Violências vividas pela personagem feminina na novela “A toga manchada”, de Arthur Engrácio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7823

Palavras-chave:

Arthur Engrácio, Dominação masculina, Violência, Feminicídio

Resumo

Objetiva-se analisar, a partir da teoria feminista, o modo como a violência contra a mulher é trabalhada esteticamente na novela “A toga manchada” (1988) de Arthur Engrácio, e também a construção do espaço de sua narrativa, cujo referente externo é a região amazônica. Primeiro texto da coletânea Outras Estórias de Submundo (1988), “A toga manchada” aborda as consequências oriundas da relação entre uma pobre pedinte, Rosa Maria, e um magistrado, escancarando as estruturas sólidas do patriarcado e colonialismo frente a invisibilidade e a subjugação feminina. Seja por questões econômicas e/ou de gênero, o poder e a violência são basilares na novela engraciana, o que testemunha o obscurecimento da mente de Rosa Maria. Esta parece mimetizar esteticamente as mulheres que historicamente habitam a região amazônica, vítimas de condições de vida aviltantes. Para o desenvolvimento da análise proposta, dialogaremos com estudos referentes à teoria feminista produzidos pela autora bell hooks (2021), que denuncia as estratégias de opressão, inibidoras da liberdade e discriminadoras da mulher; com o trabalho da autora Gerda Lerner (2019), que discute a subalternidade e a violência contra a mulher; com o trabalho do crítico da literatura amazônica, Marcio Souza (2019); com Regina Dalcastagnè (1996, 2005, 2012), que reflete sobre a raridade da presença de narradoras nos textos de literatura; e, por fim, lançaremos mão do trabalho produzido pelo sociólogo Pierre Bourdieu (2021), que se dedica à problematização dos aspectos da dominação masculina, da condição feminina e da violência simbólica.

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Referências

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Publicado

27/12/2023

Como Citar

Constâncio, M. R. R. (2023). Violências vividas pela personagem feminina na novela “A toga manchada”, de Arthur Engrácio. Revista De Estudos De Literatura, Cultura E Alteridade - Igarapé, 16(3), 421–433. https://doi.org/10.47209/2238-7587.v.16.n.3.7823