“Mulher fazendo poesia, fala de quê?”: Ana Cristina Cesar à revelia da crítica

Resumo

Nosso objetivo neste artigo é discutir como a voz poética está circunscrita na poesia de Ana Cristina Cesar, partindo da concepção do devir (DELEUZE, 1995; 1997a), bem como da subversão da dicção feminina empreendida pela poeta em seus textos. Para tanto, selecionamos três poemas, “do diário não diário inconfissões”, “poema óbvio” e “psicografia”, do livro Dispersos e inéditos (1985), cuja publicação póstuma é organizada por Armando Freitas Filho. Isto posto, interessa-nos, analisar como o projeto poético da escritora abre margem para um “novo” fazer poético, haja vista especialmente para a forma como a voz poética é construída em seus versos. Nesse sentido, identificamos em sua poesia vozes fragmentadas, em desconstrução, que rejeitam todo padrão, esperado pela crítica, de uma poesia escrita por mulheres.

ABSTRACT

Our aim in this article is to discuss how the poetic voice is circumscribed in the poetry of Ana Cristina Cesar, starting from the conception of becoming DELEUZE), as well as the subversion of the female diction undertaken by the writer in her texts. For that, we selected three poems, “do diário não diário inconfissões”, “poema óbvio” and “psicografia”, from the book Dispersos e inéditos (1985), whose posthumous publication is organized by Armando Freitas Filho. That said, we are interested in analyzing how the design of his writing leaves room for a “new” poetic act, especially considering the way in which a poetic voice is constructed in his verses. In this sense, we identified in his poetry fragmented voices, in deconstruction, that reject any pattern, expected by the critic, of a poetry written by women.