Oralidade, Autobiografias, Subjetividade e Revelação do Racismo por Mestrandas Quilombolas
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Resumo
O artigo traz memórias de mestrandas quilombolas que cursaram uma disciplina em que se buscou a produção de conhecimento a partir de relatos autobiográficos, construídos intersubjetivamente. Escrito na primeira pessoa, valoriza a experiência, o lugar de fala e a autoria, realizando uma proposta epistêmica decolonial. As histórias pessoais revelam o mundo, suas iniquidades, as opressões interseccionais sofridas por mulheres quilombolas que saem dos seus territórios para estudar na capital, onde sofrem racismos e abusos. Mostram a universidade como um lugar onde enfrentam hostilidades, mas também cria consciência para se insurgirem contra a condição subalterna que o racismo estrutural lhes impõe. Na condição de autoras e a partir da oralidade, em diálogos com colegas de turma, revelam memórias de dores e traumas, e fazem essa corajosa exposição de si como ação política, pois o que sofreram muitas outras mulheres na mesma condição também sofrem. Assim as falas remetem a movimentos políticos amplos que se relacionam a políticas afirmativas dentro e fora da universidade.
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