O Curador do Jarê Saberes e Práticas Tradicionais na Chapada Diamantina

Conteúdo do artigo principal

Cristiane Andrade Santos

Resumo

O presente artigo deriva de pesquisa inicial para o programa de doutorado multidisciplinar e multiinstitucional em difusão do conhecimento sobre o Jarê, religião que tem sua ocorrência exclusivamente em alguns municípios da Chapada Diamantina, região central do Estado da Bahia/Brasil. Observam-se poucos estudos sobre o tema, sendo estes marcados por uma compreensão do Jarê vinculado a conceitos que pouco dizem sobre a prática, quais sejam, “matriz africana” ou “afro-indígena”. Este estudo objetiva apresentar alguns aspectos dessa manifestação religiosa, mais detidamente a figura do curador, líder espiritual da religião, a quem seus adeptos recorrem para tratar dos males do corpo e do espírito, através dos seus saberes e práticas. Neste trabalho, são apresentadas reflexões iniciais, observações parciais de algumas cerimônias religiosas, revisão bibliográfica e análises documentais, através das quais se apresenta o Jarê como religião genuinamente brasileira, ainda que apresente aspectos presentes em culturas de outros povos e religiões. O Jarê, assim como todas as práticas e costumes, foi construída e ressignificada pelos sujeitos, a partir das suas interações, laços afetivos e simbólicos, dos seus fazeres e saberes cotidianos, entrelaçados com a história e memória do lugar. O propósito deste trabalho é contribuir para tornar o Jarê uma prática passível de compreensão e traduzida para a sociedade como um todo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Santos, C. A. (2021). O Curador do Jarê: Saberes e Práticas Tradicionais na Chapada Diamantina. Afros & Amazônicos, 2(4), 17–26. Recuperado de https://periodicos.unir.br/index.php/afroseamazonicos/article/view/6992
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Cristiane Andrade Santos, UNEB DCHT XXIII

Doutoranda do DMMDC. Professora Assistente UNEB DCHT XXIII.

Referências

ABREU, Regina; CHAGAS, Mário de Souza. Memória e Patrimônio. Ensaios Contemporâneos. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. v. 1

BANAGGIA, Gabriel. As forças do jarê: movimento e criatividade na religião de matriz africana da Chapada Diamantina. Tese de Doutorado em Antropologia Social – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Rio de Janeiro, 2013.

BANAGGIA, Gabriel. Cura e força no jarê: religião de matriz africana da Chapada Diamantina (BA). In 27ª Reunião Brasileira de Antropologia, 2010, Belém, PA. p.1-18. Disponível em: http://www.portal.abant.org.br/2013/07/06/anais-27-rba/

BARROS, José D´Assunção. Os Conceitos: seus usos nas ciências humanas. Petrópolis, R.J.: Vozes, 2016.

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Ed. 34, 1992

do jarê – variante regional do sincretismo candomblé de caboclo-umbanda. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1973.

FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1978.

GONÇALVES, Maria Salete Petroni de Castro. Garimpo, devoção e festa em Lençóis, BA. São Paulo: Escola de Folclore, 1984.

LAKATOS, Eva Mª. Fundamentos da Metodologia Científica. 3 ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

LIMA, Ivaldo Marciano de França. Ensino de História, África e Brasil: entre conceitos e estereotipias. Revista TEL, Irati, v. 10, n 1, p. 41-69, jan/jun. 2019.

LIMA, Ivaldo Marciano de França. Representações da África no Brasil: novas interpretações. Recife: Ed. Bagaço, 2018.

MINTZ, Sidney W. E PRICE, Richard. O Nascimento da Cultura Afro-americana: uma perspectiva antropológica. Rio de Janeiro: Pallas/Universidade Cândido Mendes, 2006.

NEVES, Erivaldo Fagundes. Formação territorial: ocupação econômica e divisão dos poderes nas serranias centrais da Bahia. In: Relatório INRC (Inventário Nacional de Referências Culturais) – Chapada Diamantina, 2015.

ORTIZ, Fernando. Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar. Havana: ed. Ciencias Sociales, 1991.

PEDREIRA, Carolina Souza. Irmãs das Almas: Rituais de Lamentação na Chapada Diamantina. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

PEDREIRA, Carolina Souza. Tecidos do mundo: almas, espíritos e caboclos em Andaraí, Bahia. Tese Doutorado em Antropologia Social, Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

PEREIRA, Josenildo de Jesus. Africano, escravo e negro: armas e armadilhas da identidade racial. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011.

RABELO, Miriam Cristina; ALVES, Paulo César. O Jarê – Religião e Terapia no Candomblé de Caboclo. In: V ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 2009. Faculdade de Comunicação/UFBA, Salvador-BA, p. 1-16. Disponível em: http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19441.pdf.

ROCHA, Ana Luiza Carvalho; ECKERT, Cornelia. Etnografia: saberes e práticas. Ciências Humanas: pesquisa e método. Porto Alegre. Editora da Universidade, 2008.

SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001.

SENNA, Ronaldo de Salles. Garimpo e religião na Chapada Diamantina: um estudo

SENNA, Ronaldo de Salles. Jarê – uma face do candomblé. Manifestação Religiosa na Chapada Diamantina. Feira de Santana: UEFS, 1998.

SENNA, Ronaldo de Salles. Jarê: manifestação religiosa na Chapada Diamantina. Tese de Doutorado em Antropologia Social. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1984.

VIEIRA JÚNIOR, Itamar. Torto Arado. 1ª ed. São Paulo: Ed. Todavia, 2019.