Carta de Manoel Urbano sobre os Costumes e Crenças dos Índios do Purus

Autores

Palavras-chave:

Manoel Urbano da Encarnação, Apurinã, Povos Indígenas, Documento Histórico

Resumo

A fonte mais importante para conhecimento histórico dos primeiros anos de exploração do Rio Purus advém do prático – perito em navegação – Manoel Urbano da Encarnação (1808-1897) e de sua família, especialmente seu filho Manoel Braz Urbano Gil da Encarnação. Manoel Urbano, como é mormente conhecido, já explorava o Rio Purus antes de 1845 e muito do conhecimento a respeito dos povos indígenas e da geografia da região publicado por outros exploradores, etnógrafos ou colonizadores advêm de seus conhecimentos práticos, como, por exemplo, João Martins da Silva Coutinho (1830-1889), William Chandless (1829-1896), Coronel Antonio Rodrigues Pereira Labre (1827-1899), Paul Ehrenreich (1855-1914) e Joseph Beal Steere (1842-1940) que reconhecem explicitamente terem obtido informações diretamente de Manoel Urbano.
Em 1861, ele foi encarregado pelo presidente da província Manoel Clementino Carneiro da Cunha de explorar o Purus com a finalidade de encontrar uma possível passagem para o Alto Madeira. Em sua expedição até o Alto Purus, também subiu o Rio Acre durante 20 dias. Na verdade, a partir dessa década, Urbano exploraria, oficialmente ou por conta própria, toda a extensão do Rio Purus que atualmente faz parte do território brasileiro e inúmeros outros rios e igarapés.
Além das informações presentes nos relatos e escritos etnográficos desses autores, Manoel Urbano pode ser considerado autor de um relato de exploração dos rios Mucuim e  Ituxi que teria feito em 1864. O relato oficial que possuímos é de autoria de Coutinho (1866[1865]), mas tudo indica que Manoel Urbano teria narrado e passado informações de sua expedição para que este explorador pudesse fazer o relato oficial.
Dessa forma, esse caboclo afro-brasileiro é tido como o grande desbravador do Purus e das terras acreanas. Apesar de algumas fontes relatarem que ele não sabia escrever, o Boletim do Museu Paraense publicou em 1902 uma carta de sua autoria sobre os costumes e crenças dos índios do Purus datada de 1882. A carta foi endereçada a Domingos Soares Ferreira Penna, um dos fundadores da Sociedade que daria origem ao Museu Paraense (atual Museu Paraense Emílio Goeldi).
O que trazemos nesta sessão da revista é justamente esse documento histórico de valor inestimável para a historiografia regional por se tratar de um escrito de um explorador afro-brasileiro que conviveu com os povos indígenas da região e que nos deixou relatos de suas impressões e observações, indireta e diretamente.

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Biografia do Autor

Rogério Sávio Link, Universidade Federal de Rondônia - UNIR

Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor em Teologia pela Faculdades EST (2008). Doutor em História pela UFRGS (2016). Pós-doutor em História Indígena pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

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Publicado

05/10/2020

Como Citar

Link, R. S. (2020). Carta de Manoel Urbano sobre os Costumes e Crenças dos Índios do Purus. Afros & Amazônicos, 1(1), 135–142. Recuperado de https://periodicos.unir.br/index.php/afroseamazonicos/article/view/5674

Edição

Seção

Documentos Históricos

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