VIOLAÇÕES ENCOBERTAS: AS MÚLTIPLAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES CAMPONESAS. MUNICÍPIO DE SANTA LUZIA D’OESTE-RO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36026/rpgeo.v7i2.5580

Palavras-chave:

Violência contra a mulher. Zona rural. Ji-Paraná. Santa Luzia D’Oeste.

Resumo

A violência contra as mulheres brasileiras atinge inegavelmente moradoras das zonas rural e urbana. Essa premissa, aliada à constatação da ausência de estudos sobre a violência de gênero no contexto do campo em Rondônia, mobilizou o objetivo principal deste estudo: identificar as violências que atingem mulheres que moram na zona rural do município de Santa Luzia D’Oeste, bem como as políticas públicas existentes que contribuem para o enfrentamento dessas violações. Para o desenvolvimento do artigo utilizou-se do método de estudo qualitativo, cujos dados foram obtidos por meio da pesquisa documental em Registro de Boletim de Ocorrência policial e a pesquisa narrativa relatada por duas colaboradoras que atuam diretamente no trabalho com mulheres camponesas do município de Santa Luzia D’Oeste. O estudo apurou que as mulheres camponesas do município sofrem múltiplas violências: padecem de ameaças, espancamentos, xingamentos, humilhações, desvalorização de seu trabalho na propriedade, não acesso a financiamentos públicos, abusos sexuais e a violência letal – o feminicídio. Levantamos que a principal política pública que impulsiona ações para o combate à violência de gênero é a aplicação da Lei nº 11.340/2006, no entanto, para acessar esse serviço é necessário o deslocamento até a cidade.

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Biografia do Autor

Mirian Pereira Suave, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Geografia Mulher e Relações de Gênero (GPGENERO) e Grupo de pesquisa Gestão do Território e Geografia Agrária da Amazônia (GTGA).

Josélia Gomes Neves, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

Doutora em Educação Escolar pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Líder do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia (GPEA). Coordenadora da Linha de Pesquisa Amazônia Feminista.

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Publicado

03/11/2020