Gênero, descolonização e raça em olhos d'água, de Conceição Evaristo

Autores

  • Francisco Henrique Oliveira Moura IFCE Campus Umirim
  • Karina Mandetta Medeiros UERJ
  • Fábia dos Santos Marucci Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.47209/2594-4916.v.11.n.2.p.226-245

Resumo

Este artigo estabelece relação entre os quinze contos que integram a  obra Olhos d'Água (2014), de Conceição Evaristo, em especial, explora “Olhos d’Água”, “De que cor eram os olhos de minha mãe”, “Quantos filhos Natalina teve?”, “Ana Davenga, “Duzu-Querença”, “Beijo na face”, “Luamanda”, “O cooper de Cida”, “Maria” e “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos”, em virtude de darem uma amostra do modo como a escritora desconstrói sentidos cristalizados sobre a mulher negra em nossa sociedade. Para isso, analisamos nos contos as representações das mulheres negras e sua condição de subalternidade na sociedade. Verifica-se que Evaristo se empenha na descolonização[1] da mulher negra, proporcionando um espaço discursivo de libertação do legado colonialista. Assim, tendo em vista que a autora, por meio de suas personagens, aborda a condição feminina negra na sociedade e a violência enfrentada por essa classe de mulheres e traz em suas histórias questões de gênero, descolonização e raça, tomamos as teorias que discutem conceitos como lugar de fala, subalternidade, feminismo negro, literatura feita por mulheres e interseccionalidade entre gênero, etnia e classe social como suporte para a análise. Desse arcabouço teórico, destacam-se as contribuições de Djamila Ribeiro (2017 e 2019) e Gayatri C. Spivak (2010), dentre outras que podem nortear a compreensão das questões abordadas por Evaristo.

Biografia do Autor

  • Karina Mandetta Medeiros, UERJ

    Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - PPLIN / UERJ, e especialista em Língua Portuguesa pela Faculdade de Formação de Professores da mesma instituição. Possui especialização em English Language e Business English pelo RENNERT BILINGUAL INSTITUTE (NOVA YORK, NY, EUA). Tem formação em Letras Português / Inglês pela Universidade Estácio de Sá e em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Atua como consultora linguística, revisora de texto, tradutora e professora há mais de vinte anos em escolas, cursos de idiomas e como autônoma. Possui experiência com todas as faixas etárias e ao longo de seu percurso, aplicou projetos bilíngues em escolas de educação infantil, assim como oficinas para adultos e idosos. Trabalhou como instrutora de língua portuguesa para estrangeiros e língua inglesa para brasileiros, em plataforma de perfuração e em navio de suporte às operações da PETROBRAS, através da WiseUp OffShore. É membra fundadora do Grupo de Estudos sobre literatura produzida por mulheres FILHAS DE AVALON, vinculado à Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual do Ceará. Possui cursos de extensão em diversas áreas de Linguagens, como Inglês com fins acadêmicos (UERJ), Português Instrumental (UFT) e Semiolinguística aplicada ao Ensino de Língua Materna (UFF). Possui interesses de pesquisa atualmente concentrados em Compreensão Leitora, Linguística e Ensino, Psicolinguística e Cognição, e Literatura Brasileira.

  • Fábia dos Santos Marucci, Universidade Federal Fluminense

    Doutora pela Universidade Federal Fluminense, sua tese "Brasileiro não lê: uma abordagem discursiva" faz uma análise semântica da do termo "Leitura", abrindo o arquivo da memória discursiva e a história do brasileiro como leitor. Fábia Marucci trabalha há 18 anos como professora universitária, lecionando disciplinas voltadas para o ensino de leiyura e escrita. É Mestre em Letras com dissertação dedicada à interpretação que a mídia fez da Lei da Reforma Psiquiátrica, aprovada em 06 de abril de 2001, trabalho que lhe fez conhecer a teoria da Análise de Discurso Francesa de Michel Pêcheux e um pouco dos conceitos da Psicanálise. Atua na UNISUAM desde 2005 na área de Letras da Instituição. É Editora e Revisora colaboradora da Editora Proverbo. Já lecionou na UERJ, UNIGRANRIO e UNIABEU. Foi membro de banca avaliadora do Enem 2017. É avaliador externo de Projetos de Pesquisa na área de Estudos da Linguagem da UNILAB. Atua dirigindo o Escriturando, um pólo de cultura em Icaraí, Niterói, onde oferece oficinas de produção textual para crianças, através de metodologia que prevê o trabalho com um livro infantil a cada semana e onde oferece cursos de Escrita Criativa, Acadêmica e Profissional, para processos seletivos. Em 2023, lançou o terceiro livro do projeto, Autores do Escriturando, composto por textos produzidos pelos alunos, crianças de 7 a 15 anos. O Escriturando oferece Clubes do Livro infantis e adultos e cursos voltados para aperfeiçoamento da produção escrita para todas as faixas etárias. Nessa trajetória de promoção da leitura e do livro como objeto de formação cultural, Marucci passou a se apresentar em eventos de Contação de Histórias e a indicar sempre histórias para crianças e adultos, como em 2019 e 2020, no Centro Cultural da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

29/12/2024