Entre rios, vales e montanhas: as viagens de Ernesto em Os rios profundos, de José María Arguedas

Autores

  • Flávio Reginaldo Pimentel Instituto Federal do Pará/IFPA

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.1.6817

Palavras-chave:

Memória, Território, Viagens, Ernesto

Resumo

O artigo tem como objetivo apresentar uma leitura do romance Os rios profundos (1958), do escritor peruano José María Arguedas. Dá ênfase ao segundo capítulo da referida obra, que tem como título: As viagens. Os conceitos de território e territorialidade, definidos por Deleuze e Guattari (1997), ajudam a entender os processos memorialísticos que são marcantes na narrativa arguediana. O uso da memória utilizada por Arguedas para produzir os discursos narrativos de Ernesto, narrador-personagem, aprofunda, no texto literário, as marcas de sua identidade híbrida, mestiça, heterogênea. Ernesto vive conflitos, contradições, sonhos e anseios que a todo momento o confrontam com a dura realidade que está a sua volta, o que produz múltiplas territorialidades geradoras de memória. O espaço da Cordilheira dos Andes, do lado peruano, é um lugar onde memórias, identidades, territorialidades e cultura se interrelacionam a todo momento. Ernesto viaja em companhia de seu pai Gabriel, passam por Cusco e seguem por vales, montanhas, rios e povoados até chegarem a Abancay. Utilizando uma metodologia teórico-reflexiva, temos como aporte teórico os estudos de Ricoeur (1995, 2007), Halbwachs (2006), Rama (1982, 2008), Cornejo Polar (1973, 1994), Deleuze e Guattari (1992, 1997), entre outros.

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Publicado

13/07/2022

Como Citar

Pimentel, F. R. (2022). Entre rios, vales e montanhas: as viagens de Ernesto em Os rios profundos, de José María Arguedas. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 15(1), 23–37. https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.1.6817