deu a oportunidade a um aluno boliviano para
dizer palavras em sua língua enquanto os alunos brasileiros tentavam acertar a forma
correta de escrita. O momento gerou diversão e interações respeitosas entre as
crianças. Sabendo que o aluno fronteiriço é imerso ao multiculturalismo é necessário
que as interações sejam mediadas em torno do respeito e aceitação para que suas