Brumadinho: uma leitura orientada pela Análise do Discurso francesa sobre as charges da tragédia

Resumo

Em 25 de janeiro de 2019, rompe-se a barragem da Vale em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Com a divulgação do desastre nas mídias sociais e comunicativas, logo surgiram vários comentários, solidarizações, questionamentos e críticas com as medidas ambientais do atual Governo Federal. Entretanto, as charges expuseram a ganância dos empresários, a arrogância dos políticos e, ainda, o sofrimento e angústia dos moradores da região. Exposto isso, nosso trabalho tem por objetivo perceber como é discursivizado o posicionamento ideológico das charges de Cazo (2019), Latuff (2019) e Duke (2019 [2015]), referentes ao desastre ambiental de Brumadinho. Basear-nos-emos na Análise do Discurso de vertente pecheutiana, uma disciplina que rompe os efeitos de evidência do texto e cria múltiplas e variadas maneiras de leitura. Para tanto, utilizaremos as charges encontradas na mídia social virtual, dados sobre o desastre ambiental, tanto quanto notícias e reportagens. Como resultados, analisamos que o discurso chargístico traz marcas discursivas cristalizadas como trabalhador-vítima, empresário-ganancioso e atravessamento de um discurso outro e de falhas na interpelação ideológica que permitem novas conexões entre história e linguagem e multiplicam as perspectivas de leitura e ressignificação.