A poética do olhar de Carlos Nejar em os viventes e os deslimites da palavra na poesia contemporânea

Resumo

A poesia brasileira contemporânea encontra-se eivada de características muito interessantes, resultantes de processos de produção que se diversificaram bastante em todo o território nacional e ao longo das últimas décadas do século XX e da virada para o século XXI. As possibilidades de diálogos entre textos distintos sempre foram recorrentes da produtividade literária, mas, na contemporaneidade, adquirem um novo acento, podendo revelar-nos os “limites ilimitados” da textualidade. É nesse sentido que, neste artigo, pretendemos mostrar como a poesia de Carlos Nejar, imbricada da intertextualidade com o discurso religioso, é mais que contemporânea no sentido cronológico de publicação de obras: é atual por propor leituras críticas. Nela, a experiência do contemporâneo se transforma em experiência literária a partir do momento em que transforma o antigo e o popular em algo novo e inusitado. Há, nesse ínterim, a proposta de uma fórmula que se traduz em tradição + ruptura, pois, ao transpor o discurso religioso para o discurso poético, o poeta se destaca pela soma com diferença, ao lançar mão do exercício do intertexto como exercício de superação do sagrado em direção ao profano.

ABSTRACT

Contemporary Brazilian poetry is full of very interesting characteristics, resulting from production processes that have diversified widely throughout the national territory and throughout the last decades of the 20th century and the turn of the 21st century. The possibilities of dialogues between different texts have always been recurrent in literary productivity, but, in contemporary times, they acquire a new accent, which may reveal the “unlimited limits” of textuality. It is in this sense that, in this article, we intend to show how Carlos Nejar's poetry, intertwined with intertextuality with religious discourse, is more than contemporary in the chronological sense of publishing works: it is current because it proposes critical readings. In it, the experience of the contemporary becomes a literary experience from the moment it transforms the old and the popular into something new and unusual. In the meantime, there is a proposal for a formula that translates into tradition + rupture.