MULHERES AGRICULTORAS - UMA ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO E EMPODERAMENTO FEMININO NA CAFEICULTURA DE RONDÔNIA, BRASIL

Autores

  • Mariana Ferraz Rodrigues Schons Universidade Federal de Rondônia - UNIR
  • Poliana Perrut de Lima Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
  • Renata Kelly da Silva Embrapa Rondônia
  • Jerônimo Vieira Dantas Filho Universidade Federal de Rondônia - UNIR
  • Sandro de Vargas Schons Universidade Federal de Rondônia - UNIR
  • Rosilene Komarcheski Universidade Federal de Rondônia - UNIR
  • João Carlos Barrozo Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

DOI:

https://doi.org/10.18361/2176-8366/rara.v17n1p142-166

Resumo

A produção de café no Brasil é um exemplo da dedicação da mulher na atividade agrícola. Atividade econômica considerada por muitos uma prática exercida principalmente por mão de obra masculina. Na verdade, uma parcela significativa da força de trabalho do cafeeiro é feminina, contribuindo de forma significativa na capina, na adubação, no apanhar do café e durante a secagem dos grãos. Neste contexto a International Women’s Coffee Alliance (IWCA) tem procurado ampliar os conhecimentos e congregar plataformas e grupos de mulheres ligados à cafeicultura, em diferentes padrões de conhecimento. Recentemente, Rondônia ingressou na Aliança Internacional das Mulheres do Café - IWCA Brasil, no entanto não há estudos sobre o perfil sociocultural e econômico da mulher do café de Rondônia, uma vez que a atividade se encontra no quarto ano de implantação. Dentro deste contexto, este estudo teve por objetivo analisar o perfil sócio-econômico-cultural das cafeicultoras da microrregião da Zona da Mata, estado de Rondônia, e de alguns outros municípios, bem como seus anseios e dificuldades no empoderamento da mulher, visando à satisfação com a atividade que exerce, a relação trabalho/família e sua autoestima. Para tal, foram realizadas visitas a 20 cafeiculturas, localizadas nos municípios de Novo Horizonte do Oeste, Alta Floresta do Oeste, Cacoal, Ministro Andreazza, Vale do Anarí, Nova Brasilândia do Oeste e São Miguel do Guaporé, para aplicação de um questionário semiestruturado com questões fechadas e abertas. Para um melhor entendimento por parte das entrevistadas, os questionários foram divididos em três dimensões: o primeiro, relacionado aos dados sobre a escolaridade, idade, número de filhos e etnia; o segundo, sobre a produção de café na propriedade; e o terceiro suas percepções sobre a atividade. Neste estudo foi observado que grande parte das entrevistadas eram jovens, com idade inferior a 45 anos e desenvolviam a cafeicultura em pequenas propriedades rurais, principalmente ligadas a agricultura familiar. Dentre as tecnologias adotadas nas propriedades, o “Sprouting Process” foi o mais relatado entre as entrevistadas, e esteve ligado diretamente a satisfação com atividade cafeeira e o maior rendimento e preço das sacas de cafés comercializadas após o concurso de qualidade e sustentabilidade do café de Rondônia (CONCAFÉ). Ao mesmo tempo, observou-se a produção por micro-lotes de cafés especiais alcançou um pequeno nicho do mercado consumidor, o que dá perspectivas futuras da criação de uma associação ou cooperativa para aumentar a produção e industrialização, além de atingir um maior mercado consumidor.

Biografia do Autor

  • Mariana Ferraz Rodrigues Schons, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

    Bacharelado em Direito (UniJipa), Graduando em História (UNIR), Especialista em Direito Previdenciário e Trabalhista (UNOPAR) e Mestra em Ciências Ambientais (UNIR)

  • Poliana Perrut de Lima, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

    Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR (2011), Mestre em Ciências Agrárias pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA (2014), Especialista em Educação Empreendedora pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RIO. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Agronomia, atuando principalmente nos seguintes temas: Cafeicultura, produção de mudas de espécies agrícolas (Coffea canephora, Theobroma cacao e Piper nigrum) diversidade de espécies na amazônia, fertilidade e manejo do solo, rendimento das principais culturas do Estado de Rondônia.

