Autoficção na obra O Amante de Marguerite Duras
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.3.n.2.851Resumo
O Amante é um romance publicado já na maturidade de Marguerite Duras, em 1984, quando a autora estava com setenta anos, mas se refere às memórias da juventude da autora, mais especificamente relacionadas aos conflitos familiares e à iniciação sexual de Marguerite com um amante chinês. Nesse sentido, dadas as relações estreitas entre ficção e realidade, o texto pode ser considerado autoficção, nos termos definidos por Serge Doubrovsky e por Régine Robin. Pela ligação com o passado da autora, o tempo da narrativa é o tempo da memória, de modo que há cortes bruscos entre um momento e outro, não havendo linearidade no âmbito narrativo. Outra característica que avulta é a fragmentação, tanto na narrativa quanto na constituição da personagem principal. Doubrovsky acentua que, em senda de autoficção, não importa quanto de realidade há no que é contado, o que importa é o “como” é contado e, nesse sentido, torna-se possível afirmar que em “O Amante” Marguerite Duras ficcionalizou seu passado, suas memórias, numa escrita de si que mescla ficção e realidade.