
119
FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA FRONTEIRA: AS NOVAS
PRÁTICAS CONSTRUIDAS POR PARTICIPANTES DO PROJETO
RUEDAS DE CONVERSACIONES
Revista Culturas & Fronteiras - Volume 8. Nº 1 - Julho/2023
Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas - GEIFA /UNIR
Disponível em: https://periodicos.unir.br/index.php/culturaefronteiras/index
A interação dialógica em sala precisa ser uma ferramenta emancipatória das
práticas educativas, através da fala, da escuta e da reflexão, os alunos passam a
conhecer a história do outro, os problemas e formas de resolvê-los e superá-los,
percebem que não estão sozinhos, mas que suas histórias se entrelaçam com as
histórias dos outros. Nesse sentido, ao refletirmos na condição do imigrante e/ou
refugiado na sala de aula, entendemos a importância de criarmos o espaço da
enunciação, abrir espaço no currículo para às vozes silenciadas.
É importante, portanto, ultrapassar os limites impostos pelo território do
curricular escolar e garantir ampliações e projeções dos conhecimentos
específicos da região onde a escola de fronteira se encontra. Ao conhecer a
história do outro começamos a respeitá-lo a entendê-lo e isso é importante
para vencermos comportamentos preconceituosos e representações
ultrapassadas sobre as migrações (SANTOS, 2021, pg. 284).
O próprio processo de formação das Ruedas de Conversaciones, que teve
como base as interações dialógicas do grupo, foi uma prática intercultural que
valorizou as diferentes vozes: brasileiras, bolivianas, venezuelanas e haitianas, todos
podiam se manifestar, falar das suas experiências e incertezas, concordar e discordar
das opiniões, possibilitando um diálogo pedagógico produtivo e reflexivo.
O PROJETO, RUEDAS DE CONVERSACIONES: PRÁTICAS ESCOLARES DE
ACOLHIMENTO E ENSINO PARA IMIGRANTES,
O projeto realizado seguiu a metodologia da formação em roda de conversa,
teve como vinculação o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica –
PIBIC 2021-2022. A dinâmica dos encontros para formação de professores
aconteceu, de forma remota, via Google Meet, no período de setembro a dezembro
de 2021, em encontros semanais de duas horas, totalizando uma carga horaria de 24
horas. Se inscreveram para participar do projeto 47 pessoas de diferentes regiões do
Brasil: Rondônia, Acre, Amazonas, Paraná, Roraima, Pará, e de outros países,
Colômbia, Venezuela e Bolívia.
A proposta da formação priorizou os conhecimentos e informações para
atender às diferentes situações pedagógicas que envolviam imigrantes e refugiados
em nosso país, em especial no estado de Rondônia e Roraima, devido ao fluxo de
venezuelanos que estes Estados receberam. Em plena, pandemia, o projeto
aconteceu, envolvendo professores, doutores, pesquisadores e acadêmicos em