“Aquilo que embranquece a negra maneira de ser"

o reencontro no reconto de Eliana Alves Cruz

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.3.7289

Palavras-chave:

Narrativa brasileira contemporânea, Feminismo, Interseccionalidade, Silenciamento

Resumo

Em Água de barrela (2018), Eliana Alves Cruz reconstrói, por meio da memória das gerações de seus familiares, a saga de pessoas que foram perversamente desumanizadas e escolhidas como alvo e presa, sequestradas de seu continente originário e trazidas como escravizadas, para a construção da América portuguesa. Assim, compreendendo as narrativas históricas como espaços de negociação, este artigo tem por objetivo investigar as feridas coloniais representadas na produção da autora carioca, demonstrando como a diáspora territorial, o vilipêndio dos corpos e a falta de direitos básicos contribuiu para o apagamento das subjetividades dos negros, em especial, das mulheres negras, nesse país. Nesse sentido, autoras como Gloria Anzaldúa (1987), bell hooks (2019), Patricia Hill Collins e Carla Akotirene (2018) servem como referencial teórico na promoção de reflexões sobre práticas de violência, mostrando que o caminho para a superação das cicatrizes só se dará a partir de questionamentos decoloniais amplos, que englobem não apenas o silenciamento dos negros, mas, sobretudo, a verbosidade dos brancos.

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Publicado

31/03/2023

Como Citar

Torres, M., & Rodrigues, K. (2023). “Aquilo que embranquece a negra maneira de ser": o reencontro no reconto de Eliana Alves Cruz. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 15(3), 19–34. https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.3.7289

Edição

Seção

Dossiê Mutações Literárias: reconfigurações da literatura brasileira contemporânea (2010 ao presente)