Editorial
Resumo
Viver nas fronteiras é ter a possibilidade de vivenciar desafios e conflitos, mas também, interações positivas e acolhedoras que nos ajudam a ressignificar nossas relações fronteiriças. São muitas as questões que envolvem as regiões limítrofes entre nações, porque a fronteira possui uma grande quantidade de significados, que não são construídos apenas por quem vive nesse entre-lugar. Couto (2012) revela que, ao chegar na fronteira, nosso pensamento, nossas certezas e representações transformam-se a partir do contato, vivências e identidades. Muito além de uma área geográfica – marcada por limites, separação e fiscalização – a fronteira revela-se como um lugar para seus habitantes, um território simbólico constituído de suas vivências cotidianas para a população local, trazendo à tona as categorias de lugar (indivíduo) e território (coletivo) para sua narrativa. Os estudos fronteiriços são inerentemente multidisciplinares, necessitam ser conhecidos por diferentes áreas científicas, a exemplo da cartografia, da geopolítica, da sociologia, da economia, da linguística, da cultura, da educação entre tantas outras. E além do espaço geográfico e das relações construídas e vividas nele, há também as fronteiras pessoais, que nos envolvem e nos limitam, trazendo medo, ansiedade, pré-conceitos, desinformação e tantas outras questões que contribuem para que esses limites subjetivos não sejam ultrapassados. Há muito a ser revelado e conhecido a partir das variadas formas de organização territorial da vasta fronteira brasileira com países da américa do sul, espaços singulares envolvidos pelas práticas sociais e redes de interação que asseguram a apropriação e organização do espaço. Essa edição da revista Culturas & Fronteiras está organizada com textos de professores pesquisadores, graduandos e pós-graduandos de diferentes cursos que trazem suas experiências e reflexões de estudo sobre as fronteiras amazônicas, com destaque na fronteira de Rondônia-Brasil com a Bolívia.