O olhar da palavra indígena: Lugar de fala e lugar da escuta na poesia de Márcia Kambeba

Autores

  • Ângela da Silva Gomes Poz

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.14.n.2.6444

Resumo

Este artigo propõe uma leitura analítica de poemas que compõem o livro Ay Kakyritama: eu moro na cidade (2018), de Márcia Wayna Kambeba, escritora indígena, do povo Omágua/Kambeba no Alto Solimões (AM), de modo a observar o processo de concepção dessa obra, destacando os conceitos “lugar de fala” e “lugar da escuta”, como fundamentais em sua produção, na qual a autora apresenta a cultura do seu povo, incitando reflexões sobre qual seria o lugar do indígena na sociedade brasileira atual e de que forma, com a conexão à sua etnia, possibilita aos leitores a oportunidade de vencerem preconceitos arraigados nesta sociedade excludente e ampliarem sua percepção de mundo. Para isso, tomaremos majoritariamente como arcabouço teórico, estudiosos pertencentes a povos originários, que, em seu lugar de fala, testemunham e registram o genocídio e o etnocídio perpetrados contra os povos indígenas brasileiros desde a colonização europeia. Buscamos salientar a importância da assunção da voz indígena na literatura brasileira desde a década de 1990, que vem se ampliando nesses últimos anos, adentrando ao universo acadêmico, evidenciando também a força da escrita de autoria feminina, que, numa perspectiva decolonial, oportuniza à literatura ser também o lugar do olhar e da escuta da palavra indígena.

 

ABSTRACT

 This article proposes an analysis from the book “Ay Kakyritama: eu moro na cidade (2018)”, by Márcia Kambeba (Omaguá/Kambeba people), in order to observe her creative process, highlighting the concepts “place of speech”/“standpoint speech”, and "place of listening", in which she presents the culture of her people, inciting thoughts about “where would be the latter-days native’s place”, ”how to overcome prejudices and amplify their ideals of world”. For this, we will take indigenous scholars as support, who, in their standpoint speech, witness and record the genocide and ethnocide against native peoples, contributing to the epistemicide’s end, and strengthening of the ecology of knowledge (Ecologia dos saberes), according to Boaventura de Sousa Santos (2010).  We seek to point to the importance of native voice arising in Brazilian’s literature, also showing female strength, that gives literature a chance to be the place of perspective and listening for the indigenous word.

 

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Publicado

10/06/2021

Como Citar

Poz, Ângela da S. G. (2021). O olhar da palavra indígena: Lugar de fala e lugar da escuta na poesia de Márcia Kambeba. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 14(2). https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.14.n.2.6444

Edição

Seção

DOSSIÊ REVERBERAÇÕES DE VOZES FEMININAS NAS LITERATURAS INDÍGENAS E AFRICANAS