A Arqueologia da Paisagem como Instrumento de Identificação da Área de Abrangência Cotidiana e Sazonal de uma Antiga Aldeia Situada na Porção Sul da Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, em Rondônia

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Fernando Ernesto Baggio Di Sopra

Resumo

O presente artigo utiliza-se da arqueologia da paisagem para conjecturar a área de abrangência de uma antiga aldeia localizada na porção sul da Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, em Rondônia. A partir do relato de um Agente da Fundação Nacional do Índio, referente a uma grande quantidade de fragmentos de cerâmica encontrados nas proximidades do Igarapé Bananeiras, buscou-se identificar elementos na paisagem local que possibilitem a caracterização da área de uso cotidiano e sazonal, em tempos remotos, de um coletivo de indígenas de identidade desconhecida. Após a pesquisa em campo, constatou-se que diversos aspectos da paisagem convergem para a confirmação da possibilidade de que no passado um coletivo indígena de médio porte fixou-se no local, de maneira semipermanente: abundância de castanheiras seculares, a existência de barreiros de caça nas cercanias, a fartura de caça silvestre, a proximidade ao Igarapé Bananeiras e ao Rio São Miguel do Guaporé, que são perenes até mesmo no verão amazônico, a localização estratégica ao pé da Serra Fernão Dias, que propiciava proteção territorial à comunidade indígena, dentre outros elementos que corroboram com a referida hipótese.

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Como Citar
Baggio Di Sopra, F. E. (2023). A Arqueologia da Paisagem como Instrumento de Identificação da Área de Abrangência Cotidiana e Sazonal de uma Antiga Aldeia Situada na Porção Sul da Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, em Rondônia. Afros & Amazônicos, 2(6), 26–43. Recuperado de https://periodicos.unir.br/index.php/afroseamazonicos/article/view/7118
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Fernando Ernesto Baggio Di Sopra, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI)

Mestre em Dinâmicas Regionais e Desenvolvimento, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental, pelo Centro de Ensino Superior de Maringá. Pós-graduado em Antropologia e Etnologia Indígena, pela Facuminas, e em Ecologia e Biodiversidade, pela Faculdade Iguaçu. Desde 2010, trabalha como Agente em Indigenismo na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), adquirindo experiência nas áreas de Etnodesenvolvimento, Monitoramento Territorial, Gestão Ambiental em Terras Indígenas e Proteção Etnoambiental a Indígenas em Isolamento Voluntário. Encontra-se em exercício na Frente de Proteção Etnoambiental Uru Eu Wau Wau, unidade descentralizada da FUNAI no Estado do Rondônia.

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