CULTURA, IDENTIDADE E MEMÓRIA: A INDISSOCIABILIDADE NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA/CULTURE, IDENTITY AND MEMORY: THE INSEPARABILITY IN THE FOREIGN LANGUAGE TEACHING-LEARNING PROCESS
Palavras-chave:
Cultura, Identidade, Memória, Língua Estrangeira, Ensino-aprendizagem.Resumo
Pesquisas relacionadas ao ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras defendem uma visão de linguagem carregada de aspectos identitários, de valores culturais e traços de memórias. Há importantes discussões sobre a indissociabilidade desse tripé no processo de aquisição de uma língua estrangeira. Deste modo, a partir de uma revisão bibliográfica, pretende-se, neste trabalho, abordar a questão dessa relação indissolúvel e suas implicações no processo de ensino e aprendizagem de línguas na contemporaneidade. Para tanto, traçamos um diálogo reflexivo com teóricos como Canclini (1998), Laraia (2004), Cuche (1999) e Bruner (1990; 1997; 2001), que discutem a cultura, Hall (2001) e Rajagopalan (2003), que permeiam suas discussões acerca da identidade e Halbwachs (2006) e Pollak (1992; 2004) sobre a memória. Com este estudo, percebeu-se que a cultura é a grande responsável por fazer com que o educando tome atitudes baseadas em sua forma de compreender a vida. No entanto, se a relação entre língua e cultura pressupõe que o uso da linguagem é compartilhado socialmente por um grupo e isso não ocorre em fatos isolados, mas no cotidiano da prática linguística, deve-se desenvolver a competência intercultural do educando sem impor o domínio da outra cultura, caso contrário, estaria induzindo o estudante, em detrimento da cultura estrangeira alvo, a negar a sua. De igual modo, deve o educador refletir sobre o processo intelectual de mudança do conceito de identidade fixa para mais plural, uma vez que ela se relaciona com a memória na medida em que as identidades se constituem como uma herança de significados, ligados à constituição de uma memória e de um discurso que legitime a ideia de pertencimento.
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