Um romance nas telas
a criação da memória em Órfãos do Eldorado
DOI:
https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7814Palavras-chave:
Literatura, Cinema, Adaptação, Milton Hatoum, Órfãos do EldoradoResumo
A interrelação entre a Literatura e o Cinema é antiga, como registra Bazin (1991), e veio se modificando no decorrer do séc. XX, à medida que as produções cinematográficas foram se sofisticando para captar o universo literário em todas as suas nuances. É, pois, nessa perspectiva que o presente artigo se insere, haja vista o seu intuito de discutir o processo de adaptação da obra literária para a fílmica, especificamente na narrativa Órfãos do Eldorado (2008), do romancista amazonense, Milton Hatoum. A partir de um estudo bibliográfico, constatou-se que as diferenças entre as obras literárias e fílmicas vão além da linguagem que cada arte utiliza – escrita e audiovisual. E ainda que literatura e cinema tenham em comum a narratividade, elas são artes de naturezas diferentes e apresentam diferentes processos de criação e dimensões. Portanto, é a escolha que o autor faz desses recursos, segundo a sua concepção de mundo, que definirá o processo de construção da obra, assim como foi na obra fílmica Órfãos do Eldorado, inspirada no romance de Hatoum.
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