Notas sobre o esquecimento e a ferida exposta no poema “Recostura”, de Marcelo Mário de Melo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.3.7299

Palavras-chave:

Autoritarismo, Poemas do cárcere, Memória, Esquecimento, Ditadura militar brasileira

Resumo

Neste artigo, pretende-se esboçar uma reflexão acerca do poema “Recostura”, de Marcelo Mário de Melo, em diálogo com eventos recentes do Brasil, no intuito de evidenciar os abusos do esquecimento coletivo e suas implicações sociais e políticas, com efeitos na produção literária contemporânea. Nesse sentido, opera-se um importante movimento da literatura em direção à retomada da memória do passado recente brasileiro, em especial o contexto da ditadura militar (1964-1985). A interpretação do poema se dará na direção da política da desmemória no Brasil e na sustentação ideológica por via amnésica. Nesta reflexão, busca-se também fazer uma análise da ferida subjetiva e coletiva a partir da “dor latente” e da “dor exposta” escrita nos versos do poeta, além de entender a relação de identificação de uma parte do povo brasileiro com figuras públicas notadamente autoritárias. Para essa reflexão, será acionada a teoria da literatura de testemunho, bem como o pensamento de Paul Ricoeur e sua fenomenologia, em A memória, a história, o esquecimento.

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Publicado

31/03/2023

Como Citar

Junior, E. de O. L., & Martinelli Filho , N. (2023). Notas sobre o esquecimento e a ferida exposta no poema “Recostura”, de Marcelo Mário de Melo. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 15(3), 147–161. https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.15.n.3.7299

Edição

Seção

Dossiê Mutações Literárias: reconfigurações da literatura brasileira contemporânea (2010 ao presente)