Chamada para publicação Dossiê “Literatura infantojuvenil contemporânea, Letramento literário e Amazônia – caminhos analíticos e metodológicos”

13/10/2023

Revista de Estudos, Educação e Cultura - Igarapé, ISSN 2238-7587, Qualis B1, vinculada
ao Grupo de Pesquisa LITERATURA, EDUCAÇÃO E CULTURA: CAMINHOS DA
ALTERIDADE (LECCA) e ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da
Universidade Federal de Rondônia (UNIR), de periodicidade semestral, está com chamada
aberta para o recebimento de artigos originais e inéditos para integralizarem o dossiê dedicado à
Literatura infantojuvenil contemporânea, Letramento literário e Amazônia – caminhos
analíticos e metodológicos”.
O dossiê se organizará a partir de artigos que abordem aspectos referentes ao tema proposto e
será publicado no v.16, n. 3 (2023). As normas para a apresentação dos artigos estão disponíveis
na seção Diretrizes para os autores. Excepcionalmente, esse Dossiê receberá artigos entre 12 e
20 páginas.


Período de Submissão: 15 de outubro de 2023 a 25 de outubro de 2023
Previsão de publicação: 30 de dezembro de 2023


Organizadores:
Professora Doutora Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (UNIR, Brasil)
Professora Doutora Iza Reis Gomes (UFAC/UNIR/IFRO, Brasil)
Professora Doutora Queila Barbosa Lopes (UFAC, Brasil)

Resumo da proposta:
Os tempos atuais da literatura infantojuvenil brasileira são impulsionados por uma intensa e diversificada produção de obras sintonizadas com os diferentes sistemas culturais e artísticos que se traduzem nas vias da imaginação pela palavra e pela imagem. Enriquece esse cenário, a produção de uma literatura marcada pelo traço inovador da palavra criadora de mundos, de forma que diálogos e texturas inovam a dimensão estética dos recursos composicionais de suas narrativas. Essas inovações revelam-se na espacialidade do texto, por meio dos elementos linguísticos, temáticos e plásticos que compõem a feitura das obras. Aliam-se à produção de sentidos dos textos, as imagens geradas pela fusão de linguagens verbal e visual, marcas de uma produção literária atenta aos desafios e dinâmicas temáticas que se apresentam aos olhos do leitor. Desvinculada da fase embrionária, contornada pelo viés pedagógico, a literatura infantil e juvenil contemporânea estreita seus laços com a palavra poética na criação de mundos em que a Amazônia surge de forma inventada, ilustrada e problematizada. A presença desse traço inovador da palavra poética é identificada na narrativa infantojuvenil produzida pelos autores e ilustradores que visualizam o diálogo das materialidades (linguagens verbal e visual, a ilustração, a cor, o projeto gráfico, a dobra, a textura, a diagramação, a tipografia e os elementos paratextuais) na construção da leitura do texto literário. Segundo Ramos, “o fundamental é que a ilustração cause deslocamento, provoque no leitor emoção e o faça imaginar e refletir a partir do que está narrado pelo ilustrador” (2011, p. 26). A literatura infantojuvenil contemporânea requer um leitor atento, curioso, questionador e disposto a ser um coautor da narrativa. Esse leitor presente e requisitado nas narrativas é uma característica peculiar dessas histórias que trazem várias linguagens em sua estrutura. Ciça Fittipaldi (2008) comenta sobre essa ação coautora do leitor: “toda imagem tem alguma história para contar. Essa é a natureza narrativa da imagem. Suas figurações e até mesmo formas abstratas abrem espaço para o pensamento elaborar, fabular e fantasiar.” Seja a linguagem verbal, visual, das cores, da cultura, do social, do histórico. São linguagens que, em colaboração, proporcionam uma experiência estética.

