A literatura oralizada de Odete Semedo na passada “Os dois amigos”
DOI:
https://doi.org/10.47209/2594-4916.v.11.n.2.p.126-138Resumo
O presente artigo objetiva analisar as estratégias realizadas pela escritora guineense Odete Semedo para erigir um texto em que a presença da tradição oral enquanto veículo de transmissão da memória coletiva de seu povo é elemento nuclear. Para tanto são retomados contributos teóricos acerca da força da tradição oral e da oralidade guineense, do valor conferido à palavra no tecido social daquele país e da memória coletiva articulando-os a reflexões do campo da crítica literária que se debruçaram em diversos aspectos constituidores do projeto literário esteticamente politizado de Semedo. A análise centra-se na enunciação literária da passada “Os dois amigos” que integra o volume intitulado Sonéá: histórias e passadas que ouvi contar I, dado a conhecer no ano 2000. Restou demonstrada, na análise do conto “Os dois amigos”, a escrita oralizada que assume a contemporânea discussão sobre a imbricação do universo da voz no mundo da letra ofertando outras temporalidades e, ao mesmo tempo, performando a tradição. Essas questões ratificam a noção de que o projeto literário da escritora da Guiné-Bissau acolhe, deliberadamente, esses aspectos, sabedora que é da potência da arte ficcional de contribuir para a sobrevivência, sempre plástica, da memória de seu povo.
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