Verenilde Pereira e suas Marias versus José de Alencar e a dócil escravidão de Iracema
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7819Palavras-chave:
Indianismo, Romantismo, Literatura afro-indígena contemporâneaResumo
Este artigo contrapôs personagens indígenas femininas, Iracema, de José de Alencar, e as crianças indígenas de Um rio sem fim, de Verenilde Santos Pereira. Ao contrapor as personagens, foram consideradas as eventuais alterações na representação feminina, a romântica, criada por um autor logo após a independência do Brasil, e a figura indígena filtrada pelo olhar de uma autora afro-indígena do Amazonas. O ponto de partida foi o texto de Chimamanda Adichie, O perigo de uma história única, embasando a necessidade de revisitar a literatura canônica produzida no Romantismo, evidenciando a voz emudecida dos indígenas. O percurso de leitura iniciou apresentando Iracema, situando-a no contexto romântico, para trazer logo em seguida as meninas indígenas – todas batizadas Maria – da década de 1980, opondo as idiossincrasias de Alencar à mundividência de Verenilde. A percepção a que se chegou é que tanto o gênero do autor, quanto a sua posição no estamento social (e histórico) determinaram as diferenças entre as personagens.
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