E para que essa Literatura e outras cheguem no chão da escola, o Letramento Literário é um caminho possível para a realização de um trabalho significativo com a literatura na sala de aula. A proposta subscrita por Rildo Cosson destina-se “a reformar, fortalecer e ampliar a educação literária que se oferece no ensino básico” (2018, p. 12). Enveredar por esse caminho de escolarização, que busca “garantir a função de construir e reconstruir a palavra que nos humaniza” (2018, p. 23), pressupõe que o efetivo contato entre a obra e o leitor, materializado na leitura literária, ocupe lugar de destaque nas práticas literárias em sala de aula. Da premissa de que a literatura tem um papel a cumprir na escola, advém a justificativa para reformular os rumos da sua escolarização. Na argumentação de Cosson, “É por possuir essa função maior de tornar o mundo compreensível transformando sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas que a literatura tem e precisa manter um lugar especial nas escolas” (2018, p. 17). Assim, promover o letramento literário é o caminho apontado para que o trabalho com a literatura possibilite ao aluno apropriar-se do texto literário tendo o domínio do seu discurso. Daí o conceito de letramento literário cunhado por Cosson e Graça Paulino, “como o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos” (2009, p. 67). Esse processo resulta, portanto, da interação dinâmica do leitor com a obra, uma ação contínua e sempre renovada de negociação e construção de sentidos. Alicerçado nesse princípio de interação, o conceito de letramento literário dá visibilidade a um perfil de leitor, a partir da sua atuação diante da obra. Nesse sentido, cultivar e assumir a leitura do texto
literário são ações tomadas como processo, um ato contínuo que se renova a cada experiência de leitura. Logo, a proposta de apreensão da obra pelos recursos que ela traz consigo é o fio condutor do princípio apontado por Cosson (2018), de que ler literatura não é uma habilidade nata, mas se aprende experienciando o texto, o contexto e o intertexto. Seguir por esse viés de apreensão pressupõe considerar que a obra literária permite experienciar o texto, por meio dos seus recursos de composição, o contexto, por meio do mundo ficcional que a obra traz consigo, e o intertexto resultante das relações com outras leituras (COSSON, 2020). E o nosso contexto amazônico pode ser pontuado nessas nuances da Literatura, seja no gênero infantojuvenil, romance, crônica, conto ou poema. A Amazônia é um espaço de criação, um
convívio entre a realidade e o mítico. Como disse Loureiro: “uma cultura dinâmica, original e criativa, que revela, interpreta e cria sua realidade. [...] Pelo imaginário, pela estetização, pelo povoamento mitológico, pelos universos dos signos, pela intervenção na visualidade, pela atividade artística, ele (o caboclo) definiu sua grandeza diante desse conjunto grandioso que é o ‘mundo amazônico’”. (2001). Dessa forma, o volume deste dossiê receberá artigos que abordem caminhos analíticos e metodológicos nas perspectivas da Literatura infantojuvenil contemporânea, do Letramento literário e de contextos amazônicos literários e históricos e que se relacionem com os seguintes eixos:

1. As materialidades do texto infantojuvenil contemporâneo;
2. O livro objeto;
3. Análises de obras na perspectiva do letramento literário;
4. Experiências e práticas em espaços formais e informais por meio do letramento literário;
5. Os contextos literários, sociais, históricos e culturais presentes na Literatura na/da Amazônia;
6. Práticas de literatura na Amazônia.

Referências
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2018.
COSSON, Rildo. Paradigmas do ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 2020.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 2021.
FITTIPALDI, Ciça. O que é uma imagem narrativa? In: OLIVEIRA, Ieda de. O que é
qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil: com a palavra o ilustrador. São Paulo: DCL, 2008.
RAMOS, Graça. A imagem nos livros infantis: caminhos para ler o texto visual. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.


As submissões podem ser feitas até o dia 25 de outubro e enviadas diretamente pelo sistema eletrônico de submissão de originais da Igarapé para a seção Dossiê  https://periodicos.unir.br/index.php/igarape/about/submissions  

Agradecemos a colaboração
Os editores