Representações da África na Escrita da História do Folclore Brasileiro

Imaginários Sociais em Perspectivas nos Tempos Autoritários (1964-1985)

Resumo

Este artigo reflete sobre o papel dos folcloristas brasileiros na construção de um imaginário social acerca da África, por meio dos estudos de folclore, ao buscarem elaborar uma narrativa histórica sobre essas tradições na formação da cultura nacional. Utilizamos como fonte as publicações dedicadas ao continente africano na Revista Brasileira de Folclore, com destaque para o texto “Dois Grupos de Moçambique de Lorena (SP)”, um trabalho de campo escolar. Discutimos como essas representações foram narradas e incorporadas ao imaginário social em um contexto em que o ensino do folclore era obrigatório nas escolas. Analisamos os motivos pelos quais a temática da África tornou-se uma fonte de investimento do governo militar. Nossas análises identificaram que, no período, o continente africano foi representado como um território mítico e prisioneiro do passado, enquanto o Brasil legitimou um imaginário de si como uma nação mestiça e harmônica, esvaziando as culturas negras e indígenas de seu teor político.