Chamada para publicação Dossiê “Complexidades da tradução literária no Sul Global”

08/05/2024

Revista de Estudos, Educação e Cultura - Igarapé, ISSN 2238-7587, Qualis B1, vinculada ao Grupo de Pesquisa LITERATURA, EDUCAÇÃO E CULTURA: CAMINHOS DA ALTERIDADE (LECCA) e ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), de periodicidade semestral, está com chamada aberta para o recebimento de artigos originais e inéditos para comporem o dossiê dedicado às Complexidades da tradução literária no Sul Global”.

As normas para a apresentação dos artigos estão disponíveis na seção Diretrizes para os autores. As contribuições para o dossiê devem ser enviadas ao e-mail da revista: revistaigarape@gmail.com

 

Período de Submissão: 08 de maio de 2024 a 17 de julho de 2024

Previsão de publicação: agosto de 2024

Organizadoras:

Professora Dra.Andréa Moraes da Costa (UNIR, Brasil)

Professora Dra. Gracielle Marques (UNIR, Brasil)

Resumo da proposta:

O conceito de “Sul Global” tem ocupado espaço na academia em referência a países de regiões em desenvolvimento – antes denominados como “Terceiro Mundo” –, ou que foram submetidas ao processo imperialista, tais como Índia, países situados na África, Ásia, América Latina e no Caribe, por exemplo. Mas sua abrangência semântica ultrapassa marcos geográficos. Para Russell West-Pavlov (1–2), o termo “Sul Global” possui um caráter multifacetado, “mudando seus significados como um camaleão em diversas épocas e contextos”, sendo que ele chegou “a denotar várias formas de agência política, ambiental, social e epistemológica decorrentes das nações outrora colonizadas. Sob esse aspecto, no lugar de uma “geografia euclidiana, o ‘Sul Global’ é [entendido como] uma comunidade pós-colonial imaginada e imaginativa que tem o potencial de imaginar uma poderosa solidariedade Sul-Sul entre as lutas pela decolonialidade de diversas populações em todo o mundo” (Singh, 2021, p. 209). Frente a isso, insistir na adoção da terminologia “Sul Global” associada exclusivamente à conjuntura política ou socioeconômica, para indicar o status quo dessas nações, pode resultar na simplificação de uma gama complexa de seus enfrentamentos, eclipsando impactos deixados a partir da herança colonial, tais como exotismo cultural, estereótipos, dependência econômica e política, hegemonia cultural, dentre outros. Operado de modo mais amplo, então, o termo em questão promete, diante a “muitos contextos críticos, funcionar produtivamente como um marcador dêitico, ligando discursos, lugares e falantes de modo a gerar novas posições de sujeito, campos de ação e possibilidades de ação” (West-Pavlov 1–2). No âmbito dos Estudos Literários e dos Estudos Culturais, problematizações em torno dessa questão apresentam-se, de modo significativo, ligadas à tradução, exigindo atenção a aspectos culturais envolvidos neste processo, os quais implicam um pensar situado em outras coordenadas geográficas. Essa postura, segundo Silvia Rivera Cusicanqui (2010, p.72), pode ser favorecida pela prática feminina e indígena do tecer a trama. A trama da interculturalidade, das linguagens, dos símbolos, de saberes, de diálogos e laços teóricos e epistemológicos no eixo Sul-Sul, enfim, múltiplos encontros tecidos tanto no texto de partida quanto no de chegada. Logo, nessa esfera, dentre as investigações que integram o campo de interesse dessa área epistemológica incluem-se, por exemplo, aquelas que relacionam o “Sul Global” e a literatura:

i) ao papel da tradução, principalmente, no que se refere ao acesso ao saber científico e técnico;

ii) à preservação de línguas e culturas;

iii) à circulação de obras produzidas em países ditos periféricos, viabilizada pela tarefa tradutória;

iv) aos desafios enfrentados por tradutores(as);

v) à integração transnacional de agentes que atuam no contexto tradutológico, visando à promoção de intercâmbios de obras;

vi) à marginalização e/ou à invisibilidade de tradutores e tradutoras;

vii) à tradução de literatura indígena ou de obras literárias que desafiam narrativas dominantes perpetradas pelo colonialismo;

viii) a práticas da tradução feminista transnacional;

ix) à tradução da literatura Queer;

x) à tradução em conexão com o transnacionalismo;

xi) à tradução e fluxos migratórios;

xii) aos papeis de gênero em intersecção com a tradução e/ou com a eco-tradução;

 

Diante disso, para este dossiê, interessa-nos receber contribuições inéditas, na modalidade de artigos, ensaios teóricos e revisões críticas que aludam às referidas investigações.

 

Referências:

CAMAROFF, Jean; CAMAROFF, John L. Theory from the South or, How Euro-America Is Evolving Toward Africa. Routledge, 2012.

DIRLIK, Arif. “Global South: Predicament and Promise”. The Global South, 2007, p. 12–23.

GÓMEZ, Isabel C.; ESPLIN, Hansen, MARLENE (Org.). Translating Home in the Global South Migration, Belonging, and Language Justice. Nova York: Routledge, 2024.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Ch’ixinakax Utxiwa. Una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

SINGH, Jaspal Naveel. “Language, Gender, and Sexuality in 2020: Forward Global South.” Gender & Language vol. 15 (2), no. 2, 2021, p. 207–30. Disponível em: https://oro.open.ac.uk/78432/. Acesso em: 24 ab. 2024.

WEST-PAVLOV, Russell. “Toward the Global South: Concept or Chimera, Paradigm or Panacea?” In WEST-PAVLOV, Russell (Org.). The Global South and Literature. Reino Unido: Cambridge University Press, 2018.