CORPO-FALA-FALATÓRIO: A POÉTICA DE STELLA DO PATROCÍNIO

Autores

  • Ariane de Andrade da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.14.n.3.6565

Resumo

Este artigo propõe-se a refletir sobre o trabalho poético de Stella do Patrocínio no espaço literário brasileiro como representação contra-hegemônica do saber frente a necroprojetos de apagamento de sujeitos que não atendam a padrões hegemônicos de poder. Do Patrocínio, foi mulher negra, pobre e carioca, internada forçadamente aos 21 anos em instituição manicomial na cidade do Rio de Janeiro. As falas poéticas de Stella foram gravadas em fitas cassete, no final da década de 1980, no Ateliê das Artes, projeto realizado no Pavilhão das Mulheres, na então Colônia Juliano Moreira. Seu trabalho poético foi organizado por Viviane Mosé, no livro Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, publicado postumamente em 2001. Em vista disso, objetiva-se aqui discutir a inscrição de Stella do Patrocínio como poeta brasileira, pensando em como seu falatório materializa 3 décadas de vivências e percepções poéticas de um corpo-mulher-negra enclausurado. Para tanto, nos serão urgentes, fundamentalmente, a discussão sobre lugar de fala, de Ribeiro (2017); as perspectivas teóricas sobre a descolonização de conhecimentos, de Kilomba (2019); o conceito de desobediência epistêmica, de Mignolo (2008); a ecologia de saberes e sistemas de conhecimento, de Santos (2007); assim como o conceito de escrevivência, de Evaristo (2020).

ABSTRACT: This article aims to reflect on the poetic work of Stella do Patrocínio in the Brazilian literary space as a counter-hegemonic representation of knowledge in the face of necroprojects, that erase subjects that do not meet hegemonic standards of power. Do Patrocínio was a Black, poor and carioca woman, forcibly committed when she was 21 in an asylum in the city of Rio de Janeiro. Stella’s poetic utterances, recorded on cassette tapes, by the end of the 1980s, were later organized by Viviane Mosé in the book Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, published posthumously in 2001. Hence, this paper aims to discuss Stella do Patrocínio’s inscription as a Brazilian poet, considering how her utterances materialize three decades of poetic experiences and perceptions of a confined Black-woman-body. For that, the discussion about lugar de fala (standpoint), by Ribeiro (2017); the theoretical perspectives on the decolonization of knowledge, by Kilomba (2019); the concept of epistemic disobedience, by Mignolo (2008); the ecology of knowledge and knowledge systems, by Santos (2007); as well as Evaristo’s concept of escrevivência (2020) are fundamental to our understandings.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ariane de Andrade da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutoranda em Estudos de Literatura / Literatura Portuguesa (UERJ). Mestre em Literatura Portuguesa e Especialista em Literatura Brasileira.

Downloads

Publicado

13/09/2021

Como Citar

da Silva, A. de A. (2021). CORPO-FALA-FALATÓRIO: A POÉTICA DE STELLA DO PATROCÍNIO. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 14(3). https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.14.n.3.6565