O Politeísmo epistemológico como exercício de abertura à diversidade por meio da literatura infantojuvenil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7793

Palavras-chave:

Fantasia, Politeísmo, Literatura infantojuvenil, Diversidade, Filosofia

Resumo

O presente artigo tem por objetivo geral refletir sobre o modo como a fantasia instaura aberturas epistemológicas através da mobilização de pontos de vista transumanos (o politeísmo). Como objetivos específicos elencamos: enunciar alguns pontos-chave do neopaganismo desenvolvido por Vicente Ferreira da Silva (2010) e da teoria epistemológica elaborada por Vilém Flusser (s/d); analisar “A Noite, a Árvore e o Passarinho de Bibe Maravilha”, do escritor angolano Jorge Macedo (2006), a partir de seus elementos simbólico-imagéticos; e avaliar como a adoção de um ponto de vista não humano na narrativa suscita aberturas críticas propícias para se pensar a pluralidade e a diversidade. A pergunta de pesquisa é: como a fantasia, em uma narrativa infantojuvenil, possibilita uma experiência “politeísta”? Nossa hipótese é a de que no conto supracitado, essa experiência é viabilizada pela mobilização de pontos de vista transumanos (a fantasia), os quais, mais do que emprestar voz a seres antropomorfizados, desvelam uma instância não posta pelo homem (o neopaganismo). O referencial teórico utilizado é baseado nas obras acima indicadas e na perspectiva adotada por Antonio Candido (1972) acerca da função humanizadora da literatura. Lançamos mão de uma pesquisa bibliográfica, qualitativa quanto à abordagem e exploratória quanto aos objetivos. Concluímos haver uma estreita relação entre fantasia e pluralidade e ficção e epistemologia, as quais podem contribuir em muito para a formação leitora através da ampliação perceptiva dos leitores, a partir da adoção de pontos de vista não humanos, e da consequente pedagogia do diálogo, da tolerância e do respeito ao Outro.

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Publicado

27/12/2023

Como Citar

Amim, J. M. F. (2023). O Politeísmo epistemológico como exercício de abertura à diversidade por meio da literatura infantojuvenil. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 16(3), 94–110. https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7793