A tradição oral e a memória como meios de preservação do ritual da festa da seca Rikbaktsa
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.18.n.01.8704Palabras clave:
Festa da Seca Rikbaktsa, Poéticas da Voz, MemóriaResumen
Este estudo aborda algumas manifestações poéticas da voz do povo Rikbaktsa, durante a Festa da Seca, um ritual celebrado anualmente. Durante os meses de ritual, que se inicia com a chegada do período de estiagem na região Noroeste de Mato Grosso, cantos são entoados em momentos específicos, mitos são contados por um ancião assistido por uma plateia de várias idades, projetando a tradição oral como fundante da memória na comunidade, que por sua vez, transportou o ritual até os dias atuais. O valor antropológico do ritual, já foi largamente estudado. No entanto, o valor literário, expresso nas poéticas das vozes dos Rikbaktsa praticantes do ritual, ainda não foi abordado por estudos científicos - o que torna este estudo inédito. O Canto da Seca foi coletado em vídeo pelo próprio pesquisador, na língua Rikbaktsa (tronco linguístico Macro-Jê) e foi traduzido para o português. Já o mito As Primeiras Plantações foi gravado, traduzido e publicado por Pereira (1994). Ambos serão corpus deste estudo. A partir dessas manifestações orais, buscarei aporte teórico em Moreira (2015), Sinson (2016), Reis (2018) entre outros que tratam de literatura, tradição oral e memória. A partir deste diálogo, abordaremos como a comunidade Rikbaktsa tem mantido o ritual da Festa da Seca, uma tradição milenar, que mantém contornos bem definidos, mesmo diante das mudanças abruptas e intermitentes, impostas após o período de contato com a sociedade não indígena, ocorrido a partir da década de 1950.
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