Castanha-do-pará ou castanha-do-brasil

Uma semente amazônica, muitas histórias e muitos nomes

Autores

  • Dante Ribeiro da Fonseca Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Palavras-chave:

Castanha do Brasil, Extrativismo

Resumo

Até algumas décadas atrás, a semente da castanheira era predominantemente identificada no Brasil como castanha-do-pará ou simplesmente castanha. No entanto, desde sua descoberta pelos ibéricos, outras denominações foram atribuídas a ela, tanto no Brasil quanto no exterior, reflexo de sua longa história no extrativismo e de sua importância econômica e cultural. Na década de 1950, o governo brasileiro oficializou a designação castanha-do-brasil, baseando-se na denominação utilizada em países de língua inglesa (Brazil nut). A partir de então, estabeleceu-se um debate sobre qual seria o nome mais adequado para a semente, considerando aspectos históricos, geográficos e identitários. Este trabalho tem como objetivo investigar o que há de fundamentação sólida nessas afirmações, a fim de determinar qual nome seria mais apropriado sob os pontos de vista histórico e geográfico, contribuindo para uma melhor compreensão da trajetória dessa semente emblemática da Amazônia.

Biografia do Autor

  • Dante Ribeiro da Fonseca, Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

    Professor Titular do Departamento de História da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Ron-dônia (IHGRO) e da Academia de Letras de Rondônia (ACLER) e sócio correspondente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA).

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Publicado

20/12/2024

Como Citar

Castanha-do-pará ou castanha-do-brasil: Uma semente amazônica, muitas histórias e muitos nomes. (2024). Afros & Amazônicos, 2(8), 39-62. https://periodicos.unir.br/index.php/afroseamazonicos/article/view/7737

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