Pensamento Sociológico Lusóno-Africano e Relações Étnico-Raciais no Brasil
Um Estudo a Partir das Universidades Brasileiras
Palavras-chave:
Ciências Sociais, Relações étnico-raciais, Países africanos lusófonos, Lusotropicalismo, Produção do conhecimentoResumo
A colonização portuguesa influenciou as relações sociais e econômicas entre Brasil e países africanos lusófonos, estabelecendo hierarquias baseadas na cor da pele, cujos reflexos persistem no racismo e na predominância de referenciais teóricos europeus na academia. Este estudo investigou a contribuição do pensamento sociológico africano lusófono na construção do conhecimento sobre relações étnico-raciais brasileiras no ensino superior. Por meio de pesquisa documental, analisaram-se os planos de ensino das disciplinas de Ciências Sociais da UNESP e da USP. Os resultados revelaram apenas seis referências a autores africanos lusófonos na USP e nenhuma na UNESP, além de uma presença limitada de autores africanos não lusófonos (5,4% e 0,74%, respectivamente). A análise destacou a centralidade de temas como colonialismo, identidade e violência nas obras dos autores encontrados, como Carlos Serrano e José Cabaço. Conclui-se que há uma lacuna significativa no diálogo com produções científicas africanas, sugerindo a necessidade de ampliar esse repertório para enriquecer as discussões sobre relações étnico-raciais no Brasil e superar a hegemonia de perspectivas eurocêntricas.
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