  • Renata Kelly da Silva, Embrapa Rondônia

    Mestranda em Administração de Organizações (FEA-RP/USP), possui especialização em Comunicação e Marketing (FMU, 2016) e graduação em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo (UFV, 2007). Analista A na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com atuação na Embrapa Rondônia (Porto Velho). Possui experiência em Comunicação Pública, Estratégica e Científica; Gestão; e Marketing. Atua, desde 2011, com comunicação e marketing voltados para a agropecuária e florestas em Rondônia e região Amazônica, com participação em mais de 20 projetos. Na cafeicultura, fez parte da equipe de criação e notoriedade da identidade dos cafés de Rondônia, denominados Robustas Amazônicos, e no processo de reconhecimento e registro da Indicação Geográfica (IG) da Região Matas de Rondônia para Robustas Amazônicos, reconhecida como a primeira Denominação de Origem (DO) para café canéfora (robusta e conilon) sustentável do mundo (INPI, 2021). É editora da revista Cafés de Rondônia, da Embrapa, e, dentre outros, faz parte do Projeto Tribos, parceria público-privada da Embrapa e demais parceiros junto à maior empresa de cafés do Brasil (3corações) em ações para a produção de cafés por indígenas de Rondônia, com foco em qualidade, sustentabilidade e no protagonismo dos indígenas. Na Embrapa, faz parte da equipe de trabalho do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil. Como trabalhos voluntários, é idealizadora do Movimento das Mulheres do Café de Rondônia (2017), faz parte do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABC Pública) e é atuante no Movimento Agro Mulheres Rondônia (desde 2019).

  • Jerônimo Vieira Dantas Filho, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

    Bolsista CNPq de Pós-Doutorado na UNIR

  • Sandro de Vargas Schons, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

    Professor no Dep. de Medicina Veterinária e no PPG em Ciências Ambientais - UNIR

  • Rosilene Komarcheski, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

    Professora Adjunta do Departamento de Educação do Campo da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), desde 2019, onde leciona disciplinas no campo das ciências sociais nos cursos de Licenciatura em Educação do Campo, Bacharelado em Agronomia, Bacharelado em Engenharia Florestal e no curso de Especialização em Gênero e Diversidade na Escola. Bacharela em Gestão Ambiental (UFPR), Licenciada em Sociologia (Uninter), Mestra em Meio Ambiente e Desenvolvimento (MADE/UFPR) e Doutora em Sociologia (PGSOCIO/UFPR). Foi professora substituta na UFPR nos cursos de Licenciatura em Educação do Campo (2018-2019) e de Bacharelado em Gestão Pública e Bacharelado em Gestão Ambiental (2011-2013). Na mesma instituição, participou do Programa de Extensão Universitária "Farinheiras no Litoral" (2007-2019). É líder do Grupo de Estudos sobre Conflitos e Resistências no Campo, no âmbito do qual desenvolveu os projetos de pesquisa "Participação comunitária e práticas educativas na Educação Escolar Quilombola" e "Re-existências quilombolas: trajetórias de luta no Vale do Ribeira (PR) e no Vale do Guaporé (RO)". Participou ainda como membro da equipe do Projeto de extensão Formação Continuada de Alfabetizadores para as Diversas Faixas Etárias e Saberes Escolares e Não Escolares, realizado no Acampamento Chê Guevara, em Rondônia. Tem como interesse de pesquisa, principalmente, os seguintes temas: movimentos sociais e ação coletiva, desenvolvimento e sustentabilidade, (de)colonialidades, questão agrária, educação do campo, sociedade e natureza, comunidades tradicionais e camponesas. Em exercício na Diretoria de Articulação e Governança (DAG), da Secretaria dos Comitês de Cultura (SCC) do Ministério da Cultura (MinC), por requisição, desde julho de 2023.

  • João Carlos Barrozo, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

    JOÃO CARLOS BARROZO, É MESTRE EM SOCIOLOGIA PELA UNICAMP E DOUTOR EM SOCIOLOGIA PELA UNESP (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO). PROFESSOR APOSENTADO DA UFMT, ATUALMENTE É PROFESSOR PERMANENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO, MESTRADO E DOUTORADO EM HISTÓRIA, DA UFMT (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO), PROFESSOR VISITANTE NACIONAL SÊNIOR NA UNIR (ROLIM DE MOURA) COORDENADOR E PESQUISADOR DO NERU (NÚCLEO DE ESTUDOS RURAIS), DA UFMT. PESQUISADOR ASSOCIADO DA UFMT. ATUA NO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA,ORIENTA NA LINHA DE PESQUISA I, TERRITÓRIOS, TEMPORALIDADES E PODER. TEMAS DE PESQUISA: QUESTÃO AGRÁRIA EM MATO GROSSO, COM ÊNFASE EM COLONIZAÇÃO, RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO, ASSENTAMENTOS RURAIS, CONFLITOS NO CAMPO, MIGRAÇÕES, GARIMPOS, EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO.

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Publicado

24-08-2025