O olho mais azul
a influência do racismo na construção identitária e na inferiorização de mulheres negras
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.1.7617Palavras-chave:
feminismo negro, interseccionalidade, branquitudeResumo
O trabalho objetivou analisar o romance O olho mais azul, de Toni Morrison, delimitando as análises nas representações de corpos femininos negros figurados na obra, relacionando essas representações às questões hierárquicas de gênero. A narrativa se desenvolve a partir do desejo de Pecola Breedlove em possuir olhos azuis, acreditando que assim ela consiga ser acolhida pelas pessoas e por seus pais. Para tanto, realizou-se uma abordagem teórica e crítica em relação ao contexto histórico e social do feminismo negro, utilizando autoras como Davis (2016); hooks (2014); Ribeiro (2018), entre outras. Além disso, percebeu-se a necessidade em investigar além das questões de gênero e raça, pois as discriminações sofridas por mulheres não-brancas são fundamentadas também na classe baixa em que elas recorrentemente se situam. Sendo assim, utiliza-se nesta pesquisa o letramento interseccional, de Crenshaw (1991), como forma de abranger as diversas prerrogativas que se transpassam e estabelecem um sistema de desmoralização superior sob a figura feminina não-branca. A pesquisa evidencia a importância de desenvolver estudos que promovam reflexão e mudança em uma base social estruturada pelo preconceito racial e de gênero. É importante analisar as múltiplas vivências femininas além das teorias feministas, expandindo esses estudos às teorias que foquem nas diversas violências sofridas pela mulher não-padrão, por isso a necessidade de incluir a teoria interseccional, para expor como a mulher negra sobrevive diante de uma sociedade que sempre beneficia pessoas (inclusive outras mulheres) padronizadas pelo eurocentrismo, pela classe, e pela cisheteronormatividade.
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Referências
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CRENSHAW, Kimberle. Mapping the margins: interseccionality, identity politics and violence against women of color. Stanford law review, 1991. (online). Disponível em: https://blackwomenintheblackfreedomstruggle.voices.wooster.edu/wpcontent/uploads/sites/210/2019/02/Crenshaw_mapping-the-margins1991.pdf>. Acesso em: 01/03/2023
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