A Filosofia como Luta pelo Futuro: Três Perspectivas para Lidar com a Crise Climática

Abstract

A humanidade está diante de uma catástrofe global sem precedentes. É consenso entre os cientistas que o aumento da temperatura média do planeta provocado pela ação humana, comprovadamente iniciado no período da Revolução Industrial, acelerou-se e intensificou-se nos últimos anos do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI. Este aumento é decorrente, dentre outros fatores, do uso indiscriminado de combustíveis fósseis (tais como o petróleo e o carvão), de uma política alimentar desastrosa, baseada no uso extensivo e predatório das terras agriculturáveis, além do desmatamento crescente das florestas tropicais, principalmente da região amazônica. As possíveis consequências deste processo (que se aproxima já de um ponto considerado irreversível) são motivo de alarme entre a comunidade científica e o movimento ambientalista de todas as partes do mundo. Diante do atual estado de coisas, articulam-se múltiplas respostas políticas e filosóficas, provenientes de uma ampla gama do espectro ideológico. Nosso interesse no presente trabalho é delimitar três destas perspectivas, duas delas de caráter antissistêmico, além de esboçar um possível encadeamento entre elas. Estas perspectivas são a “ecologia integral” desenvolvida e apresentada pelo Papa Francisco na encíclica “Laudato Si”, a filosofia do “bem viver” e dos “direitos da natureza”, exposta pelo equatoriano Alberto Acosta e, finalmente, o ecossocialismo, cujo programa é descrito no “Manifesto Ecossocialista Internacional” e numa série de artigos compilados na obra “O que é o ecossocialismo?”, de autoria do sociólogo brasileiro Michael Löwy.