A AMAZÔNIA NEGADA É NEGRA: A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO E ORGANIZAÇÃO DAS MULHERES RIBEIRINHAS NAS COMUNIDADES DO BAIXO MADEIRA
Resumo
As mulheres ribeirinhas amazônicas, apesar de serem protagonistas nos territórios em que vivem, sofrem um apagamento do trabalho pessoal e coletivo que realizam, relegando-as à invisibilidade histórica. O objetivo geral desta pesquisa foi investigar as trajetórias de mulheres lideranças ribeirinhas do Baixo Madeira, não brancas e vinculadas as ações e coletivos em defesa do território Amazônico, gênero, raça e/ou etnia. Foram realizadas 04 entrevistas individuais, lidas, sistematizadas e analisadas a partir do materialismo histórico-dialético e da Psicologia Histórico Cultural. A partir do material de campo, identificamos as necessidades, os motivos e os sentidos atrelados aos processos organizativos e ao território, formando assim as categorias explicativas. A partir das análises, evidenciamos o quanto o patriarcalismo incidiu na história das entrevistadas, invisibilizando os seus fazeres e expressando as contradições próprias do capitalismo. Contudo, apesar dessa condição objetiva, são as mulheres que criam e sustentam as atividades coletivas e respaldam as pessoas mais necessitadas que chegam no território investigado. Identificamos, ainda, que os motivos que mantêm essas atividades e formas de se organizar socialmente estão baseados em um fazer aprendido com pessoas próximas, em sua maioria familiares. Destacamos a relevância social e científica dessa temática de pesquisa e a necessidade de avançarmos na compreensão sobre a vida real e concreta desses sujeitos.